Flexibilização

Ausência de Kalil em entrevista sinaliza reabertura do comércio em BH

Coletiva ocorre na tarde desta sexta-feira (31); suspeita ganha força com declaração do chefe do Executivo nesta quinta, de que “estamos começando a ver uma luz no fim do túnel

Por Lucas Negrisoli
Publicado em 30 de julho de 2020 | 17:39
 
 
Kalil Foto: Ramon Bitencourt / O Tempo

A prefeitura de Belo Horizonte (PBH) convocou uma coletiva de impressa para as 14 horas desta sexta-feira (31). Não foi revelado o que será anunciado, mas o prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD), não participará da entrevista – o que, historicamente, indica que deve ocorrer algum movimento de reabertura na cidade.

A suspeita ganha força com declaração do chefe do Executivo nesta quinta-feira (30), de que “estamos começando a ver uma luz no fim do túnel”, em relação aos números da pandemia de coronavírus na cidade. 

A fala ocorreu após uma reunião de cerca de duas horas com representantes do comércio da capital. Depois do fim da conversa, o presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, disse que há expectativa de um da PBH em relação aos assuntos discutidos ainda nesta sexta. Ele pontou que há esperança de que haja reabertura até o dia 4 de agosto, antes do Dia dos Pais.

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O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana (Sindhorb), Paulo Pedrosa, disse que a BHTrans está mapeando cerca de 70 pontos para fechamento de vias com maior concentração de bares e restaurantes. Ele também espera que a reabertura possa ocorrer a partir da próxima semana.

Outro fator que indica que algo relacionado à reabertura seja anunciado é a equipe escalada para a coletiva. Participam os secretários municipais de Saúde, Jackson Machado Pinto; de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis; de Fazenda, João Fleury Teixeira; de Desenvolvimento Econômico, Cláudio Beato e de Política Urbana, Maria Caldas. Machado se reuniu com o prefeito na tarde desta quinta. 

Contudo, nos bastidores não se tem certeza de uma data específica para a reabertura em Belo Horizonte. É dado como certo de que o tema será discutido nesta sexta, mas a decisão ainda depende dos números e do aval da equipe que compõe o comitê de enfrentamento à Covid-19.

Comerciantes pressionam prefeitura

"Quando vamos reabrir o comércio?", questiona, em nota, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). A entidade, que é uma das principais opositoras às políticas de isolamento social adotadas na capital, voltou a classificar a gestão de Alexandre Kalil como "intransigente e autoritária" e disse que ele "não aceita dialogar com quem tem divergências".

O motivo da declaração, de acordo com entidade, é a ausência da CDL/BH na reunião com representantes do comércio desta quinta. "Não se fez presente porque não foi convidada", alega o texto. Por diversas vezes, contudo, Kalil ressaltou que "pressão não adianta" e que seguirá as recomendações do comitê de enfrentamento ao coronavírus. 

Protestos do empresariado

Nas últimas semanas, protestos contrários ao fechamento da cidade ocorrem aos domingos. No último, manifestantes pediram reabertura e placas estampando frases como  "academia salva vidas" e "basta da Covid ideológica" figuraram nas mãos dos participantes.

Coronavírus em Belo Horizonte

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura, na noite dessa quarta-feira (29) Belo Horizonte somava 19.112 casos confirmados de Covid-19 e 482 mortes causadas pela doença. Foi a primeira vez desde o último 23 de junho que a cidade não registrou óbitos em 24 horas. 

Contudo, os indicadores usados pelo comitê de enfrentamento à pandemia na capital seguem altos. A taxa de ocupação de UTIs exclusivas para pacientes de coronavírus é de 91% e, a total, de 87%. Nas enfermarias, há 69% dos leitos exclusivos para Covid-19 ocupados e 70% dos gerais utilizados.