Avaliação

Motor potente é o maior trunfo do Civic Touring

Com design agressivo, sedã da Honda tem ótimo desempenho na versão top de linha, única equipada com o propulsor 1.5 turbo de 173 cv

Por Da Redação
Publicado em 01 de março de 2017 | 03:00
 
 
Rodas de liga leve de 17 polegadas são calçadas com pneus 215/50 R17 Foto: Jorge Rodrigues Jorge/CZN

A Honda sabia que já estava na hora de renovar o Civic. E, na décima geração do carro, lançada no final de agosto no Brasil, tratou de promover uma mudança substancial. Em tudo. E essa transformação se expressa principalmente na versão de topo Touring, que até motor novo estreou: um 1.5 turbo. Deu certo: o Civic pulou das 1.235 unidades mensais registradas nos primeiros oito meses de 2016 para 2.742 emplacamentos por mês entre setembro e dezembro do ano passado. Um aumento surpreendente de 122% nas vendas.

O visual já destaca que o Civic agora é outro. Na dianteira, as linhas das entradas de ar, dos conjuntos óticos e dos vincos do capô convergem para o logotipo da marca, no centro da grade. O capô extenso insere uma ideia de “muscle car” e ajuda na percepção de esportividade que a marca busca transmitir com o novo design. Na lateral, linhas sinuosas destacam os para-lamas, que contornam as caixas de rodas. O caimento alongado do teto em direção à traseira, semelhante ao de um cupê, adiciona boa dose de charme ao perfil. Já a traseira está mais alta e com lanternas em LEDs, num formato parecido com o de um bumerangue.

A nova plataforma, segundo a marca, apresenta 25% a mais de rigidez torcional e ainda permitiu aumentar a distância entre eixos em 3 cm – de 2,67 m para 2,70 m.

Equipamentos

A versão top de linha Touring é bem fornida de tecnologia. Do sedã maior Accord, ela herdou o sistema LaneWatch, que projeta na tela da central multimídia a imagem da faixa da direita quando a seta é acionada. A central multimídia, além de câmera de ré, tem GPS com alerta de tráfego e conexões com smartphones por meio de Apple CarPlay e Google Android Auto.

Sistemas como controle de estabilidade e tração, com vetorização de torque, e o chamado Agile Handling Assist, que controla de forma preventiva o eixo dianteiro para evitar subesterço ou saídas de frente, também estão presentes. Além disso, a direção elétrica varia a relação entre o esterçamento e o ângulo do volante de acordo com a velocidade atingida.


Dirigibilidade rápida e estável

O Civic Touring é equipado com o novo motor 1.5 turbo com intercooler, que só aceita gasolina e rende 173 cv de potência a 5.500 rpm e 22,4 kgfm de torque entre 1.700 e 5.500 giros. Ele trabalha em conjunto com uma transmissão continuamente variável, que simula sete velocidades e é preparada para trabalhar com alto torque. O propulsor é exclusivo da variante mais cara; todas as outras são movidas pelo já conhecido 2.0 flex de 155 cv e 19,5 kgfm de torque que já equipava a geração passada.

O novo motor turbinado 1.5 mostra sua força já nas arrancadas. O bom torque de 22,4 kgfm, disponível a partir dos 1.700 giros, faz com que o carro se mostre vigoroso em qualquer faixa de rotação. Nem mesmo a transmissão continuamente variável chega a anestesiar o comportamento – pelo menos não a ponto de tirar a emoção de pisar fundo e sentir o corpo colar no banco.

A suspensão é do tipo McPherson na frente e multilink na traseira, com buchas hidráulicas nos dois eixos. Esse conjunto controla bem o carro: É difícil sentir qualquer insegurança ao volante do Civic Touring, mesmo em velocidades elevadas e transitando por caminhos sinuosos.

Consumo

Outro ponto positivo da variante mais cara do Civic é o consumo. O Inmetro classificou a versão Touring com nota A inclusive na avaliação geral, com médias de 12 km/L na cidade e 14,6 km/L na estrada, com gasolina, único combustível que ela pode usar. (MM / AP)


Preço extrapola os da concorrência

A Honda já costuma cobrar cerca de 10% a 15% a mais que a concorrência em todos os seus modelos; o preço do Civic Touring, no entanto, assusta: são R$ 124,9 mil. Embora o sedã seja bem-equipado, o valor está muito acima daqueles das configurações mais caras dos concorrentes diretos. O Ford Focus sedã Titanium Plus sai a R$ 109,4 mil; o Chevrolet Cruze LTZ completo fica em R$ 111,9 mil; o Nissan Sentra 2.0 SL é vendido por R$ 102,9 mil; o Toyota Corolla chega a R$ 110,9 mil; o Citroën C4 Lounge Exclusive tem valor de R$ 97.490; e o Hyundai Elantra Top custa R$ 114.990. Já Volkswagen Jetta 2.0 TSI, com tudo que tem direito, é entregue por R$ 130.994 – mais que o Civic, mas seu desempenho é bem melhor, graças ao motor 2.0 turbo de 211 cv de potência e 28,6 kgfm de torque.

O valor é tão alto que chega a se equiparar ao do Ford Fusion, que se situa em uma categoria superior: o sedã grande custa R$ 124,7 mil, com motor 2.5 flex de 175 cv e 24,2 kgfm, e R$ 128,7 mil, com propulsor 2.0 turbo de 248 cv e 38 kgfm.

Mesmo assim, a marca japonesa tem uma expectativa alta em relação à versão Touring: espera que, ao longo de 2017, o top de linha responda por cerca de 30% dos emplacamentos totais da linha Civic (MM/AP)


Interior amplo, mas com acabamento razoável

FOTO: Jorge Rodrigues Jorge/CZN
Dar seta à direita faz tela mostrar lateral do carro em tempo real

Quanto ao acabamento, os japoneses costumam ser mais racionais. O Civic não faz feio, mas também não se destaca, mesmo na versão mais cara. Como o segmento dos sedãs médios serve de porta de entrada, pelo menos em suas versões de topo, para modelos premium das marcas, a preocupação com o acabamento poderia ser maior.

Já o espaço interno é amplo, e quatro ocupantes viajam com bastante conforto. Há bons nichos e porta-objetos para guardar tudo que precisa estar à mão do motorista durante uma viagem. O porta-malas comporta fartos 519 litros, o suficiente para carregar bastante bagagem em uma viagem em família. (MM / AP)


Ficha técnica

Motor: A gasolina, quatro cilindros, 1,498 L, 16 válvulas, turbocompressor e injeção direta de combustível.
Potência: 173 cv a 5.500 rpm.
Torque: 22,4 kgfm entre 1.700 rpm e 5.500 rpm.
Câmbio: automático CVT com sete marchas simuladas.
Freios: discos ventilados na na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e EBD.