'Não morreu'

Na busca pela ‘ressurreição’, PSDB se mobiliza para ser oposição ‘organizada’

Partido lançou o Farol da Oposição, programa de comunicação com críticas ao governo do PT para tentar abrir caminho favorável a uma terceira via em 2026

Por Hédio Júnior
Publicado em 17 de abril de 2024 | 19:33
 
 
O presidente do Instituto Teotônio Vilela, deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) Foto: Kiko Scartezini/PSDB Nacional

Com a rechaça de que esteja “em morte cerebral” e fora do debate político nacional, o PSDB articula para se fortalecer e organizar uma oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A proposta é mostrar que o partido tem “voz” e força para abrir uma trilha consolidada pela polarização entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - e cooptar eleitores que votaram em um candidato como protesto ou insatisfação ao outro.

A estratégia para isso foi apresentada pelo presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), deputado federal Aécio Neves (MG), nesta quarta-feira (17), na sede do partido em Brasília. Com um plano de comunicação diário chamado de Farol da Oposição, os tucanos querem alimentar os candidatos sobre o que consideram “malfeitos” e “equívocos” do governo federal e, com isso, fortalecer a militância capaz de fazê-los ocupar novamente o espaço de protagonismo da política nacional.

De acordo com Aécio, não há outro partido político atuando no Brasil, com a história do PSDB, que não queira manter vínculos com o governo do PT, e sim, reafirmar sua oposição sem, no entanto, se identificar com as teses do bolsonarismo. A ideia é furar a bolha da polarização "sem aderir a projetos A ou B".

“Eu costumo dizer aos críticos que falam que o PSDB iria desaparecer, que o partido está passando por uma ‘lipoaspiração’ para voltar mais forte e musculoso para cumprir o seu papel", anuncia Aécio. 

Farol da Oposição

O Whatsapp deve ser a principal ferramenta no disparo das informações do partido via textois e vídeos com feitos dos governos tucanos, como na gestão presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e da passagem de Aécio Neves pelo Governo de Minas (2003-2010). 

Em um deles, por exemplo, um programa mineiro é apontado como precursor do programa Pé de Meia, do atual Ministério da Educação. A intenção é, inclusive, informar a militância e a candidatura jovem que não acompanhou de forma crítica essas gestões - ainda que os os velhos caciques predominem o comando nacional da legenda. 

“[O que queremos é] Reafirmar a nossa postura de oposição a esse governo, mas não apenas uma oposição raivosa ou para desconstruir, mas uma oposição que demonstre que somos alternativa de poder, que nós sabemos governar e o Brasil está carente de governos qualificados, com coragem para fazer as coisas acontecerem”, disse o deputado mineiro.

Inocentado pela Justiça em 2023 do crime de corrupção passiva, do qual foi acusado em 2017, Aécio tenta retomar a voz de comando do partido que assumiu nos tempos áureos em que quase foi eleito presidente da República. Ele reconheceu que abrir essa terceira via não será fácil e apontou como falha do partido em 2022 o não lançamento de uma candidatura própria em prol de um projeto regional em São Paulo, que não ocorreu. 

Perillo

Presidente do PSDB Nacional, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo aponta falhas na política fiscal do governo federal, com excesso de gastos e não cumprimento de metas, além da política internacional. 

Ele garantiu que a organização do partido em posicionar não será só para apresentar críticas, mas propostas de melhorias das políticas públicas e econômicas, inclusive com direcionamentos das bancadas na defesas de projetos caros à legenda no Congresso Nacional. “O PSDB vai se manifestar com ideias claras em relação aos temas mais relevantes, mas vamos também apresentar ideias, força, projetos". 

Representação nacional 

O PSDB governa atualmente três estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. No Congresso Nacional tem uma bancada de 11 deputados federais - sendo dois mineiros, Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel - e apenas um senador - Plínio Valério, do Amazonas. 

Ainda que esvaziado no cenário federal, no municipal os tucanos esperam ampliar seus ninhos. A expectativa do partido, até agora, é de lançar pelo menos 1.143 pré-candidatos a prefeito e 812 vice-prefeitos, estando representados em 35% dos municípios brasileiros.  Atualmente o PSDB administra somente a Prefeitura de Palmas com previsão de candidaturas próprias em 12 capitais: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Campo Grande, Vitória, Palmas, Rio Branco, Macapá e Teresina.

Na capital de Minas, Aécio confia no nome do ex-deputado João Leite como candidato tucano. Nesta quinta-feira (18), os dois devem se reunir em Belo Horizonte onde o deputado federal vai defender a escolha do correligionário. “Eu defenderei com todas as forças que o João Leite seja o nosso candidato à Prefeitura de Belo horizonte e se for vai ganhar a eleição”, aposta.