Entre 27 de junho 3 de julho deste ano, que corresponde à 27ª semana epidemiológica, Belo Horizonte teve 500 mil pessoas infectadas pelo coronavírus – número que é 36,4 vezes maior que os casos 13.700 oficialmente confirmados pela prefeitura da capital. A estimativa é de um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que monitora os níveis de presença do vírus no sistema de esgoto de BH. 

A quantidade de doentes, indica a pesquisa, equivale a 20% de toda a população de Belo Horizonte, que tem cerca de 2,5 milhões de pessoas. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (17), e foram analisados a partir de amostras do sistema de tratamento das bacias do Ribeirão Arrudas do Onça. 

A pesquisa também aponta que o pico de contágio do novo coronavírus na capital pode ter sido atingido na semana epidemiológica que terminou no último dia 3. De acordo com amostras coletadas do esgoto de Belo Horizonte e Contagem, a circulação do vírus foi após esse período, na 28ª semana epidemiológica. Nesta, cerca de 350 mil pessoas infectadas nas estimativas dos pesquisadores. Os resultados divulgados correspondem a análises feitas no período entre 13 de abril a 10 de julho.

Os resultados indicam que 100% das amostras de esgoto coletadas pelos pesquisadores tinham a presença do coronavírus nas últimas cinco semanas. “Esses resultados indicam a presença e persistência do vírus no esgoto de todas as regiões que integram as 15 sub-bacias de esgotamento monitoradas”, explica a universidade. 

“Essa diferença se deve, em grande parte, ao baixíssimo índice de testagem da população e ao fato de que as amostras de nossa investigação contêm RNA viral de pessoas assintomáticas ou com sintomas leves, que não procuram as unidades de saúde”, pontua a coordenadora do projeto-piloto, professora Juliana Calábria, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (Desa).

As estimativas são feitas com base nas concentrações virais encontradas nas “amostras de esgoto, determinadas em laboratório pela técnica de RT-qPCR e em variáveis que podem inserir incertezas aos resultados, como a carga de RNA viral média excretada pelas pessoas infectadas pelo vírus”, segundo a UFMG.