Você já parou para pensar nos seus órgãos como seres vivos que se interrelacionam e trabalham em consonância, como uma orquestra afinada?
A tradicional medicina chinesa contempla essa visão integrada dos órgãos e do ser. Olga Mendonça, psicóloga clínica há 34 anos com formação em terapias corporais de cura ligados à tradicional medicina chinesa, fala sobre os rins. "Eles estão localizados nas costas, acima da cintura e muito bem protegidos pelas costelas. São do formato e tamanho de uma orelha média e pulsam e bombeiam como o coração. Sua função é filtrar todos os líquidos do seu corpo, removendo o excesso de água e os subprodutos inúteis de muitas reações químicas do organismo", explica.
Os rins podem filtrar até seis xícaras de líquidos por dia, incluindo os líquidos já presentes em nosso corpo e aqueles que ingerimos a cada momento. "É por isso que beber líquidos em excesso é tão prejudicial quanto beber pouco. Dependendo de sua transpiração, deve-se beber em média 3 l de água por dia", recomenda a especialista.
Segundo Olga, o excesso de depósitos minerais prejudica o bom funcionamento dos rins que, quando não conseguem trabalhar adequadamente, começam a reter líquido no sangue e a conseqüência é o aumento da pressão sangüínea.
"Os rins eliminam as toxinas que foram dissolvidas e liberadas pelo fígado. Se sobrecarregados com toxinas, ficam lentos e perdem energia. Isso gera uma sensação de cansaço em todo o corpo", diz Olga.
Energia. Dentro da visão chinesa de cura, cada órgão está associado a um tipo de energia vital: yin ou yang, manifestações que se contrapõem e se complementam. "Dessa forma, os rins são órgãos yin e o órgão que os complementa é a bexiga, que é yang. A sua energia está associada à cor azul escuro e ao elemento água, que alimenta os rins e ele tem como qualidades a delicadeza e a brandura. As pessoas cuja energia dos rins está equilibrada são suaves, calmas e adaptáveis", afirma.
"Se você tem uma vontade forte, é ambicioso, destemido, tem um poder de alerta sensorial e é persistente, significa que a energia dos seus rins é abundante. Se essa energia for fraca, a pessoa fica indecisa", pontua a terapeuta. A emoção negativa ligada ao chi (energia vital) da água (rim) é o medo - sentimento que tolhe, limita, comprime. "As pessoas que vivenciam o aspecto negativo da energia dos rins, em desequilíbrio, são medrosas, sentem frio, umidade e terror. O medo pode afetar os rins e seu órgão complementar, a bexiga", adverte Sônia.
Por isso muitas pessoas em momentos de perigo ou pânico perdem o controle da bexiga.
Outras emoções negativas que prejudicam os rins, diz Olga, são a paranóia, a instabilidade emocional, a mesquinharia, a dispersão, a estagnação e o andar em círculos, sem chegar a lugar nenhum.
Segundo os chineses, cada indivíduo armazena o chi pré-natal, transmitido pelos pais e distribuído para todas as partes do corpo. Da concepção à velhice, esse chi se mantém como a força principal de vida.
"Mas somos nós quem determinamos o grau da sua vitalidade e a extensão de sua vida. Todas as funções essenciais, inclusive o nascimento, crescimento, reprodução, sexualidade, envelhecimento e morte, estão sob a responsabilidade dos rins. Eles são pequenos, mas muito poderosos. E ainda comandam o sistema urinário", ensina a terapeuta.