Em viagem a São Paulo, realizada anteontem, o médico legista e professor da Universidade Federal de Alagoas, George Sanguinetti, teve acesso às fotos do crime que vitimou cinco pessoas da família Pesseghini. Com o material em mãos, o especialista reforça sua tese de que o menino Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13, tenha sido assassinado, tal como seus pais, a avó e a tia–avó.


A posição em que o corpo caiu, com a mão direita por cima do lado esquerdo da cabeça e o braço direito dobrado para trás com a palma da mão para cima, é incompatível com a de um suicida. “Das 80 tentativas de simulação que realizamos, em nenhuma delas essa posição foi possível. Caso tivesse se matado, o menor estaria com o braço esquerdo em extensão e no lado oposto”, explica.

Além disso, o professor ressalta dois ferimentos, no pulso e na mão esquerdos. “Na concavidade da mão, há uma lesão equimótica (popularmente, hematoma), uma indicativa de que ele tentou segurar algo metálico e forte”. Já o pulso tem um ferimento com formato parecido com o de uma meia estrela. Essas duas evidências reforçam o argumento de que Marcelo teria tentado lutar com o agressor. Esses indícios não se justificam com a hipótese do suicídio, diz ele.

Outros indícios levam a crer que Marcelo não tenha sido o autor de nenhum dos disparos. O corpo do menino não apresentava rastros de chumbo, antimônio, bário e pólvora. A ausência desses elementos na mão de quem deu tiros, segundo o professor, contraria toda a teoria da medicina legal. “Em alguns casos, esses elementos podem ser encontrados até nas roupas do autor”. Sanguinetti destaca também um fator primário na análise de provas de um crime: as impressões digitais. “Não havia, na arma, traços de digital do menor. Tecnicamente, não se demonstra que ele tenha tocado na arma”. Por fim, ele ressalta a presença de um cadeado arrombado em uma janela, fato ignorado pela perícia.

Laudos. Espera-se que sejam divulgados hoje os cinco laudos que esclarecem algumas das dúvidas sobre o caso. Dentre eles, estará o resultado dos exames toxicológicos que dirão se a família havia sido sedada antes de morrer e análises ulteriores que atestarão presença ou não de resíduos químicos na mão do menino, além da cronologia das mortes. (Com agências)