Filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan Bolsonaro deve prestar depoimento à Polícia Federal, na tarde desta quinta-feira (7). Ele é investigado em inquérito sobre tráfico de influência e lavagem de dinheiro. 

Jair Renan, o caçula dos quatro filhos homens do presidente, teria atuado junto ao governo do pai em benefício da própria empresa. O inquérito foi aberto em março de 2021, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), com base em denúncia apresentada por parlamentares da oposição.

O depoimento já havia sido marcado para dezembro, mas Jair Renan não compareceu, alegando estar com uma virose.

À época do primeiro depoimento, o advogado Frederick Wassef, que defende o filho do presidente, afirmou que o inquérito faz parte de "atos coordenados para atingir o presidente Bolsonaro" e que Jair Renan não recebeu vantagens indevidas.

Festa documentada por produtora que prestava serviços ao governo

Empresa de Jair Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia foi criada no fim do ano passado. A festa de inauguração do escritório teve cobertura de fotos e vídeos feita de graça por uma produtora que prestava serviços para o governo federal.

Nas redes sociais da empresa do filho do presidente havia, à época da abertura das investigações, fotos de duas peças de mármore que decoravam o escritório.

A empresa Gramazini, do ramo de mineração e construção, foi marcada nessa publicação. Um dos sócios da Gramazini foi à festa de inauguração da empresa.

Um parceiro comercial do filho do presidente, Allan Lucena, que dividia o escritório com ele, disse que ganhou um carro elétrico da empresa Neon Motors, ligada a esse mesmo grupo empresarial, como revelou o jornal O Globo.

Em um vídeo, Allan Lucena aparece saindo do carro que, segundo ele, foi doado pelas empresas Gramazine e grupo WK.

Em outro vídeo, publicado na rede social de uma empresa envolvida na doação, é possível ver Renan caminhando no pátio de uma empresa de granito do grupo, no Espírito Santo. Ao fundo, aparece um carro como o que foi doado ao parceiro do filho do presidente.

A PF investiga se, em novembro do ano passado, Renan Bolsonaro atuou para que o grupo empresarial conseguisse duas reuniões no Ministério do Desenvolvimento Regional para falar sobre um projeto de construção de casas populares.

À época da abertura do inquérito, o Ministério do Desenvolvimento Regional disse que as reuniões foram marcadas a pedido de Jair Fonseca, um assessor especial do presidente da República.

Renan Bolsonaro e o parceiro comercial dele, Allan Lucena, participaram pessoalmente das duas reuniões no ministério, ao lado de empresários — um deles da Gramazini — em novembro do ano passado.

Em uma dessas reuniões, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) estava presente. Na agenda pública, só o nome do assessor da presidência aparece — não há menções ao filho do presidente ou aos empresários.

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