Transporte

Para trabalho pesado dentro das minas

Dinâmico segmento de mineração é o foco do novo caminhão Scania Heavy Tipper, projeto global que agora desembarca no mercado brasileiro

Por Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2017 | 03:00
 
 
Segundo a Scania, desenvolvimento dos veículos levou cerca de 4 anos Foto: WAGNER MENEZES/WM PHOTO STUDIO/SCANIA/DIVULGAÇÃO

[Celulares, televisores, computadores, automóveis, prédios... Muito do que cerca o homem contemporâneo tem como origem uma atividade quase tão antiga quanto o homem: a mineração. Com o desenvolvimento tecnológico, cresce a demanda por velhos e novos minerais. E a fonte para obtê-los é a mesma há milênios: as minas.

A mineração sempre foi um cliente importante para a indústria de caminhões. Agora é a sueca Scania que acaba de apresentar no Brasil uma novidade global voltada para o segmento.

O Scania Heavy Tipper é um caminhão pesado off-road que chega com uma proposta instigante para os empresários do setor – aumentar a rentabilidade da atividade mineradora, com redução no custo da tonelada transportada, menos desperdício e menor impacto ambiental. A Scania pretende que o Heavy Tipper se situe entre os caminhões pesados rodoviários adaptados para a mineração e os equipamentos gigantes da chamada linha amarela - escavadeiras, carregadeiras, retroescavadeiras, compressores, gruas, guindastes e plataformas aéreas.

Por atuar em ambiente inóspitos, um caminhão da mineração normalmente é aposentado com três anos de uso ou cerca de 18 mil horas de trabalho. Segundo a Scania, o Heavy Tipper proporciona ganhos reais de 25% a mais de carga líquida, 5% a mais de disponibilidade, redução de 13% no consumo, 15% a menos no custo da tonelada transportada e 5.000 horas a mais de vida útil – ou seja, por volta de um ano a mais de trabalho.

Configurações

O novo modelo é oferecido nas configurações P 440 6x4 – com carga líquida de até 32 toneladas – e G 480 8x4, com dois eixos dianteiros direcionais e capacidade de carga líquida de até 40 t. Ambos trazem motor de 13 L, Euro 5 com controle de emissões SCR, respectivamente com 440 cv e torque de 234,5 kgfm, de 1.000 a 1.300 rpm e com 480 cv e torque de 244,7 kgfm de 1.000 a 1.350 rpm.
“Hoje, um caminhão 8x4 com PBT de 50 t transporta, em média, 32 t de carga líquida. Com o Heavy Tipper, na mesma configuração 8x4, o aumento de PBT para 58 t eleva a capacidade para 40 t de carga útil. Isso significa reduzir uma operação de 18 caminhões para 16”, contabiliza Celso Mendonça, diretor da Scania.

Projeto

Compatibilidade: Graças a seu sistema global de produção modular, a Scania usa menos componentes para fazer mais variedade de modelos. “É como montar peças de Lego. Temos menos desperdício e ganhamos em disponibilidade de peças, além de tornar mais fácil o treinamento de mecânicos”, exemplifica Celso Mendonça, diretor de desenvolvimento de negócios da Scania.

Mercado. Com o Heavy Tipper, a Scania espera elevar sua participação no segmento dos atuais 33% para 45% em 2020, quando a expectativa é de um mercado nacional de caminhões de mineração de 1.200 unidades anuais – o dobro do atual.

 

Estrutura e suspensão reforçadas

O Heavy Tipper traz diversos reforços estruturais em relação aos pesados anteriormente oferecidos pela Scania ao segmento minerador. Os eixos traseiros receberam uma carcaça reforçada, e os feixes de molas são mais grossos. O eixo cardã tem diâmetro 24% maior. A caixa de câmbio automatizada Opticruiser de 14 marchas ganhou uma nova versão mais robusta, com anéis sincronizadores tratados com fibra de carbono. Os eixos dianteiros são mais espessos, e a suspensão recebeu um feixe de molas a mais.

Os freios foram redimensionados, com lonas 50% maiores, e o sistema de direção também foi reforçado. Conhecido nos caminhões da Scania, o sistema hidráulico de freio auxiliar Retarder funciona em conjunto com o freio motor e os freios de serviço e pode ser ativado por meio de uma alavanca localizada atrás do volante. Reduz o desgaste normal das lonas e dos tambores e ajuda a diminuir os custos com manutenção, além de diminuir o risco de perda de eficiência de frenagem pela temperatura excessiva, causada pelo uso constante dos freios.

Os pneus do Heavy Tipper são Goodyear 325/95 R24 ORD, próprios para condições severas, mas opcionalmente podem ser usados Michelin 325/95 R24 X Works XD. As carrocerias basculantes utilizadas na mineração, que variam de tamanho de acordo com a densidade do material a ser transportado, podem ser fornecidas por diversos encarroçadores, em cooperação com a Scania.
Além do eficiente câmbio automatizado Opticriser de 14 velocidades, o Heavy Tipper oferece ao motorista confortos como o Hill Hold, que impede que o caminhão “despenque” quando o motorista é obrigado a parar em meio a um aclive e depois precisa voltar a acelerar.

A linha Scania rodoviária habitualmente usada pelo segmento de mineração, com motores de 400, 440 e 480 cv nas configurações 6x4, 6x6, 8x4 e 10x4, continua em linha.

 

Pedras e obstáculos não causam problemas

Em sua apresentação à imprensa, o novo Scania Heavy Tipper pode ser experimentado em seu “habitat”: a Mineração Horii, um dos principais produtores de caulim da região Sudeste do Brasil, situada na periferia da cidade paulista de Mogi das Cruzes (SP). O caulim é um silicato hidratado de alumínio que tem diversas utilizações industriais, incluindo formação de filmes, cerâmica, suporte de catalisadores e agente polidor. Foram disponibilizados para “passeios” pela área da mina os modelos Heavy Tipper P 440 6x4 e G 480 8x4, ambos com o mesmo motor diesel de 13 L, cada versão com suas configurações de torque e potência.

Em ambos os caminhões, que rodaram carregados de caulim, chamou atenção o conforto e a facilidade com que eles transpõem obstáculos típicos das áreas de mineração – buraqueiras, aclives e lamaçais –, mesmo com muitas toneladas “nas costas”. A direção é surpreendentemente suave para um veículo desse porte e facilita as manobras, mesmo em terrenos irregulares.