INÉDITO

Dia Mundial do Fígado: tratamento de doenças hepáticas custa R$ 300 mi ao país

Levantamento inédito traçou raio-x de como as enfermidades relacionadas ao fígado têm afetado a população

Por O Tempo
Publicado em 19 de abril de 2024 | 14:13
 
 
Foto ilustrativa de um transplante de fígado Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil/Arquivo

As doenças hepáticas, aquelas relacionadas ao fígado, são responsáveis por uma a cada 33 mortes no Brasil. O número representa 3% de todos os óbitos registrados no país. Para tratar as enfermidades ligadas ao órgão, os governos precisam investir R$ 300 milhões por ano. As informações são do Ministério da Saúde.

Neste 19 de abril, data em que celebra o Dia Mundial do Fígado, um estudo inédito, realizado pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica, Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, que integra o INCT Nanobiofar (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nano-Biofarmacêutica), traçou um raio-x das doenças hepáticas conforme a região, gênero e raça. Levando em consideração os dados copilados de 1996 a 2021, a pesquisa mostrou que o câncer de fígado é o que registra maior número mortes. Seguida por doença hepática alcoólica, fibrose e cirrose e hepatite viral crônica.

Na região Nordeste, a causa mais comum é a doença hepática alcoólica. Enquanto nas regiões Norte e Sul destacam-se o câncer de fígado. Para o pesquisador André Oliveira, o estudo revela a disparidade de acesso ao diagnóstico e tratamento de doenças do fígado no Brasil. Pacientes da região Norte, por exemplo, não tem acesso ao transplante de fígado, sendo necessário se deslocar para outras regiões, quando necessário.

O estudo ainda revelou a alta mortalidade das doenças hepáticas em comparação com os EUA e países na Europa. Além disso, os dados sugerem que é necessária uma revisão na forma como este valor é investido no Brasil. A pesquisa apontou que o maior gasto foi associado ao grupo de procedimentos da categoria transplante de fígado (68% do total), seguido de procedimentos clínicos (25% do total) e cirúrgicos (5,8% do total). 

Gastos com hospitalização, medicamentos e tratamentos também chamaram a atenção. “Sabemos o quanto o transplante é importante para salvar vidas, mas ele é a última etapa deste processo. Precisamos investir no diagnóstico precoce, em um melhor acesso da população aos tratamentos e em conscientização quanto ao estilo de vida, uma das grandes causas das doenças hepáticas”, alerta a pesquisadora Maria de Fátima Leite, professora do departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG.

Ela lembra o quanto o estilo de vida é um importante ponto de partida para mudar esta realidade. “O estilo de vida do brasileiro se releva nestes dados: alimentação inadequada, consumo excessivo de álcool, infecções virais são fatores que comprometem a saúde do fígado”, declara.