Levantamento

Maioria dos brasileiros está muito ou extremamente preocupada com coronavírus

Pesquisa da Quaest aponta que 71% das pessoas pretendem evitar grandes aglomerações como forma de evitar contaminação

Por Rafaela Mansur
Publicado em 12 de março de 2020 | 03:30
 
 
A maior parte dos suspeitos se encontra em São Paulo CADU ROLIM/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Mais de seis em cada dez brasileiros estão muito ou extremamente preocupados com o coronavírus e 67% das pessoas têm medo de o vírus se espalhar pelo país. Os dados são de uma pesquisa de opinião pública realizada pela Quaest com mil entrevistados de todas as regiões do Brasil, entre os dias 2 e 5 de março, e divulgada nesta quarta-feira (11).

"Nós vivemos em um mundo digitalizado e conectado. Hoje, é muito mais fácil ter ciência do que acontece em outros lugares do mundo, o que favorece a maneira como o brasileiro está reagindo a esse assunto, embora, no Brasil, a gente ainda não tenha chegado a níveis tão preocupantes, como é o caso da China e da Itália", afirma o diretor da Quaest, Felipe Nunes. Ele ressalta que as notícias falsas espalhadas nas redes sociais também contribuem para elevar a preocupação dos brasileiros.

Segundo o levantamento, a preocupação extrema é maior entre as mulheres, os adultos de 30 a 59 anos de idade, os moradores da região Norte do país e as pessoas com renda de até dois salários mínimos. Já o medo da disseminação do coronavírus pelo Brasil afeta, principalmente, as mulheres, os jovens de 18 a 29 anos, os moradores da região Nordeste e também as pessoas com renda de até dois salários mínimos.

"Dá para ver claramente que há um recorte socioeconômico. A população de baixa renda em regiões mais pobres do país acaba tendo uma preocupação maior do que a média nacional", diz Nunes.

A pesquisa aponta, ainda, que 71% dos brasileiros pretendem evitar grandes aglomerações como forma de prevenir a contaminação. "As pessoas estão extremamente preocupadas com a proliferação do vírus no país e, por isso, estão dispostas a evitar grandes aglomerações nos próximos dias, o que causa impactos nos jogos de futebol, shows e manifestações", aponta o diretor.

De acordo com o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unaí Tupinambás, uma epidemia no Brasil parece inevitável, mas ainda não é possível saber como será o comportamento da infecção no país. "A grande maioria dos casos são de poucos sintomas. As pessoas devem estar atentas às orientações das autoridades sanitárias, como lavar as mãos com frequência e evitar aglomerações quando a epidemia estiver estabelecida", afirma.

Segundo ele, dois grupos exigem atenção maior: idosos acima de 60 anos, principalmente os que possuem doenças como diabetes, câncer ou hipertensão arterial; e trabalhadores da área de saúde, por causa da possibilidade de transmissão hospitalar.

O professor destaca a importância do SUS e ressalta que o país tem instrumentos para enfrentar o coronavírus. "Sabemos como evitar e combater a doença. Na China, a epidemia está se encerrando. Não pode haver pânico, porque isso traz irracionalidade", pontua.