contra nuvens de poeira

App desenvolvido por alunos da UFU ganha etapa nacional de concurso da Nasa

Aplicativo cruza dados sobre composição de nuvens de poeira, altamente tóxicas, e permite que populações se previnam de fenômeno

Por Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2023 | 06:00
 
 
Gabriel Ribeiro Filice Chayb, Larissa Borges de Mello e Gustavo Ferreira Tavares Foto: Marco Cavalcanti

Alunos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) venceram a etapa nacional de um concurso da Nasa com a criação de um aplicativo capaz de analisar nuvens de poeira e ajudar populações a se prevenir contra elas. O aplicativo foi idealizado pela estudante de  Engenharia Elétrica Larissa Borges de Mello e cruza dados do sensor Emit, da Nasa, que monitora as tempestades de poeira pelo planeta.

O projeto foi um dos 16 escolhidos no Brasil para a nomeação global da International Nasa Space Apps Hackathon - competição ocorrida entre 7 e 8 de outubro que contou com quase 60 mil participantes - sendo reconhecido como um dos melhores trabalhos brasileiros. Com a nomeação veio, também, a premiação de uma bolsa de estudos, por parte da organização brasileira, na The Founder Institute, maior programa de lançamento de startup do mundo.

Fazem parte do grupo Dust Tracker, que desenvolveu o aplicativo, os estudantes Gabriel Ribeiro Filice Chayb, graduando em Sistemas de Informação pela UFU, Gustavo Ferreira Tavares, graduando em Engenharia Biomédica pela UFU, Izabel Chaves, estudante do ensino médio, em Belo Horizonte, e Vinícius de Carvalho Zanini, graduando em Engenharia Biomédica pela UFU.

O app  

O aplicativo cruza dados da composição das nuvens de poeira com as direções do vento e as coordenadas das tribos. Dessa forma, é possível identificar quando essa pluma de poeira está chegando até esses locais e qual a composição mineral do ar. Assim, os moradores da região conseguem se proteger e se prevenir.

“O sensor Emit da Nasa avalia cada mineral de acordo com sua energia emitida, o estudo dessa radiação de cada elemento é chamado de espectroscopia e, com isso, o sensor vai medir o quanto de luz cada substância absorve e determinar as propriedades de cada minério pelas cores do então chamado comprimento de onda. Para diferenciar cada mineral nocivo no mapeamento escolhemos a tribo Amazigh de Cabilia, região mais atingida pelas tempestade de areia, e trabalhamos a respeito dos minerais Sílica, Ferro e Cobre”, explica Larissa.

Larissa explica que, a partir dos alertas enviados pelo aplicativo, que poderá ser baixado por qualquer pessoa, a população poderá se mobilizar para o tratamento da água e do solo, quando contaminados. “Há também a possibilidade de pôr em prática campanhas para mobilização social como iniciativa da própria comunidade ou por ONG’s, a exemplo de recomendar lugares ou abrigo de indivíduos em situação de vulnerabilidade, ao se deparar com os problemas cardiorrespiratórios trazidos pelos minérios nocivos das tempestades de poeira”, diz.

“Quando conscientizadas, as pessoas devem se prevenir lavando bem seus alimentos de consumo e optar por aqueles que sejam antioxidantes, não ingerir água de poços, fontes ou minas previamente não analisadas, além de fervê-la”, comenta.

Nuvens de poeira são um risco à saúde

As tempestades de areia vêm preocupando autoridades mundiais e têm aparecido cada vez mais em pesquisas. Essas tempestades levantam materiais, poluem a água e afetam plantações. As partículas de poeira mineral afetam regiões a milhares de quilômetros de distância do seu lugar de origem. Para se ter uma ideia, as partículas finas do deserto do Saara, maior deserto do mundo, podem ser encontradas nas ilhas caribenhas, do outro lado do oceano Atlântico.  

A poeira soprada para zonas populosas afeta as condições do ar, refletindo na saúde da população. As doenças mais comuns relacionadas a essas partículas são respiratórias e cardiovasculares. As tempestades ainda podem ser piores quando carregam o elemento mais abundante da crosta terrestre: a sílica.

A sílica, utilizada em várias áreas da construção civil, indústria automotiva e da beleza, quando presente em partículas e transportada pelo ar, aumenta o risco de doenças autoimunes, doenças de pele e vários tipos de câncer. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), bilhões de pessoas respiram ar insalubre que excedem os níveis de qualidade recomendados pela própria organização. Esses efeitos ainda são mais sentidos nas regiões subsaarianas que, curiosamente, são as que menos poluem. “As regiões mais afetadas são as tribos indígenas no norte da África, onde há maior frequência e intensidade de eventos de nuvens de poeiras em regiões áridas e a respectiva alteração nos padrões de precipitação, que acaba por agravar esse problema”, diz Larissa