A temporada Minas S/A Gestão & Marca tem hoje o quarto episódio, com Pedro Torres, diretor de comunicação e relações institucionais da Gerdau, nas plataformas de O TEMPO.
Há 123 anos no mercado e 30 mil colaboradores, a maior empresa brasileira produtora de aço, a Gerdau tem revolucionado a forma de comunicação da indústria.
Com a participação em festivais como o Rock in Rio, ou na Fórmula 1 ou num projeto social da favela, Pedro Torres fala sobre a missão da Gerdau que tem sido a de humanizar o aço para o público mostrando, por exemplo, que aço e rock combinam.
“Traduzir de forma simples para a população como esse aço é produzido, como a gente consegue produzir com menor pegada de carbono, como 1 milhão de catadores no Brasil vivem da sucata metálica e transformam esse esforço num palco como o Palco Mundo do Rock in Rio”, conta Torres, diante dos desafios de transformar o aço em protagonista de um festival de música.
Há 5 anos na Gerdau, Pedro conta ainda o desafio diário em mostrar como uma companhia produtora de aço impacta a vida das pessoas.
No esporte, a parceria da Gerdau tem ido além das quadras de vôlei, passando pelo patrocínio de times de futebol até o surf.
A seguir, a entrevista na íntegra com Pedro Torres:
HL: A Gerdau tem 123 anos, tem vários negócios, e Minas é uma operação muito importante, não é, Pedro? Queria que você falasse um pouco como está essa posição.
PT: A gente é uma empresa de 123 anos, uma das poucas empresas brasileiras centenárias. A gente nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, mas à medida que o tempo foi passando a gente foi se nacionalizando e internacionalizando a companhia, e um dos lugares em que a gente mais cresceu nos últimos anos foi aqui em Minas Gerais. Minas se tornou, de fato, a casa da Gerdau no Brasil. O nosso berço é o Rio Grande do Sul e a nossa casa é Minas Gerais. Hoje, mais de 60% dos negócios da Gerdau no Brasil já estão aqui em Minas, não à toa faltava inclusive que a gente tivesse uma sede oficial aqui em Minas Gerais, que nós inauguramos esse mês, e estamos tendo o prazer de te receber aqui, para que a gente possa cada vez mais estar conectado com os mineiros e com as mineiras. Nesse momento, a gente vive um momento muito especial aqui em Minas de grande crescimento dos negócios, a gente está passando o que a gente tem chamado de reorganização dos nossos ativos, otimizando ativos que são menos competitivos, mas priorizando aqueles ativos que são mais competitivos. Então, a gente fez agora uma reorganização de portfólio onde a nossa Usina de Divinópolis está recebendo um investimento de 200 milhões de reais para que seja modernizada, para que seja cada vez mais capacitada a produzir produtos com menor emissão de gás de efeito estufa, produtos com mais qualidade, que ela realmente se torne uma Indústria cada vez mais relevante no portfólio da Gerdau, e também um investimento muito grande na nossa usina de Ouro Branco, que está recebendo investimentos na ordem de 1.5 bilhão de reais, com novo laminador de bobinas a quente, uma usina que está virando cada vez mais uma plataforma de produtos finais da Gerdau, e a nossa estratégia de mineração para que a gente possa ter uma mineração sustentável, uma mineração 4.0, que possa de fato conversar com as demandas da sociedade, e aí que a gente possa ter muita competitividade com esse minério próprio. A gente tem grandes projetos em custo e, hoje, uma carteira só em Minas Gerais de mais de 5.5 bilhões de reais, uma geração de mais 5 mil empregos, nesse momento, em Minas, então a nossa perspectiva para Minas é continuar crescendo. E o que a gente vai conversar um pouco aqui hoje sobre comunicação, sobre relacionamento, tem muito a ver com isso, porque você não cresce sozinho, você não cresce sem se comunicar, sem se relacionar com seus vizinhos, e como diria uma frase de um autor desconhecido “não existe empresa próspera numa sociedade que não caminha na mesma direção”, então a estratégia da Gerdau de melhorar sua comunicação vai muito em linha para que a gente possa todos juntos construirmos uma sociedade melhor.
HL: Pedro, a Gerdau tem feito reorganizações aqui dentro do mercado mineiro com as suas usinas e gerado mais empregos também, não é?
PT: Exato. Às vezes a gente teve que fazer um reajuste, por exemplo, em Barão de Cocais/MG, uma usina de mais de 40 anos, a gente tomou uma medida de uma adequação muito responsável com a população de Barão de Cocais, era uma usina antiga, que não tinha mais a competitividade necessária para o momento de negócio em que a gente vive no mundo, então os colaboradores, a gente realocou quase 60% deles, um programa, também, de transição para aqueles que não foram realocados, um programa de muita responsabilidade com os colaboradores e com o município, mas em contrapartida, nesse momento, grande parte, inclusive desses colaboradores, foram para esses projetos que eu citei, e nesse momento a gente tem um saldo aqui positivo de geração de novas oportunidades, de mais 5 mil vagas. Então, a gente acredita muito que para gerar vagas, a gente precisa ser competitivo e precisa fazer escolhas. A gente tem feito essas escolhas e o ambiente que a gente tem encontrado em Minas tem sido muito favorável para que a gente continue crescendo, se desenvolvendo, e eu não tenho dúvidas que a Gerdau vai ficar aqui em Minas, realmente, por muitos anos, por mais 123 anos, pelo menos.
HL: Pedro, a gente sabe que uma comunicação também depende muito do seu CEO, e o Gustavo Werneck, todas as vezes que eu converso com ele tem uma transparência, um engajamento, acredita no time, descentraliza, isso é muito importante também para a comunicação ser alavancada dentro do grupo não é?
PT: Isso faz toda a diferença, Helenice, porque a Gerdau passou por uma enorme transformação de negócios, mas também cultural nos últimos 5, 6 anos. É uma empresa de 123 anos de muito sucesso. O Gustavo foi o primeiro CEO fora da família Gerdau, e ele foi realmente o grande maestro dessa mudança, desse DNA de uma empresa mais aberta, de uma empresa que ouve melhor a comunidade, e ele é um grande exemplo de liderança interna e externa, que não só acredita, como exercita isso. Então a missão que ele nos dá é sempre essa, de a gente ser uma empresa que seja aberta, transparente, que use o relacionamento e a comunicação como um elo de criação de confiança com a sociedade. E o Gustavo é uma pessoa muito humilde, uma pessoa que é muito comunicativa, um CEO que entende o seu papel para além do portão para dentro da empresa. E as áreas que hoje atuam, como a nossa de comunicação, tem tido esse respaldo que a liderança do Gustavo permite, para que a gente continue avançando, porque como eu disse, a gente não consegue mais, nos dias de hoje, criar uma empresa, numa sociedade, sem ter o que a gente chama de licença social para operar. Então isso precisa, numa empresa, começar no topo da empresa, do CEO da empresa, no caso do Gustavo, até os nossos estagiários, nossos operadores, para que todo mundo tenha essa mesma visão de negócio.
HL: Eu vi que você foi eleito o profissional de comunicação mais admirado do Brasil, e isso nos permite ver que dá para ter criatividade, comunicação, numa Indústria de Aço. Como é que faz essa equação, Pedro? Parabéns pelo prêmio, porque a gente sabe, nós jornalistas, você também é jornalista, mineiro, e sabe o quanto que a profissão tem que ser uma batalha todos os dias, né.
PT: Exatamente. Como diria, também, uma outra frase, eu não me lembro quem disse, que “comunicação não é o que a gente fala, é o que os outros entendem”, então é o grande desafio, né. E, primeiro, eu fico sempre muito feliz e honrado com esses reconhecimentos, mas eu tenho absoluta certeza que são reconhecimentos a todo time da Gerdau, não só o time de comunicação, mas aos 30 mil colaboradores. Comunicação é feita por todo mundo que trabalha na empresa, e eu sempre falo, prêmios ou reconhecimento são pontos de partida para a gente melhorar ainda mais, e não de chegada. Então, eu tenho absoluta certeza que esse momento em que a gente consegue transformar a imagem da Indústria do Aço, uma indústria que, no passado, foi muito mal vista no Brasil, apesar de ser essencial, de estar em praticamente tudo que nos cerca.
HL: Tudo, né? Não dá para viver sem aço, não é, Pedro?
PT: O aço está em tudo que a gente vive, está nas grandes soluções de transição energética que o mundo passa, na mobilidade, nas casas, em tudo. É um setor que ainda é muito incompreendido e que naturalmente, por todos os dilemas que a mineração passou no Brasil, que se confunde também, a gente entendia que precisava mudar a forma de se apresentar para a sociedade. A gente chegava a um dilema daqui a pouco de não ter jovens querendo trabalhar na nossa Indústria, de não querer que talentos venham trabalhar aqui. Como é que a gente se tornava uma Indústria atrativa, moderna que as pessoas queiram, que as cidades queiram que esse tipo de indústria vá para lá? Então era muito importante que a vida… também é tão importante ser, mas também você precisa parecer o que você é, e a gente já vinha mudando a Gerdau, como eu falei, numa grande transformação. A Gerdau já é a maior recicladora de sucata da América Latina, uma das empresas que menos emite gás de efeito estufa no mundo no seu setor, menos do que a metade da média global do setor, e a gente sentia que isso não era percebido pela sociedade, a gente enfrentava as mesmas resistências, os mesmos desafios que o setor como um todo estava enfrentando, apesar de ser um setor que também tem evoluído bastante na sua totalidade, e a gente acreditou muito que a comunicação era uma grande ferramenta para essa transformação. Começamos, então, uma jornada muito interessante, corajosa dos acionistas da Gerdau, do Gustavo, como o CEO, de mostrar que sim, que o aço pode ser pop, que o aço pode ser mais sexy, que ele pode estar mais próximo das pessoas, que a gente pode conversar numa linguagem mais popular, que a gente pode se aproximar da sociedade sem ficar com aquela imagem sisuda, mais quadrada, mais tradicional, que essa indústria andou por tanto tempo, era hora de tirar um pouco o paletó, colocar a camiseta e realmente conversar com a sociedade. Se você não fala a mesma língua, dificilmente você vai ser entendido.
HL: Pedro, tem 5 anos que você está na Gerdau, não é? Quando você chegou, como era a comunicação e o que você foi mudando ao longo desses 5 anos, que você chega hoje e pode olhar para trás e ver o que fazer daqui para frente?
PT: Exato. Passa rápido, né, 5 anos parece que foi ontem. Já são 5 anos e eu tive muita sorte, também, Helenice, porque eu já encontrei uma empresa de mais de 100 anos, com fundamentos, com estrutura, que também… brilhantes profissionais de comunicação já tinham passado pela Gerdau, então você não parte do zero, isso ajuda muito, mas eu acho que o grande desafio foi exatamente essa mudança de postura e mindset para ser uma empresa mais conectada com a sociedade. As indústrias, de forma geral, aprenderem que não existe mais negócios só para negócios, hoje todo mundo é seu cliente, e que você, hoje, não consegue mais operar sem que você seja uma indústria que converse com a sociedade.
HL: Não dá mais pra ficar lá no pedestal e as pessoas lá embaixo.
PT: Não existe mais isso, e a população com as redes sociais, com o aumento cada vez mais de que as pessoas tenham voz na sociedade, o que é muito bom, as empresas precisam estar mais abertas. Então essa linguagem, essa popularização da nossa linguagem, essa aproximação da marca, essa nossa estratégia de buscar, muitas vezes, estratégias que eram de empresas de varejo, de produto, né, que se conectam emocionalmente com as pessoas, eu acho que foi, talvez, a grande virada que a gente buscou fazer, que a gente tem muito orgulho de saber que ainda tem muito por ser feito, que a gente pode melhorar, mas eu acho que, assim, já deu muito sucesso e mostrou que sim, que a sociedade reconhece e acredita em empresas que se dispõem a dialogar com elas.
HL: E aí vocês começaram com o patrocínio, engajamento em grandes eventos de repercussão nacional e mundial, como o Rock in Rio, que está completando agora 40 anos nessa edição, e já é a segunda vez que vocês participam com a construção do Palco Mundo, não somente do Palco Mundo, mas várias outras ações sociais envolvendo… Dá para combinar aço com rock? Como foi pensada essa ideia? De quem foi, Pedro?
PT: Olha, essa foi uma ideia meio maluca que nós tivemos dentro de casa, levamos para os amigos do Rock in Rio esse desafio de pensar juntos, e tem dado muito certo. A gente está indo aí para a segunda edição do Rock in Rio, já a terceira edição de festivais, porque no ano passado a gente também participou do The Town, que é o filhote do Rock in Rio em São Paulo, e foi muito interessante, Helenice, porque a gente entendia, o aço já está em tudo, como a gente já comentou, inclusive estava nos festivais, mas não era visto e nem lembrado e nem percebido, e o desafio era, poxa, como é que a gente faz o aço ser protagonista de um festival de música, de entretenimento? A gente entendeu que as grandes plataformas de entretenimento, como Rock in Rio, no final do dia são grandes plataformas de conexão com a sociedade, além delas reunirem lá, 700, 1 milhão de pessoas fisicamente, são eventos transmitidos para milhares de pessoas no Brasil e fora do Brasil, para milhares de pessoas na internet, não à toa, as maiores marcas do varejo de consumo estão lá se conectando com a sociedade para vender os seus produtos, seus serviços. No nosso caso, a gente queria muito mais vender uma ideia, um conceito, um modelo de empresarial, são festivais que também nos conectariam novamente com o público mais jovem, com gerações que hoje são muito afastadas de indústrias tradicionais como as nossas, e que a gente pudesse de fato humanizar o aço. Por isso que todos os nossos patrocínios, mesmo um Rock in Rio ou outros que a gente pode virar a comentar, tem um elemento chave por trás que é essa sempre intencionalidade de levar o aço paro o palco, de levar o aço como protagonista, e que a gente consiga, por meio desses eventos, traduzir de uma forma mais simples para a população como esse aço é produzido, como a gente consegue produzir com menor pegada de carbono, como 1 milhão de catadores no Brasil vivem da sucata metálica e transformam esse esforço num palco como Palco Mundo do Rock in Rio
HL: É, que ali tem um trabalho social também, está gerando emprego para uma parte da população que é essencial, gerando emprego e renda, né? Quer dizer, mais de 1 milhão de catadores de sucata participam da vida da Gerdau, não é? É um aço sustentável, um aço verde.
PT: Eles estão todos os dias nas ruas, muitas vezes também o pessoal reclama do trânsito quando vê um carrinho de sucata, a gente dá aquela buzinada e tal, esse pessoal faz um trabalho fundamental para que a gente tenha cidades limpas. A Gerdau trabalha de uma forma muito colaborativa com eles nas cooperativas, com os catadores, comprando essa sucata e transformando em diversos produtos, e quando a gente leva isso para um Rock in Rio, que é muito visto, as pessoas prestam atenção e você coloca isso no palco onde as maiores artistas do mundo vão se apresentar, a gente tem certeza que consegue ter a atenção das pessoas de uma forma diferente. Hoje, a gente é muito bombardeado, Helenice, por informação o tempo todo, a gente vive um momento muito difícil das pessoas terem atenção em determinada coisa, então a estratégia de comunicação das empresas têm que ser muito inteligente, criativa e assertiva, porque a chance de você às vezes gastar energia e não ser percebido é muito grande, porque as pessoas estão sendo bombardeadas nas redes sociais, nas ruas, nas rádios e tudo mais, e como você faz? As empresas não têm a capacidade que vocês, ótimos comunicadores, têm de se comunicar com a sociedade, então a gente precisa muitas vezes, realmente, buscar esses caminhos. E a gente encontrou no Rock in Rio e em outras plataformas um canal muito interessante e inteligente para poder levar o aço como protagonista, contar as histórias do aço e ajudar a transformar a imagem da Gerdau, e hoje a gente até pode dizer, com bastante humildade, a imagem da Indústria do Aço no Brasil como um todo. Então, a gente acaba vendo um movimento, a partir disso, de outras indústrias, de outros players também entendendo a importância da comunicação, e aí a gente fica muito feliz com isso, porque a gente não muda a imagem de uma indústria sozinha, também.
HL: Não, tem que ter uma ação conjunta, integrada, um efeito manada, digamos assim.
PT: Exatamente. Então a gente, toda vez que eu vejo uma Indústria do Aço se comunicando, fazendo uma ação bacana, eu fico muito feliz, porque eu tenho certeza que, por mais que sejam empresas concorrentes, que lá na ponta estão buscando cada um o seu espaço, nesse quesito de ter uma indústria que seja aceitada pela população, compreendida, que possa ser cada vez mais forte, importante como ela é para o Brasil, a gente tem que ter esse trabalho conjunto.
HL: E nessa transformação da sociedade por meio do aço, eu vi também que no Rock in Rio vocês estão com uma pegada social também, participando com a Chilli Beans do aço que tem nos óculos, que a gente sabe que tem, e essa renda sendo revertida para programas sociais, né. Como é que funcionou? São duas indústrias bem distintas, mas teve uma pegada, aí, teve uma liga, digamos assim.
PT: É, são mundos, se a gente fosse olhar, muito distantes. A Chilli Beans é uma empresa super moderna, super conectada com os jovens, fashion, que está no mundo da moda, a Gerdau na Indústria do Aço tradicional, e exatamente essa é a sacada. A gente já estava nos óculos, nas armações, quantas armações metálicas existem, mas ninguém percebe, novamente, poxa, a Gerdau se une a Chilli Beans, e a gente faz uma homenagem ao Palco Mundo, então a gente está lançando uma linha de óculos exclusiva com a própria cenografia do Palco Mundo sendo representado para que a gente possa levar esse conceito para o rosto das pessoas que são fãs do Rock in Rio, que são fãs do Palco Mundo, desses artistas, e a gente possa contar essa história de uma forma cada vez mais próxima da sociedade. Então, foi uma colaboração muito interessante e a gente entendeu que tinha um poder de trabalhar juntos para ir além de só contar essa história, de realmente impactar socialmente a vida das pessoas, então por que não transformar esse óculos num produto social? Então, mais do que um produto que conta essa história do aço, da reciclagem, do palco, que é muito importante para nós, é um produto que ajuda a transformar a vida das pessoas. Então a gente fez uma combinação e 20% de toda a venda desses óculos vai ser revertida para reforma da favela da Providência, no Rio de Janeiro. Pouca gente sabe, a favela da Providência foi a primeira favela do Brasil, foi o berço do samba, é uma favela que está muito conectada com a cultura brasileira.
HL: Tem toda uma história, né?
PT: Toda uma história. Como a brasilidade está conectada a esse local, um local que precisa de muita ajuda, então a gente vai contribuir com a nossa parcela, a Gerdau também está fazendo outros aportes fora da venda dos óculos junto com a Gerando Falcões e com o Rock in Rio.
HL: O Favela 3D.
PT: O Favela 3D. Mas a gente colocou o óculos também para dar ainda mais visibilidade, né. A gente brinca, muitas vezes a gente coloca um óculos para poder ver melhor alguma coisa, e por que não usar os óculos para que as pessoas enxerguem mais pessoas que estão invisíveis, comunidades que não estão assistidas, então o óculos também tem essa metáfora de nos ajudar a dizer assim “a gente precisa ver outras coisas”. E eu acho que foi uma pegada muito legal, uma pegada moderna, descolada, disruptiva, a gente tem visto a Gerdau sendo falada em lugares em que ela não era comentada, chegando em públicos que ela não era muitas vezes buscada. O óculos está um sucesso, muita gente querendo comprar, a gente não está dando, a Chilli Beans que vende, a Gerdau não participa do processo de comercialização dos óculos.
HL: É, ela tem que fazer os óculos, né.
PT: Exato, esse é o papel dela, ela faz muito bem. Então a gente está muito feliz. É o que a gente chama no mundo da comunicação de uma colaboração entre marcas e tem sido um sucesso, acho que a gente… o grande segredo técnico quando a gente traz essa colaboração entre marcas é a gente transferir atributos. A Gerdau transfere para a Chilli Beans e para o Rock in Rio a seriedade, a sua tradição, a sua credibilidade, ao mesmo tempo em que essas empresas transmitem para a Gerdau a sua jovialidade, a sua inovação, a sua conexão. Você troca atributos de marcas e todo mundo sai ganhando, esse é o grande segredo, como você consegue cada vez mais montar estratégias onde essa colaboração possa fazer bem para todos os envolvidos.
HL: É, a pessoa vai olhar em casa “olha, os óculos do Rock in Rio, vou ter isso para sempre”, quer dizer, eterniza aquele momento que ela sentiu lá, igual uma viagem, não é? Ela tem sempre aquela lembrança. Muito legal, Pedro. Falando da Favela 3D Digital, que é também um outro movimento com a Gerando Falcões, e eu estive lá em São Paulo, na divulgação, participa também e é voltado para essa questão social, né? Que é um projeto muito sério. Como é estar e fazer a comunicação disso, levar isso para a sociedade mostrando “olha, a gente está impactando também, está com essa responsabilidade social”, quer dizer, uma questão de gestão e marca também.
PT: Exatamente, Helenice, a gente tem a habitação como um dos eixos centrais da nossa estratégia de responsabilidade social. A gente entende, o Brasil tem um déficit habitacional enorme ainda, infelizmente em todas as regiões do país, então a gente se sente na obrigação de ser parte dessa solução a esse problema, principalmente, porque a gente produz um dos insumos da habitação do Brasil.
HL: Sim, o aço está lá, né, na construção.
PT: E a gente quer ser parte, devolver parte disso para a sociedade. Então, a gente tem uma série de projetos que quando a gente utiliza os patrocínios de entretenimento, como o Rock in Rio, para também fazer ações sociais como essa, a gente tem dois grandes fatores: o primeiro é de fato fazer o bem. A gente, no ano passado, junto com o The Town, a Volkswagen, a Gerando Falcões, a gente fez a transformação da favela do Haiti, que foi uma favela feita por imigrantes haitianos no Brasil, em São Paulo. Hoje, é uma favela com 98% de pessoas empregadas, é uma favela hoje que tem 100% de saneamento. A gente consegue transformar, de fato, não só a cenografia da favela, mas a realidade daquele local.
HL: O bem-estar das pessoas lá, morando, que a gente tem acesso a isso, e a gente quer que as pessoas também tenham, senão fica uma sociedade muito desigual, continua mantendo aquela questão da distribuição de renda, não é?
PT: Não faz sentido uma empresa prosperar num ambiente desse, e no Rio de Janeiro é a mesma coisa agora. E qual é o grande segredo, assim, que a gente acredita muito de se juntar também com os festivais nesse processo? Eles têm uma capacidade de dar visibilidade a isso que a gente entende que pode engajar mais empresas e engajar mais atores.
HL: Inspirar outras empresas.
PT: Inspirar outras empresas. Muitas vezes você faz um projeto social sozinho ou com outras empresas, mas sem ter um veículo de comunicação tão potente como o Rock in Rio por trás, e, claro, é super nobre, tem que ser feito mesmo, mas muitas vezes você não consegue levar isso para engajar mais gente, fica muito preso naquela realidade. O Rock in Rio é um canhão de comunicação, fala com milhões de pessoas, então quando a gente faz isso junto com o Rock in Rio, muito mais do que transformar, de fato, esses lugares que a gente tem se colocado para fazer e que tenho certeza que vão ser lugares muito melhores, é que eles sirvam de exemplo, é que eles possam mostrar que sim, essa semente que a gente está plantando com o Rock in Rio pode ser plantada em vários lugares do Brasil, pode ser plantada aqui em Minas Gerais, pode ser plantada no Nordeste, no Norte, e que todas as empresas se trabalharem em colaboração, porque nesses lugares que a gente ido, a gente tem se juntado, é a Gerdau com outros patrocinadores do Rock in Rio, com a Gerando Falcões, ou seja, ninguém faz nada sozinho.
HL: Não, só a Gerdau sozinha não consegue levar esse turbilhão todo. Então, é essa cruzada contra a pobreza, contra a desigualdade social, então se tem outras mãos ajudando, né, é muito melhor.
PT: Exatamente. Para quê a gente vai fazer as coisas sozinho se a gente pode fazer em colaboração. Então, os patrocínios, para nós também, têm uma conotação social muito grande. Então, a gente tem essa conotação da marca, de desmistificar o aço, de falar das propriedades da reciclagem, mas eles também têm um papel de impactar, é o que a gente chama de patrocínio de propósito. Não faz sentido uma indústria como a nossa fazer um patrocínio pelo patrocínio, porque, de fato, nós não fazemos o patrocínio para pessoa no dia seguinte comprar um vergalhão na prateleira do supermercado, não é assim que funciona. Então, a nossa lógica ao fazer esses processos é diferente, é uma lógica institucional, é uma lógica reputacional, mas uma lógica social. Eu acho que a união dessas 3 plataformas é o que monta o nosso arcabouço de comunicação, para fazer sentido para o nosso negócio. Então, mesmo eu usando técnicas muito mais ligadas a bem de consumo, varejo e outros setores, elas estão a serviço do impacto social, a serviço da gente homenagear a reputação do sistema de reciclagem no Brasil, então é sempre essa intencionalidade e por isso a gente fica muito feliz de saber também que eventos como o Rock in Rio, como a Fórmula 1 e dentre outros também hoje cresceram muito a sua própria responsabilidade social e o seu papel. Não é só o papel de levar o entretenimento, que também é muito importante, as pessoas precisam se divertir, ser felizes, e isso é muito bacana por si só, mas, também, que eles saibam que o papel deles vai muito além, que tem o papel de levar uma mensagem positiva, de transformar a sociedade, de engajar
HL: De engajar, chamar a sociedade “olha, todo mundo tem responsabilidade aqui, né, não dá para terceirizar, deixar só por conta de um ator, só por conta do governo, todo mundo tem que participar”, não é, Pedro? Você falou de Fórmula 1 aí e eu achei muito interessante. Fui no ano passado, achei incrível ter uma marca brasileira como a Gerdau com outras marcas mundiais num evento mundial que tem a alça aqui no Brasil, e eu vi, achei muito interessante. Para vocês explicarem outros conceitos também, como a economia circular, um conceito que não é fácil de explicar, ele é complexo, mas vocês têm feito isso também em eventos voltados para o aço, como o evento do Instituto Aço Brasil, que é o mais importante do setor no Brasil, e vocês colocaram uma réplica de um carro de Fórmula 1 para explicar como é que aquele aço chegou lá. Conta um pouquinho essa experiência, também, Pedro, porque eu achei muito interessante de engajar, também, o setor.
PT: Legal, Helenice. Foi um prazer ter você com a gente lá na Fórmula 1, que realmente é um espetáculo, ela é o maior evento de automobilismo do mundo, é o maior evento esportivo da América do Sul dentre todos os segmentos, o que mais reúne atenção, é assistida por mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, e para a Gerdau, que é uma empresa brasileira, mas é uma empresa que, hoje, é a maior empresa brasileira que produz aço, mas muito internacionalizada, participar de um evento de classe mundial, que conversa com uma sociedade no mundo inteiro, também era muito interessante para nós. Primeiro, porque 40% do nosso negócio, 30% dependendo do prisma, vem do mundo automotivo, né. A gente é um grande produtor de aços especiais, para o segmento automotivo, nós desenvolvemos aços especiais de altíssima tecnologia para desenvolver esse segmento, um segmento de mobilidade, várias das marcas, inclusive, que tem carros no grid da Fórmula 1, de alguma forma, nos seus carros particulares tem algum aço da Gerdau. Então, a gente participa desse desenvolvimento tecnológico, e era muito interessante, também, como a gente leva a inovação para dentro da Gerdau.
HL: Essa inovação do setor automotivo também para dentro, porque os carros também estão se modernizando com outras tecnologias e ela (Gerdau) tem que acompanhar.
PT: Temos que acompanhar esse movimento.
HL: Para oferecer cada vez mais produtos nesse portfólio, né?
PT: E foi um patrocínio muito interessante. Primeiro, porque a gente também conseguiu falar desse processo da reciclagem, da economia circular. A gente conseguiu montar com a Fórmula 1 aqui no Brasil um modelo de patrocínio muito interessante, onde não só a gente faz uma série de comunicações, mas a gente conseguiu fazer uma comunhão para reformar também o Autódromo de Interlagos. É a casa da Fórmula 1 no Brasil, são 80 anos em que ele foi o palco de grandes momentos de emoção para a família brasileira. Quem aos domingos não se lembra do Autódromo de Interlagos. E a gente entendeu que talvez era o momento da gente levar o aço como um elemento fundamental para criar um novo ciclo para Interlagos, então a gente iniciou um processo de várias intervenções, seja em infraestrutura, seja em acessos, seja em tecnologia e até em alguns momentos mais lúdicos. A gente criou, para você ter uma ideia, Helenice, os maiores mastros de bandeiras do circuito da Fórmula 1 no mundo
HL: Ah, eu vi lá, estavam lindos, você consegue vê-los, assim, de longe.
PT: São mastros enormes assim e que, primeiro, dão visibilidade também ao aço, nos possibilita explicar muito do que a gente já conversou sobre essa questão de economia circular, e para que o aço, que já estava no Autódromo, também fosse percebido sobre um novo prisma.
HL: Com um protagonismo, né, que ele merece. O aço não é vilão.
PT: Exatamente, pelo contrário, ele é solução. E a gente conseguiu, então, montar eu acho que um momento também que a gente consegue levar os nossos principais clientes, parceiros, onde a gente consegue criar um momento de conexão com o nosso mercado, é realmente uma plataforma completa e que também tem esse olhar para a sustentabilidade, por isso que a gente, esse ano, desenvolveu esse carro de sucata.
HL: Achei ele lindo, e em tamanho real, né?
PT: Tamanho real. Queria falar para os mineiros e mineiras que em breve ele vai estar por aqui em Belo Horizonte, em exposição, a gente vai levar ele para o Aeroporto de Confins.
HL: Nossa, isso é muito importante.
PT: Para que as pessoas possam conhecê-lo. A ideia é exatamente essa, aquilo é como se a gente tivesse fazendo um scanner, um DNA do nosso aço e mostrando por dentro que ele é um antigo fogão, uma antiga geladeira, um antigo carro, um antigo talher, e que se transforma, inclusive, num carro de Fórmula 1. Então esse aço que a Gerdau produz aqui no Brasil, que hoje está no Mundo todo, em grandes obras icônicas pelo Mundo, está no Canal do Panamá, esse aço da Gerdau que está no One World Trade Center que deu lugar às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, até na Torre Eiffel, nos elevadores tem o aço da Gerdau, com esse DNA. Então, a gente realmente tem que contar essa história, e é uma história que ela pode ganhar o mundo também, Helenice. Hoje nós somos uma empresa com presença muito forte nos Estados Unidos, no Canadá, no México, na Argentina, no Peru, então quando a gente também vai pra uma plataforma internacional como essa, a gente está fazendo uma aposta de conversar com um público ainda maior.
HL: E está mostrando a robustez da empresa, a solidez.
PT: Exatamente. Então, a gente está muito feliz com essa parceria. Neste ano a gente vai estar de novo no GP São Paulo de Fórmula, então tem novidades esse ano, que nós vamos levar coisas novas, novos equipamentos em aço, então quem for ao GP esse ano vai ver o aço sobre novas formas e eu acho que vai ser ainda interessante, porque essa é a ideia, né, a cada etapa a gente conseguir elevar, realmente, a barra e fazer coisas diferentes, inovar e seguir realmente moldando esse novo formato de patrocínio que a gente tem criado.
HL: Pedro, e eu acho que também deve ter um resultado depois que termina o evento, não é? Os compradores falam “poxa, quero esse aço da Gerdau, porque ela estava apoiando um evento aqui no Brasil e dessa magnitude”. Vocês sentem também esse reflexo depois?
PT: Sim, Helenice, a gente entende assim…
HL: Porque é uma empresa que precisa de vendas, o resultado financeiro dela é importante.
PT: Claro, sem dúvidas. Tem vários estudos que mostram, e você vai buscar estudos sobre, por exemplo, a geração Z. É uma geração que cada vez mais toma sua decisão de compra, não só pelo preço, mas muito mais pelo propósito. Isso é óbvio que é uma mudança de médio, de longo prazo, né, não é uma coisa que acontece da noite para o dia.
HL: Mas está cada dia maior.
PT: Mas essa consciência veio pra ficar. Na Europa, em países mais maduros isso já é uma realidade mais robusta, cada vez mais as escolhas de compras, seja do dia a dia, seja de uma compra empresarial, elas vão passar por isso. Então, sim, a gente acredita que o nosso modelo de negócio, nosso posicionamento de marca tem muita oportunidade de refletir, sim, numa escolha da Gerdau como um parceiro também de sustentabilidade, de um parceiro que é responsável, que acredita nisso. A gente tem dado passos nesse sentido, a gente já vê movimentos e gestos, é claro que ainda, talvez, ainda não significantes, porque é uma mudança, como disse, de médio a longo prazo, mas eu não tenho dúvida que num período de aí, no máximo, 5 anos, isso vai se tornar, talvez, uma diferença fundamental para se fazer negócio.
HL: E quem saiu na frente bebe água limpa, né? Se ela já está com esse processo de rastreabilidade, mostrando para a sociedade esse aço sustentável que ela tem, o cliente já está com isso fixado ali na cabeça.
PT: Não tenho dúvida. E isso acontece de forma orgânica. A gente acabou de se tornar a primeira Indústria do Aço no mundo certificada como empresa B nos Estados Unidos, em algumas operações aqui da América do Sul e estamos em vias de certificar o Brasil.
HL: O que isso quer dizer?
PT: A certificação B, hoje, é uma certificação global, uma das que mais atesta a responsabilidade socioambiental de uma empresa, é um selo reconhecido mundialmente e que nenhuma indústria de base como a nossa ainda tinha se aventurado a buscar.
HL: É difícil, né.
PT: Ela é muito difícil, ela muda os critérios, ela faz a gente sair da nossa zona de conforto, a gente tem que rever os nossos processos, atender outros requisitos, rever a nossa forma de se posicionar, de se comportar, e a gente se desafiou a fazer isso. A gente acabou de certificar a América do Norte, que é uma operação quase do tamanho da do Brasil, então a gente se tornou a primeira Indústria do Aço no mundo a se certificar B. A gente certificou a nossa operação do Peru e uma das operações que a gente tem no Brasil, então essas já são operações com o selo de empresa B. A gente está em vias de chegar isso no Brasil, isso é um compromisso público, muito mais que uma marca que a gente agrega, um compromisso público da nossa intenção e a gente faz isso… você falou de resultados, né, os resultados vêm não só por parte dos clientes, mas eu tenho resultados, por exemplo, que vem de outras frentes que a gente talvez nem esperasse. Vou dar um exemplo, a gente fez um programa de trainee há 1 ano atrás e tivemos mais de 45 mil inscritos. Fomos mais do que, talvez, os principais vestibulares do país. Nós somos mais buscados do que os bancos, do que o varejo.
HL: Ou seja, a empresa tem essa busca frenética que o jovem quer trabalhar na Gerdau.
PT: Então acho que essa transformação da robustez da nossa imagem, a gente vem quebrando, acho que esse é um grande sinal. Para você ter uma ideia, uma empresa como a nossa, mais considerada da indústria tradicional, nós nos tornamos a Indústria do Aço mais seguida no mundo nas redes sociais. Hoje são mais de 3 milhões de pessoas que seguem a Gerdau em todas as plataformas. Do TikTok nós somos a única produtora de aço brasileira, e talvez mundial, no TikTok. A gente se aventurou a conversar…
HL: É uma plataforma para o jovem.
PT: Para o jovem, e a gente realmente entendeu que essa conexão, e quando a gente viu que as pessoas queriam nos seguir, queriam se comunicar, queriam se conectar, a gente falou poxa, e isso naturalmente pode gerar oportunidades de negócio, oportunidades de atrair talentos, oportunidades de ser mais bem entendido pelas nossas comunidades vizinhas. São oportunidades múltiplas que isso nos traz e a gente entende esse papel e por isso a gente tem olhado a comunicação de uma forma sistêmica e muita estratégica.
HL: E vai democratizando o acesso, não é?
PT: Exatamente
HL: A um setor da economia que é muito complexo e que vocês vão fazendo… eu tenho visto as redes sociais, vocês tem usado mapas, por exemplo, para mostrar o ativo florestal que tem, que é o maior que está aqui em Minas Gerais, mais de 250 mil hectares de área plantada, porque o eucalipto ali, certificado, não é mata nativa e ele vai ser usado na produção do aço também. Então, você tem usado aqueles mapas para mostrar aquela extensão de terra toda aqui em Minas Gerais, quer dizer, isso aí a pessoa entende na hora, não é, Pedro?
PT: É buscar essas linguagens, que são as linguagens que a internet já consolidou, mas que muitas vezes as indústrias ainda ficam muito receosas em experimentar, ficam muito ainda no formato tradicional, e a gente tem sido, realmente, pioneiro. Eu acho que aí tem muito a mão do Gustavo, voltando, né, que tem essa liderança encorajadora de nos dar essa missão de buscar sempre, e se errar, a gente acerta depois, porque quando você inova você corre riscos e isso faz parte do processo, e as redes sociais são um local mais complexo de você… eu tinha também um professor meu que falava “quanto mais telhado você tem, mais pedrada você leva também”, mas isso é a sociedade e você aprende com isso, porque se você também não ouve… eu sempre falo muito, Helenice, que toda essa exposição que a gente está comentando da Gerdau, muito mais do que a gente falar, a gente também tem ouvido muito, porque quando a gente vai para esses patrocínios, quando a gente vai para tantos lugares, quando a gente tem tantos seguidores nas redes sociais, a gente não está só falando, a gente está recebendo. Hoje a gente tem uma estrutura para conversar com as pessoas, quase que call center digital, para que a gente dê conta de conversar com as pessoas que querem tirar dúvidas, que querem mandar um currículo, que querem fazer uma cotação de um produto, que querem entender porque que um determinado caminhão passou em determinada rua, então essa comunicação de que seja via de mão dupla, ela é fundamental. Não adianta você ir para o Rock in Rio, para a Fórmula 1, para a Copa do Mundo, para onde você quiser, se você for só com a boca. Você tem que ir com a boca, mas também com os ouvidos, e o que a gente tem feito muito nesses lugares é muito mais do que falar da Gerdau, que a gente tem feito, mas ouvir também a sociedade. Então estar nesses lugares nos dá a capacidade de compreender melhor o mundo, compreender melhor a diversidade que a gente tem na sociedade e entender que a gente precisa refletir isso dentro da empresa. Isso tem nos ajudado a ser uma empresa melhor a cada dia, porque a gente pode rever os nossos processos, as nossas atitudes, as nossas iniciativas, e eu acho que tem sido também muito bom pra nós, essa exposição, também nesse sentido de compreender melhor os anseios da sociedade.
HL: É uma é uma questão de humildade, de se colocar na mesma visão de tentar entender o que a pessoa está enxergando e de dar um retorno para ela, explicar para ela, né, e não ficar aquela empresa lá só por meio de nota, né? Isso é importantíssimo na comunicação.
PT: A gente até muda, assim, são detalhes, mas são símbolos importantes, né, Helenice, as empresas muitas vezes usam, por exemplo, um termo chamado “comunidades do entorno”, a gente já não usa esse termo na Gerdau, porque quem é o entorno? São vizinhas, o entorno significa que você é o centro e nós não somos o centro de nenhuma comunidade, então não tem centro, todos são importantes. Então são detalhes de mudança cultural, de mindset, de posicionamento, que vão, com símbolos, também, da forma como você se expressa, vão sendo percebidos pela população de uma forma diferente. Então são percepções, são crenças da organização, valores que nós temos na empresa que se empresa não tem esse fundamento, a comunicação também vira uma comunicação que pode, na verdade, se virar contra a própria empresa. Por isso que a gente começou esse movimento da Gerdau de ser mais exposta depois que a gente estava muito maduro e consciente de que a gente já estava num estágio mais avançado de consciência interna, de uma estratégia, de uma mudança cultural que nos desse tranquilidade de que tudo isso que a gente está colocando para fora fosse verdade do portão para dentro, porque também não adianta eu fazer grandes movimentos para fora se a minha casa está desajustada, se as pessoas não acreditam nisso. Então esse trabalho, também, de entender a maturidade que a empresa está para ela poder ter essa oportunidade de se comunicar é muito importante.
HL: Pedro, me fala um pouquinho sobre esse engajamento da Gerdau também no esporte. Eu tenho visto em várias frentes, inclusive aqui na sede a gente tem as camisas autografadas do Atlético Mineiro e do Cruzeiro, a Gerdau também patrocina no futebol o Grêmio e o Internacional. No futebol continua dando certo essa pegada de ter ali a marca da Gerdau nas camisas?
PT: Continua, Helenice, só uma correção, aula eu que tenho com você aqui de comunicação, a sua capacidade de se comunicar com o público, é um prazer enorme estar aqui te ouvindo também e aprendendo. O patrocínio esportivo foi uma grande surpresa para nós, é uma plataforma que já existe há muito tempo, o futebol é uma paixão nacional, mesmo outros esportes como vôlei, que são muito populares, principalmente em épocas com esportes olímpico muito visto, o que a gente entendeu, né, com o movimento do esporte, é a conexão emocional que ele traz. Por isso que a gente tomou uma decisão de fazer um patrocínio esportivo também diferente. O patrocínio esportivo tradicional é aquele em que uma empresa compra um espaço numa camisa, põe a sua marca e está tudo certo. Isso não é errado, cada empresa tem uma necessidade, um propósito, então não é uma crítica a quem faz isso, muito pelo contrário, dependendo do segmento precisa estar lá e precisa ser lembrado, isso jamais vai ser um problema. É uma estratégia super bem-vinda, que deve trazer realmente muitos resultados para algumas empresas. No nosso caso específico, a gente entendeu que a gente queria muito mais utilizar também, novamente, o patrocínio esportivo como plataforma de transformação social. O esporte, utilizando a torcida, a penetração, o brilho nos olhos que os torcedores têm com seus times, o fascínio que se tem pelo futebol, principalmente, para que a gente consiga mobilizar outras pautas como social e, naturalmente, conectar a Gerdau com a sociedade. Portanto, quando a gente iniciou essa jornada, há uns 3 anos atrás, primeiramente a gente fez isso com os 3 times aqui de Minas, 2 do futebol e 1 do vôlei. Foi com o Atlético Mineiro, com o Cruzeiro do futebol feminino e com o Minas Tênis Clube. A gente montou uma plataforma nos três que tem um propósito social muito grande. Com o Cruzeiro, a gente foi o primeiro patrocinador exclusivo do futebol feminino no Brasil. Em muitos times o patrocinador do futebol feminino é uma rebarba do masculino, é uma verba que sobra, é um bônus de alguma coisa, e a gente chegou para o Cruzeiro e falou “não, nós queremos patrocinar o futebol feminino, o nosso recurso vai apenas para o futebol feminino”.
HL: E foi o que a gente viu aí nas Olimpíadas, né.
PT: E os resultados estão aí. Para você ter uma ideia, Helenice, como isso transforma, nós pegamos o Cruzeiro na Série B. O Cruzeiro é o atual Campeão Mineiro, atual finalista da Supercopa, acabou de chegar novamente aos playoffs do Campeonato Brasileiro, é um time que se transformou, mas mais do que isso, por que a gente fez isso? Porque a gente queria encorajar, empoderar o futebol feminino. O futebol ainda tem muito preconceito no Brasil, as pessoas ainda criticam muito e a gente entendeu o seguinte, a gente tem um espaço muito grande para as mulheres abraçarem o esporte, principalmente o futebol, um esporte ainda tão machista e com tanto preconceito.
HL: A mulher também joga futebol.
PT: Também joga e mostrou nas Olimpíadas que está até melhor do que os homens. Então, a gente tinha um propósito de inspirar novas meninas, encorajar, e tem dado muito certo. No Atlético Mineiro a gente foi por um outro caminho, foi o caminho de usar a força do Atlético, assim como o Cruzeiro também, mas usar a força do Atlético para o social. Então, nós montamos o primeiro projeto com o Galo Social, a gente tem feito escolinhas nas comunidades do entorno do Atlético, onde a gente consegue mostrar para as pessoas que dá para ser um jogador amanhã ou um cidadão.
HL: Não é só por indicação, vem cá, se você tiver talento, inspiração e garra ali para trabalhar, você também pode.
PT: Hoje são dezenas, centenas de crianças de baixa renda que têm a oportunidade de vestir o escudo de um clube como o Atlético Mineiro, se inspirar nos ídolos e poder ter sonhos, poder acreditar que tudo é possível. A gente tem levado essa mensagem, eles também têm todo um complemento escolar, uma metodologia de formação, porque, talvez, atletas de pontas nem todos serão, mas pessoas melhores a gente tem certeza que sairão, porque o esporte também traz muita disciplina. E a mesma coisa a gente fez com Minas, que hoje a gente tem diversas escolinhas. Então a gente entendeu que o esporte era muito além da marca na camisa. Claro, ele também nos ajuda a projetar a marca, a conversar com a sociedade, a ampliar o conhecimento sobre a Gerdau, a nos tornar mais mineira de coração, como a gente diz aqui em Minas, mas sobretudo a transformar, realmente, as locais, e o mais interessante, Helenice, a gente, por exemplo, fez testes, abriu uma escolinha de futebol no município que a gente opera, projeto social só da Gerdau, tinha uma busca X de de alunos. Quando eu fazia essa mesma escolinha com Atlético tinha 10x de interesse, então os clubes têm um poder de atração que a Gerdau sozinha ou uma empresa sozinha não tem.
HL: O menino pensa “nossa, eu posso um dia jogar lá no Atlético, no Cruzeiro, jogar vôlei lá no Minas”.
PT: Então o patrocínio esportivo para nós foi muito bom, e a gente escolheu essas duas praças, né. A gente escolheu o patrocínio esportivo no Rio Grande do Sul, foi onde a Gerdau nasceu em 1901, foi tão importante para onde a gente se tornou, e em Minas Gerais, que virou nossa casa. A gente é mineira de coração, nós não poderíamos virar uma empresa mineira de coração sem apoiar aquilo que está no coração dos mineiros, que é o futebol, que é o vôlei, os clubes tão tradicionais, tão ligados à cultura da mineralidade e, portanto, nos aproximarmos dessas instituições era muito importante também para a gente também aprender com os mineiros, e tem sido uma jornada super bacana, a gente está muito feliz e tem visto, realmente, resultados sociais muito interessantes.
HL: De saber comunicar isso também. No vôlei, no surf também tem, não é? Quer dizer, essa coisa da saudabilidade, vocês também patrocinam o campeonato brasileiro, né? A gente também viu no surf o Gabriel Medina aí nas Olimpíadas, fotos históricas.
PT: Você sabe que o surf hoje já é o segundo esporte mais praticado por jovens no Brasil? O Brasil tem milhares de quilômetros de costa, é um país costeiro, é um país que tem, hoje, grandes ídolos, né, como o Gabriel Medina, o Ítalo Ferreira, mas não tinha uma liga profissional a altura do tamanho do esporte, a altura desses ídolos. Para você ter uma ideia, Helenice, quando a gente começou a patrocinar a liga nacional de surf, 70, 80% dos atletas que disputam a liga nacional, que podem ser o Gabriel Medina de amanhã, precisavam complementar sua renda com com Uber ou com aplicativo, fazendo bicos. Então era uma liga praticamente informal e que a gente tinha muito receio de acontecer o que já aconteceu na história do nosso esporte. Você pega o tênis, a gente teve um Guga e aparece um meteoro, e depois a gente não tem uma continuidade. Como é que a gente vai garantir que um novo Gabriel Medina vai nascer, que o novo Ítalo Ferreira, então você ter a oportunidade de apoiar, mais uma vez falando, o social está muito por trás de tudo que a gente faz, então mesmo quando a gente vai para o surf, que é um esporte também que nos conecta com jovens, que moderniza a marca, jovializa nosso posicionamento, então tudo isso faz parte, mas a gente está ali também por um impacto social muito grande, criar uma liga profissional, gerar oportunidade para esses atletas que hoje podem viver e sustentar suas famílias por meio do surf.
HL: É, a pessoa tem que ter a cabeça tranquila para poder se empenhar ali, não é? Você, na sua profissão, eu aqui também, a gente tem que saber, né, ó, eu tenho como pagar os boletos.
PT: Então, o que é mais importante que todas essas modalidades que a gente tem hoje dentro do nosso do nosso portfólio de patrocínios, sempre o pré-requisito, Helenice, é que a gente, juntos, estejamos fazendo algum impacto social, isso tem que vir antes do que a gente conquista como marca naquele patrocínio, o que a gente vai ter de projeção de marca é consequência, no nosso caso. A primeira etapa, quando a gente senta com algumas dessas instituições, organizações, é pensar juntos “dá para a gente fazer alguma coisa socialmente impactante juntos? Isso tem match? Isso tem oportunidade, coisas que a gente possa se unir?”. Para você ter uma ideia, no ano passado, no surf, a gente fez o troféu dos campeões de sucata metálica retirada dos oceanos. Então, o surfista vive do mar
HL: Pensar que ele também está ajudando ali a limpar a natureza.
PT: Então, todos esses lugares são pontos onde a gente quer trazer essa intencionalidade muito clara, e o futebol, o vôlei, o surf, outras modalidades que a gente apoia de forma mais pontual, a gente tem alguns projetos com escolinhas de tênis, porque o esporte transforma, ele tem disciplina, as pessoas aprendem a perder e a ganhar, aprendem o valor do trabalho em equipe, então eu acho que o esporte, além de tudo, tem uma série de outros atributos que são muito importantes, e, além de claro, falando de marca especificamente, projetam as marcas também de uma forma muito interessante. Um país como o Brasil, os brasileiros são apaixonados por esporte, os mineiros, especialmente, apaixonadíssimos por esporte, então, talvez não tenham cidades com tantos times, né, hoje a capital do vôlei é Minas Gerais. Minas Gerais tem Cruzeiro, Atlético, América, então, assim, é um Estado expoente de grandes ídolos da história do nosso esporte, até o Pelé nasceu aqui, então nós estamos falando do berço de grande parte da história esportiva brasileira, então fazer parte do movimento esportivo para nós é muito interessante.
HL: Pedro, e é um legado também, não é? Da empresa. O que a empresa está devolvendo para a sociedade para ter também as mesmas condições, né. E a gente vê, também, a Gerdau listada na bolsa de valores de Nova York, tem 25 anos já, e conseguir também transmitir essa imagem, essa comunicação para o investidor, não é? Que vai falar “poxa, eu quero ter uma ação de uma empresa como essa que está investindo no social, que está investindo num laço Verde”. Como é, também, levar isso para o investidor, saber que ele está ali com uma ação, investindo numa empresa que é ambientalmente correta, socialmente justa, economicamente viável, né, esses pilares do ESG?
PT: Isso é fundamental, Helenice. Hoje os investidores também, assim como a gente falou da geração Z, quem escolhe não são mais as empresas, as pessoas escolhem onde querem trabalhar, o investidor, mais do que ninguém, escolhe aonde ele quer alocar o dinheiro dele. E, hoje, essa questão de colocar o seu dinheiro, não só onde te dá um retorno financeiro, até porque quem não fizer um bom trabalho de sustentabilidade não vai ter retorno financeiro no longo prazo, a sociedade não vai premiar mais empresas que não se preocupem com isso, e os investidores têm ficado cada vez mais atentos, e a gente vive um momento de expansão. Hoje, para você ter uma ideia, a Gerdau tem mais de 100 mil investidores pessoas físicas na sua base. Há pessoas comuns, pessoas que têm outras profissões, pessoas que estão entre nós, um vizinho, pessoas que colocam parte da sua poupança apostando que podem, também, ganhar algum recurso investindo numa empresa como a Gerdau. Então, é uma responsabilidade muito grande
HL: Enorme, não é?
PT: Portanto, tudo isso que a gente faz, a gente acredita muito, também, que pode sim encorajar que as pessoas possam ter… a Gerdau sempre já teve muita credibilidade, mas ter a certeza do nosso compromisso, de uma empresa aberta, de uma empresa que se comunica com a sociedade, que tem propósitos muito claros, e a gente tem visto esse movimento mundo afora. Nós temos 25 anos de listagem na bolsa de Nova York, o que não é fácil, fomos uma das primeiras empresas brasileiras a se listarem no Brasil também, então tem uma história enorme de comunicação com mercado de capitais, né, e a gente entende muito que a construção de marca é fundamental, também, para poder você ter um bom posicionamento e ter realmente essa credibilidade para que os investidores continuem confiando na Gerdau como um lugar importante para eles depositarem os recursos.
HL: É, acho que o grande desafio é esse, né, perenizar a marca ali nessa imagem.
PT: Exato.
HL: Pedro, queria que você falasse… menino, já está terminando o programa (risos). A conversa está tão boa, mas eu queria que você falasse um pouco também dessa questão do executivo hoje, e eu vejo que você posta nas suas redes sociais, fala da importância da família para você ter essa tranquilidade aqui, por exemplo, agora numa conversa como essa. O ambiente familiar, né, hoje o executivo não está mais dissociado disso, não é? Não é só mais aquele workaholic.
PT: Não, Helenice. Primeiro, até falando em família, eu fico muito feliz de estar aqui em Minas, minha terra, nasci aqui em Belo Horizonte, todos os meus avós, primos, tios, pais, todos são de Minas Gerais.
HL: Você está sempre aqui.
PT: Estou sempre por aqui, principalmente quando o América joga (risos).
HL: Está feliz agora, né, Lisca de novo aí.
PT: Exatamente, estamos animados. Mas a família, eu acho que é a essência de tudo, né, assim, eu costumo dizer muito assim, a gente teve uma época que as pessoas ainda usavam o termo vida profissional e vida pessoal, isso não existe mais, a vida é uma só, a nossa cabeça é uma só, o nosso corpo é um só, a nossa saúde é uma só, e a gente não tem como separar. Você não sai de casa mal e trabalha bem, não tem como ter um dia ruim em casa e um dia bom no trabalho ou vice-versa, a gente carrega os sentimentos que a gente vive, que a gente experimenta, e se você não tem uma base familiar ou a família no conceito que cada um quiser criar para si, no meu caso tenho muita felicidade de ter a minha esposa, meus filhos, meus pais, e que desde o começo olharam para a minha profissão e me suportaram, porque a vida do executivo é muito complexa, você tem muitas ausências, viaja muito.
HL: De repente o Pedro está lá em Nova York, de repente ele está na Europa.
PT: Como você disse, a vida é muito dinâmica, não é? Então esse entendimento da família e como você realmente tem um propósito familiar para ajudar no trabalho é muito importante. Eu acho que todos os profissionais, sejam eles que estejam mais no começo da carreira, é muito importante pactuar isso muito bem feito, porque se alguma aresta dessa não funciona, é difícil as coisas engrenarem.
HL: A performance não é a mesma.
PT: Não é a mesma, é impossível. E no final do dia a gente é uma equipe, uma equipe que é feita pelas pessoas que nos cercam dentro e fora do trabalho. Então, o grande mérito, hoje, do profissional que eu sou, também, é, talvez, até mais do que o meu próprio mérito, é o mérito do meus pais, da minha esposa, hoje dos meus filhos, porque são eles que muitas vezes me ajudam a não desanimar no momento em que a gente tem os desafios da profissão, da empresa, nas volatilidades que o mundo tem, naturalmente, seja no mundo onde você está na sua casa, ou quando você está no trabalho.
HL: Sim, porque todo mundo tem altos e baixos, né?
PT: Exatamente, a vida é assim.
HL: Nós somos seres humanos, erramos, caímos, levantamos.
PT: E no final do dia, né, Helenice, eu acho que você tem que ter um propósito de vida, e eu acho que esse propósito quando você tem ele bem focado, e a sua família está com você nisso, a chance de você ter sucesso é muito maior. Então eu não tenho dúvida, o maior segredo para um sucesso profissional é essa união das pessoas que te cercam, para que todo mundo saiba que você tem um propósito, que está todo mundo junto, porque a vida é feita de escolhas e todas as escolhas são possíveis, mas quando a escolha é feita de forma colegiada e com as pessoas que te amam, que você ama, as coisas ficam mais fáceis.
HL: É. E qual é a mensagem assim, final, que você quer passar para as pessoas, de comunicação, de marca, de entrosamento, engajamento, de legado, né?
PT: Helenice, acho que a mensagem final serve para qualquer profissional, pessoa, empresa, a gente está falando aqui de uma grande empresa, de uma empresa com estrutura, de estratégias, as pessoas podem se pensar “tá, mas como eu aplico isso na minha padaria ou na minha vida pessoal, sou profissional liberal”...
HL: Sim, “a minha empresa é pequena, sou MEI”.
PT: Eu acho que o os elementos são os mesmos, que a simplicidade, que a abertura, que a transparência, que a disposição para o diálogo, que a disposição para ouvir, eu acho que, é claro, a Gerdau tem uma escala, mas se você tem a escala do seu bairro, se você tem a escala da sua família, essa escala de ouvir, o que mudou muito a Gerdau foi ouvir, nós profissionais ouvirmos mais as pessoas e as mudanças da sociedade. Então eu acho que a lição que fica é “a gente precisa viver em sociedade, e para viver em sociedade, se comunicar é essencial”.
HL: É tudo, né. Pedro, quero te agradecer, muito obrigada, viu, por essa aula, por toda essa visão global de uma empresa como essa, que a gente sempre aprende muito, e que venham novos desafios, né, para você, para sua equipe, parabéns mais uma vez e que a gente tenha aí cada vez mais boas notícias, né, no país, no mundo, para as nossas empresas crescerem e gerarem toda essa cadeia de valor.