De olho em um protagonismo perdido em 2018, puxado pela derrota de 2014 e pelo coro a favor do impeachment da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) defendido Aécio Neves, o PSDB quer se destacar na votação de projetos no Congresso Nacional. Para isso, deve reforçar as orientações da bancada, de acordo com o presidente nacional do partido, Marconi Perillo.

“Sempre que houver matéria relevante e de grande interesse público do país, nós vamos orientar a bancada. Ninguém obriga, mas a gente orienta no sentido de se fazer o melhor para o país”, disse, em entrevista exclusiva a O TEMPO Brasília.

Marconi Perillo garante, no entanto, que a busca de posicionamento no Legislativo difere do toma lá, dá cá por troca de favores e cargos no governo. “O PSDB não é um partido que fica aderindo para o governo de plantão. Nós temos muita nitidez política, filosófica, programática. E ao contrário do Centrão que uma hora tá com Lula e outra tá com Bolsonaro, nós, não. Nós somos a favor do Brasil”, afirma Perillo. 

O dirigente partidário reconhece que a falta de alianças afasta a legenda do poder. “Isso, às vezes, dificulta, diminui a bancada porque não tem emenda, não tem ministério, mas a gente mantém a nossa coerência”, conclui. 

Lula ou Bolsonaro?

O presidente nacional do PSDB reconhece qualidades no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ele, a política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além do esforço do governo em recolocar o Brasil na cena internacional do debate de políticas ambientais são alguns dos acertos. “Mas o Haddad está sozinho”, acredita. 

Questionado que nota daria ao atual governo, de zero a dez, Perillo apostou na média. “Nota 5. Porque eu acho que tem muitos equívocos sendo cometidos. Os grandes problemas não estão sendo enfrentados como deveriam ser. Há muita expectativa da população, mas há também muita frustração.”

Em relação ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Perillo disse que "daria uma nota não muito alta". “Eu também daria uma nota não muito alta porque acho que houve muito equívoco também, principalmente a negação à ciência na pandemia. Diria que é a mesma coisa [nota]. Os extremos se prejudicam. Se retroalimentam, mas se prejudicam”, conclui.