O espetáculo de horrores visto no último domingo dentro e fora do Mineirão, nas ruas de Belo Horizonte e em algumas cidades do interior do Estado dá a dimensão do grau de estupidez incorporado por expressiva parcela de torcedores do Cruzeiro, em decorrência da esperada derrota para o Palmeiras e do esperadíssimo rebaixamento do time para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Desde as denúncias indefensáveis da péssima gestão, agravadas por suposta apropriação ou má destinação de recursos do clube por parte da atual diretoria (não se sabe se das passadas também), pelo uso de fundos para o pagamento de vultosos salários para assessores, diretores de nada e para remuneração de caixinhas diversas, o time vem reproduzindo em campo os efeitos da absoluta falta de comando e de autoridade de seus atuais dirigentes. Um time largado aos próprios equívocos e sem sorte dentro e fora dos campos, saqueado, como a imprensa noticia todos os dias; uma realidade viva e inconteste de onde não se poderia recolher outro resultado que não fosse o que aí está: sucessivas derrotas, vergonhosa campanha e desclassificação.
O Cruzeiro, já na Segunda Divisão, é forte candidato à Série C e, como não é difícil prever, à ampla e definitiva falência. Um clube com um balanço extremamente negativo, com mais de R$ 500 milhões de dívida acumulada – sendo que desses quase R$ 300 milhões são de curto prazo –, com um patrimônio que não pode ser alienado e sem um elenco com grandes nomes não terá onde buscar recursos para se recuperar e voltar ao status que sempre teve.
O que não se imaginava é que ainda se esperasse ser diferente, a ponto de reunir e motivar um bando de marginais, baderneiros, animais da pior e mais completa irracionalidade e que essa turba pudesse produzir o que aconteceu, em especial dentro do Mineirão, com atos de incontrolável e criminoso vandalismo, quebrando cadeiras, aparelhos de TV, divisórias e alambrados, a tal ponto que o juiz da partida não teve outro caminho senão suspender o jogo.
Fatos como os de domingo são um aviso. A selvageria e o vandalismo reinantes nessas atitudes têm sido comuns em atos públicos de qualquer gênero. Não apenas no Brasil, mas no mundo. A total falta de educação, a barbaridade, a burrice e o irrestrito desrespeito têm sido ingredientes sempre presentes nas manifestações. Protesta-se pelas causas mais idiotas, como a de domingo, destruindo o patrimônio público e o privado, ofendendo a integridade física de quem eventualmente discordar ou se indignar o suficiente para não acompanhar a turba insana. Se para se conter essas produções for necessário que pessoas morram, estamos no caminho. Paraisópolis foi assim. Na situação a que chegamos, podemos ter um todos os dias. Ignorância não falta.