Luiz Tito

Luiz Tito escreve de segunda a sábado em O TEMPO

Terceira via

Publicado em: Ter, 13/04/21 - 03h00

Como O TEMPO noticiou em primeira mão, na última semana, o secretário de Planejamento, Otto Levy, anunciou sua saída do cargo, o que ocorrerá definitivamente no próximo dia 15. Tal decisão é a maior perda do governo Zema desde seu início.

Otto Levy é um gestor de primeira grandeza, com vasta experiência, inclusive internacional, já que presidia uma grande indústria nos Estados Unidos antes de assumir a missão na secretaria para a qual fora convidado.

Com o tempo, dada sua competência, enorme capacidade de trabalho e seriedade, Levy se tornou uma espécie de “Posto Ipiranga” do governo Zema. Desde seu papel de grande protagonista no bilionário acordo com a Vale até o de estrategista financeiro em que ele se revelou, encontrando soluções para o Estado honrar os compromissos de um Orçamento quase impossível de se executar.

Otto Levy foi ainda escalado para negociar greves, comprar vacinas, lapidar acordos com sindicatos, etc., etc., etc. Defensor da valorização e respeito às forças de segurança, foi a presença de Otto Levy, sempre atento e de olhos bem abertos, que acabou se tornando uma boa referência nas relações da PM e da Polícia Civil com o Palácio Tiradentes.

A sua ausência vai significar um novo momento para Minas; um divisor de águas sobretudo para o governador Zema. Se o seu governo, com a saída de Otto, perderá a rainha no tabuleiro de xadrez, o jogo passará a contar com outro personagem. Sai Otto Levy, e entra Salim Mattar, que, atraído pelo cheiro dos investimentos do acordo da Vale, assumirá a posição de um supersecretário de Desenvolvimento. Com isso, ao mesmo tempo em que Zema verá seu governo rolando morro abaixo ante a ausência da eficiência que sempre lhe assegurou Otto Levy, ainda é certo que Mattar crescerá em visibilidade, talvez buscando reparar um desejo não realizado no passado, já que aquelas circunstâncias o fizeram sentir-se um forte pré-candidato a governador, lá em 2018. Abandonou o jogo e viu Zema ser eleito num espaço que poderia entender como seu.

Se a semana terá como notícia mundial o sepultamento do príncipe Philip, podemos estar muito próximos de ter, em Minas, um reinado de rainha da Inglaterra na Cidade Administrativa. Afinal, saindo Otto Levy e entrando Salim Mattar, é certo que Zema caminhará para um isolamento fatal, de frustração de suas pretensões de reeleição. Vai ficar claro que Mattar tem muito mais o apoio do grupo econômico do Novo, radicado em São Paulo e que já controla os caixas e as contratações milionárias de empresas como Cemig e Copasa, com toda sorte de desmandos e operações amplamente questionadas.

Acrescente-se nesse jogo a postura subserviente do novo secretário Passalio, que facilita ao Novo e a Salim Mattar manter seus tentáculos na Codemig, onde impera a arrogância de um de seus braços direitos, o gaúcho Uebel, ex-secretário de João Doria. Ficou fácil prever-se que a ocupação da vaga do governo passará pelo duelo entre Zema e Mattar.

Como opositor já claramente na disputa, prevê-se que o prefeito da capital, Alexandre Kalil, afundará a cada dia e sem volta na visível tormenta já causada pela sua inabilidade e desmedida truculência no trato da pandemia e das relações de sua administração com os setores do comércio, dos serviços e da indústria. Está aberta a oportunidade para uma terceira via; o jogo está montado. Faltam torcidas e o mais importante: votos.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.