Emoção

Artista plástica inova e reúne família para o primeiro aniversário de seu filho

Mãe de aniversariante roteirizou as histórias do pequeno em um teatro de sombras que foi apresentado em frente à casa dos tios da criança

Por Aline Peres
Publicado em 04 de agosto de 2020 | 17:56
 
 
Mãe de aniversariante roteirizou as histórias do pequeno em um teatro de sombras que foi apresentado em frente à casa dos tios da criança Foto: Alex de Jesus

O primeiro aniversário de Caetano Bicalho Ferrari foi celebrado com muita criatividade. Com o isolamento social, recomendado durante a pandemia do novo coronavírus, a artista plástica Camila Bicalho, de 31 anos, mãe do pequeno, produziu um teatro de sombras com histórias do primeiro ano do filho. Ao todo 28 pessoas foram convidadas para participar da festa. O detalhe é que todas essas pessoas estavam representadas em bonecos de papel, colocados sobre cupcakes de chocolate. 

“Nesse momento de isolamento, a gente fica sentindo muito a falta de encontrar a família e, para não passar o aniversário de 1 ano do Caetano sem comemoração nenhuma, eu criei uma forma de trazer a família toda aqui em casa de uma forma plástica, por meio de recortes de papel”, explica a mãe do aniversariante. 

O aniversário começou com o teatro itinerante, que saiu da casa da criança, no bairro União, região Nordeste de Belo Horizonte, e passou pelos bairros da Graça, na região Leste da capital, e Renascença, região Nordeste. A apresentação da peça foi dentro da Berenice - a Kombi do pai da criança, Frederico Tavares Homem, de 29 anos. As encenações aconteceram na tarde desta terça-feira (4), em frente às casas de alguns dos tios e tias do pequeno. 

O empresário Wilson Colares, de 61 anos, morador do bairro da Graça e tio de Caetano, recebeu com emoção a visita do aniversariante. Ele e a família sabiam da visita, mas não da festa itinerante com o teatro e a foto personalizada sobre o cupcake.

De voz embargada, Colares falou da experiência. “Essa é uma situação totalmente inusitada que me surpreende. Só vivemos meia dúzia de meses da vida dele (Caetano), e os outros perdemos pela falta de convívio.”, disse o tio. 

Outra parada de Berenice (a Kombi) foi a casa dos tios Clóvis, Simone e Beth, no Renascença. Os familiares vibraram quando viram o pequeno, mas, ficaram mais surpresos ainda com a apresentação do teatro de sombras e a lembrança.

A jornalista e tia de Caetano, Márcia Elizabeth Bicalho Colares, de 57 anos (a tia Beth), comentou a experiência. “Achei sensacional a surpresa e me emocionei muito. A gente fica vendo à distância essas histórias e isso é uma pena. Imaginava que eles viriam só para conversar, mas, como ela (Camila) é uma artista plástica já imaginava uma coisa diferente”, disse a tia Beth. 

Ao fim de cada apresentação, os parentes também receberam vales-abraço, que serão compensados após o período de isolamento social. “Vou guardar meu vale abraço para quando eu puder amassá-lo todinho”, comentou uma das tias do aniversariante. 

Festa em outro ambiente

Depois do percurso para apresentar o teatro aos parentes, a família voltou para a casa, no bairro União, onde cantaram parabéns com o aniversariante, as avós e o restante dos familiares que não receberam a visita do teatro itinerante (representados por meio de bonecos de papel).

“Foi bom estar um pouco mais perto da família, nos ver de verdade e não pelo telefone como temos feito. Fiquei muito satisfeita porque foi uma forma de comemorar este dia de uma forma bem legal”, disse a mãe. 

Trabalho artesanal

Todo o trabalho, segundo explica Camila, foi feito artesanalmente e teve duração de dois meses. “Usei um papel mais encorpado para fazer os bonecos do teatro de sombras e os colei em palitos. Para fazer os personalizados, revelei a foto de cada um da família, recortei o rosto e eu mesma desenhei e pintei o corpo deles (dos parentes) com situações e roupas que eles mais se identificam. Todos os bonecos foram pintados à aquarela”, explicou a artista plástica. 

O roteiro da peça sobre o primeiro ano de vida de Caetano também foi produzido por Camila Bicalho. O pai também esteve presente em todos os preparativos.

“A ideia surgiu da mãe, e fui dando apoio nas questões técnicas. Já ficamos uma noite inteira aqui ensaiando para ver se daria certo o teatro. É uma data muito importante para a gente, e é muito emocionante comemorar dessa forma. Acabamos dando um jeito de unir os parentes mesmo eles estando longe”, finaliza o pai.