No dia em que se completou três anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas, uma comitiva de com cinco atingidos e apoiadores desembarcou em Londres. O grupo discute violações de direitos em reuniões com parlamentares e Organizações não Governamentais (ONGs), além de cobrar ações mais efetivas de reparo da BHP Billiton, uma das sócias da Samarco, responsável pela barragem. A iniciativa está sendo apoiada pelo Centro de Informação sobre Empresas e Direitos Humanos, Cáritas, Brasileira e Fundação Ford.

“A importância é internacionalizar o caso. É dar visibilidade a um crime que não acabou no dia 5 de novembro. Ele continua com as diversas violações ou com a falta de informação, participação e transparência que ainda existe no processo”, explicou Ana Paula Alves, assessora técnica da Caritas.

Os viajantes fizeram um ato intitulado “Mariana 3 anos depois”, as margens do rio Tâmisa, o principal da cidade, no final da manhã de ontem – no horário do país Europeu. “A gente pôde mostrar para a sociedade de Londres que nós existimos e que o que está sendo feito no Brasil é um descaso muito grande”, afirma a atingida do Espírito Santo, Joice Miranda. 

Vítima no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Mauro Marcos da Silva, concorda que é essencial não deixar que o incidente seja esquecido. “O ato foi importante para trazer para o mundo a lembrança de tudo o que aconteceu há três anos. Varias pessoas pararam e olharam”, considera.

Carta. A comitiva fez uma carta endereçada ao futuro rio Doce. “Somos milhares e estamos aqui (em Londres) porque ainda temos esperança de que a regeneração da natureza e a retomada de nossas vidas são possíveis. Acreditamos que o sofrimento da natureza e nosso sofrimento, não podem e não serão em vão”, escreveram os atingidos. Eles pedem ainda garantias de que desastres como o rompimento da barragem de Fundão não voltem a acontecer.

A comissão de atingidos se reuniu ontem com representantes da BHP Billinton, na sede da mineradora, em Londres. Conforme a assessoria de imprensa da empresa, a BHP manifestou “sinceras desculpas pelo acidente” e escutou as preocupações dos atingidos. Por fim, a empresa se comprometeu a acompanhar as questões levantadas junto à Fundação Renova e reafirmou sua confiança no trabalho da entidade.

Já a Renova, também por meio de nota, informou que as questões estão sendo “enfrentadas com empenho, disposição para negociar, transparência e comprometimento com a maior ação de recuperação ambiental, social e econômica em construção no país”. A nota acrescentou que objetivos importantes foram alcançados com relação a reparação. “As obras do reassentamento de Bento Rodrigues já foram iniciadas e foram desembolsados R$ 1,2 bilhão no pagamento de indenizações e auxílios financeiros”, citou a Fundação