A prefeitura de Belo Horizonte e entidades representativas da iniciativa privada consideraram positivo o saldo do Carnaval da capital em 2023. Apesar da greve do metrô e da falta de patrocínio, que “ameaçaram a festa”, Marah Costa, diretora de Eventos da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), da prefeitura, garantiu em entrevista a que não houve perdas relativas à estruturação, apesar de lamentar a ausência de recursos privados.  

“Acho que a ausência de patrocínio nos trouxe vários aprendizados. Fuad Noman (PSD) – prefeito – garantiu um investimento necessário para viabilizar o Carnaval. Em termos de fomento e estruturação, não tivemos nenhuma perda”, afirma.

“O balanço é extremamente positivo. A cidade funcionando, acordando limpa. Priorizamos que a via fique tomada pelos foliões, nosso grande foco, e foi o que conseguimos ver. Com segurança, sem importunação sexual, um Carnaval inclusivo. Prevaleceu o respeito, com relação ao Carnaval de 2020, este ano foi mais positivo em relação aos números de segurança pública, por exemplo. Colhemos os frutos do planejamento”, completa Marah. 

Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), Matheus Daniel pontua que o Carnaval foi bom para o setor, apesar de uma impressão inicial de que, financeiramente, os resultados das vendas ficaram um pouco abaixo das expectativas, um pouco pelo impacto causado pela organização da cidade.  

“Precisamos encontrar um equilíbrio melhor com o trânsito, o fechamento é muito amplo, demora para ser removido, mas o Carnaval está mais organizado e cada vez melhor. Financeiramente, ficou abaixo da expectativa, mas nunca vamos conseguir agradar a todos. Economicamente, para alguns, vai ser negativo. Mas no geral foi positivo para nossa atividade”, conclui Daniel. 

Economia que gira 

O presidente da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Nadim Donato, ressaltou a “boa circulação de dinheiro” no Carnaval, graças à movimentação de turistas e dos próprios moradores de BH. “Agora, esse dinheiro volta a circular. Muitas pessoas puderam fazer um trabalho extra, ter uma renda extra. Isso traz dignidade, isso traz desenvolvimento para a cidade de Belo Horizonte”, avalia. 

A reportagem de tentou contato na terça-feira (21) com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb-BH). Ambas as entidades informaram que não fariam balanços preliminares do Carnaval e que anunciarão resultados em entrevistas coletivas que serão concedidas nos próximos dias. 

Preços salgados  

A bebida no Carnaval deste ano não foi barata. Variando entre R$ 8 e R$ 15, o latão de cerveja pesou no bolso e muitos ambulantes evitaram colocar uma tabela fixa no carrinho para ter a liberdade de mudar os preços conforme a demanda. Alguns improvisam até placas escritas a caneta. Ícone da folia de Belo Horizonte, o Xeque Mate, que mistura rum, mate, guaraná e limão, foi vendido, em média, a R$ 15 pela latinha de 355ml. O produto chegou a ser encontrado por R$ 20. Para contornar os valores, alguns foliões levam as próprias bebidas e levam em coolers para economizar. 

Sem patrocínio 

Neste ano, após dois anos de paralisação na festa devido à pandemia de Covid-19, a folia foi principalmente financiada pelo Executivo, com aporte de R$ 10,6 milhões em organização, planejamento e execução, e sem “patrocinador-master”, como ocorreu em anos anteriores. O Carnaval de BH teve apoio do Sistema Fecomércio-MG, Sesc e Senac em Minas, com uma proposta de R$ 1 milhão, e dos Supermercados BH, com uma proposta de R$ 250 mil. 

A Belotur recebeu para os dois últimos carnavais, de 2019 e 2020, o valor global de R$ 27 milhões da patrocinadora máster AmBev, divididos entre verba direta e viabilização de estruturas e serviços, como banheiros químicos, gradil e outros gastos em logística.