Vinícius Sardão Colares - Nefrologista da Santa Casa de Juiz de Fora
Como os pacientes chegam ao hospital e como é a evolução da doença?
Eles chegam com náuseas, dores abdominais e diminuição de urina. Por meio de exames, percebemos que os rins estão funcionando pouco, com função menor que 10%. Depois disso, vêm os sintomas neurológicos: fraqueza, alteração da mobilidade dos músculos da face, falência dos nervos que mexem com essa parte do crânio e diminuição de força.
Por que as pessoas estão sendo entubadas?
Por causa da paralisia dos nervos. Os pacientes vão ficando mais confusos e com dificuldade para respirar. A falência respiratória ocorre por causa da parte neurológica.
Como tem sido o tratamento?
A gente começou um tratamento para várias coisas: tentamos matar bactérias com antibióticos e germes mais incomuns. Suspeitamos de alteração no sistema imunológico e começamos tratamentos específicos para isso. Em geral, estamos fazendo tratamento para várias coisas.
E qual tratamento teve melhor reação?
Não tenho esse dado até agora. A recuperação está lenta. A gente não sabe o que é retorno do tratamento e o que é evolução da doença.
O homem que morreu ficou quanto tempo internado?
Ele ficou internado, inicialmente, em Ubá, do dia 25 ao dia 30 (de dezembro). Foi transferido para Juiz de Fora no dia 31 de dezembro e veio a óbito no dia 7 de janeiro.
O senhor já viu algo parecido com o que está acontecendo? Qual é a hipótese que o senhor levanta?
Não é um caso comum. A gente não sabe o que está acontecendo, e, por isso, estamos fazendo um tratamento de múltiplas terapias, fazendo vários exames para tentar achar o que tem provocado isso.
Como têm sido as orientações com os outros médicos?
A gente notificou o Estado. Os sintomas estão sendo compilados, estão sendo feitas investigações para tentar achar um elo entre os pacientes. Montamos um grupo de trabalho para deixar as condutas homogêneas entre nós.
O senhor acredita que possam surgir novas vítimas?
Não dá para saber isso ainda, pois não sabemos se é transmissível, se tem uma fonte causadora desse problema.
O senhor acredita que a doença tenha relação com uma bebida?
Acho que pode ser uma questão mais regional, mas a vigilância (sanitária) é que saberá dizer ao certo.
Já existe algum alerta para a população?
Os exames estão sendo feitos pela Funed. O paciente que faleceu vai passar por autópsia que poderá mostrar coisas que a gente ainda não viu. Então, é cedo para falar qualquer coisa.