CASO MARIELLE

'Dia histórico', diz família de Marielle após prisão de suspeitos de assassinato

A família celebrou a operação, mas lembrou que, até o momento, ninguém foi responsabilizado pelo crime

Por Milena Geovana
Publicado em 24 de março de 2024 | 10:57
 
 

A família de Marielle Franco se manifestou sobre a prisão dos suspeitos de serem os mandantes da morte da vereadora e do motorista Anderson da Silva em 2018. A Polícia Federal prendeu, neste domingo (24 de março), o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Rio, Domingos Brazão, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio. Este último é investigado por ter dificultado as investigações. 

Em nota, divulgada via redes sociais do Instituto Marielle Franco e assinada pelos pais, irmã e filha da vereadora, a família definiu este domingo como um “dia histórico para a democracia brasileira”. A nota ressalta ainda a importância das prisões para todos que aguardam uma resposta há seis anos.  

Embora traga um tom de esperança, na mensagem divulgada, a família cobre o julgamento e condenação dos suspeitos. “É importante não perdermos de vista que, até o momento, ninguém foi efetivamente responsabilizado por esse crime, entre os apontados como executores e mandantes”, diz a nota. 

Veja a nota na íntegra

"Neste Domingo de Ramos (24), dia de celebrar nossa fé, a luta por justiça, e na liturgia o domingo que antecede a Páscoa sobre recomeços e ressurreição, acordamos com a notícia da operação conjunta da Procuradoria Geral da República, Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Federal.

Hoje é um dia histórico para a democracia brasileira e um passo importante na busca por justiça no caso de Marielle e Anderson. São mais de 6 anos esperando respostas sobre quem mandou matar Marielle e o por quê?

Marielle era uma parlamentar eleita com mais de 46 mil votos na Cidade do Rio de Janeiro e tinha uma atuação voltada à garantia de direitos para a população fluminense e melhoria das condições de vida de toda a cidade, com atenção para aquelas e aqueles que comumente tem seus direitos fundamentais violados: moradores das favelas e periferias, pessoas negras, mulheres, trabalhadores informais. Sua luta era por justiça social, garantia de direitos básicos para a população. E é por essa razão que sua luta não termina com seu bárbaro assassinato e de seu motorista, Anderson.

A resolução do caso é central para nós, mas não apenas. Hoje, falamos da importância desta resposta para todo o Brasil, os eleitores de Marielle, para defensoras e defensores de direitos humanos e para a população mais vulnerabilizada desse país.

É importante não perdermos de vista que até o momento ninguém foi efetivamente responsabilizado por esse crime, entre os apontados como executores e mandantes. Todas as prisões são preventivas e ainda há muita coisa a ser investigada e elucidada, principalmente sobre o esclarecimento das motivações de um crime tão cruel como esse. Mas, os esforços coordenados das autoridades são uma centelha de esperança para nós familiares.

Reconhecemos o empenho da Procuradoria Geral da República, da Polícia Federal, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e do Ministro Alexandre de Moraes do STF para avançar por respostas sobre o caso, agora aguardamos o resultado da condução da investigação e a eventual denúncia dos mandantes e de todos os responsáveis pelas obstruções da justiça.

Neste dia de dor e esperança, nossa família segue lutando por justiça. Nada trará nossa Mari de volta, mas estamos a um passo mais perto das respostas que tanto almejamos.

Com esperança e luta,

Marinete, Anielle, Antônio e Luyara."