Para além do atraso de quase 1h para dar início ao cortejo do Bloco da Calixto, a dificuldade para encontrar banheiros e espécies de "camarotes" montados com grades em frente aos comércios e prédios residenciais incomodaram os foliões que foram à Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, neste sábado de Carnaval (10 de fevereiro).
Na avenida Getúlio Vargas, onde passava o bloco, diversos prédios e lojas tiveram suas fachadas protegidas com grades. Entretanto, segundo muitos foliões, a medida acabou beneficiando os moradores do local, que puderam curtir a folia de "camarote".
As ruas paralelas à avenida onde ocorre o desfile não registram um movimento tão intenso, e, por isso, diversos foliões aproveitam para fazer suas necessidades nas fachadas dos prédios e entre os carros estacionados.
É o que conta João Carvalho, que foi contratado especificamente para ficar de olho na fachada de um prédio na rua dos Inconfidentes.
"A síndica colocou as grades aqui e me contratou para ficar de olho na fachada. Pessoal pede para entrar para descansar e fazer xixi, mas não tenho autorização para deixar. Sem essa grande as pessoas iriam fazer xixi na frente na garagem, até cena de sexo aqui no canto já teve caso", ponderou.
Banheiro chegou a custar R$ 15
Enquanto a reportagem do O TEMPO conversava com o porteiro, um grupo de foliãs chegou implorando para entrar e fazer xixi. Elas chegaram a oferecer R$ 100, mas o porteiro não pode liberar. Elas então sentaram entre dois carros e fizeram a necessidade na rua.
"Não queria fazer aqui, mas as poucas lojas abertas cobram cinco, dez até quinze reais pra usar o banheiro e têm filas enormes. Banheiro químico não encontrei nenhum esse tempo todo que acompanhei o bloco", contou Tatiana, que não quis passar o sobrenome para não ser identificada.
O bloco da Calixto desfila na avenida Getúlio Vargas e arrasta quase meio milhão de foliões pela Savassi.
Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, por nota, que a distribuição dos banheiros químicos no Carnaval considera o público planejado para os blocos, a extensão do trajeto e a quantidade de desfiles simultâneos, o que orienta a distribuição diária das cabines em "locais estratégicos".
"Os 99 pontos fixos atendem quase 80% do público total do Carnaval de Belo Horizonte. Os banheiros ficam localizados nas áreas de grande concentração de desfiles, para aproveitar pontos de convergência, visando atender o maior número de foliões dentro do dinamismo que um evento de rua desta magnitude exige. Os pontos fixos vão contar com o apoio de cinco caminhões sugadores de efluentes", detalhou o município.
Em relação aos gradis, segundo a PBH a fiscalização de controle urbanístico e ambiental prioriza ações de cumprimento de normas relacionadas à "segurança dos foliões à exemplo de cumprimento da programação dos blocos, dispersão de ambulantes no encerramento do desfile e licenciamento de eventos".
Atualizada às 20h34