Enem

Irmãos trocam prova e vão parar na polícia em Montes Claros

Os dois foram denunciados por candidato que viu a ‘manobra’

Por Joana Suarez
Publicado em 06 de novembro de 2017 | 21:26
 
 
No domingo, os estudantes fizeram provas de redação, linguagens e ciências humanas Denilton Dias - 5.11.2017

Um ano após ter uma quadrilha de fraudadores identificada dias antes das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Montes Claros, no Norte de Minas, voltou a registrar problema na edição deste ano do exame. No domingo, dois irmãos foram flagrados trocando os cadernos de provas, quase no final do dia. Esse foi o único caso de fraude divulgado no país nessa edição do Enem.

De candidatos a uma vaga em uma universidade, eles passaram a suspeitos de fraude e estelionato e terminaram o dia na sede da Polícia Federal (PF) do município. Os dois jovens, de 18 e 21 anos, faziam o Enem na mesma sala, na Escola Estadual Felício Pereira de Araújo, no bairro Sumaré.

A prova começou às 13h30. De acordo com as informações do boletim de ocorrência, por volta das 18h, faltando pouco mais de uma hora para acabar o tempo de realização do exame, o mais velho pediu para ir ao banheiro. Quando o aplicador da prova foi levar o jovem até a porta, o mais novo, que estava sentado na fileira ao lado do irmão e já é estudante de medicina, aproveitou a situação para trocar o caderno. A suspeita é de que o universitário iria então ajudar o irmão a fazer a prova.

A consequência foi que a Polícia Militar (PM) foi chamada na escola pelos coordenadores que aplicavam o exame, após um outro candidato avisar que viu a tentativa de fraude. Os suspeitos foram levados a uma delegacia, com provas e gabarito. Ouvidos e liberados, em princípio eles alegaram que houve a troca dos cadernos de provas por engano, mas depois confessaram. A PF ouviu fiscal de prova, coordenação, policiais e outros candidatos e vai investigar se mais pessoas estavam envolvidas. A ocorrência é tratada como tentativa de fraude, já que a troca dos gabaritos não foi concluída. As penas por fraude e estelionato podem chegar a até nove anos de prisão.

A organização criminosa identificada na operação da PF no ano passado, em Montes Claros, utilizava uma central de telefonia celular para repassar os gabaritos para os candidatos. Nesse caso, as penas ultrapassam 20 anos. O esquema era usado principalmente para os cursos de medicina. Antes do Enem o grupo teria fraudado outros vestibulares em 2016.

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017 terminou com 273 participantes eliminados, entre eles os dois irmãos de Montes Claros. Quase 5 milhões de inscritos compareceram e tiveram que escrever uma redação sobre os “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. A abstenção foi de 30,2%.