Possível pane

Avião sai da pista, se parte ao meio e uma pessoa morre no Aeroporto da Pampulha

Um segundo tripulante foi resgatado em estado grave e outro teve apenas escoriações. Suspeita é de que o trem de pouso tenha falhado no momento que o jato iria pousar

Ter, 20/04/21 - 14h51
Acidente com avião no aeroporto da Pampulha | Foto: Flavio Tavares/O Tempo

Um homem de 76 anos morreu e outro, de 28, foi resgatado em estado grave após um acidente envolvendo um avião no início da tarde desta terça-feira (20) no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, a aeronave tinha três tripulantes. O copiloto que estava na cabine morreu na hora, já o piloto foi resgatado em estado grave para o Pronto Socorro do Hospital João XXIII. Os dois ficaram presos às ferragens. Os militares precisaram aplicar técnicas de desencarceramento. 

Um terceiro tripulante, um homem de 31 anos, conseguiu sair da aeronave apenas com escoriações. Existe a suspeita de que tenha ocorrido alguma falha no trem de pouso do avião no momento em que o jato iria pousar.

A Infraero informou que a pista ficou interditada, tanto para pouso quanto para decolagem, de 13h55 até 14h29 devido ao acidente envolvendo a aeronave Learjet LR35. Além disso, afirmou que o voo era de teste. Em nota, garantiu que a ocorrência será investigada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Susto

O estudante Guilherme Barros, 21, que mora bem próximo ao aeroporto diz ter ouvido um barulho forte no momento do acidente. Ele conta que quando chegou à janela, junto com a mãe, para ver o que tinha acontecido, ainda foi possível ver a aeronave saindo da pista.

“Deu pra ver ele deslizando para fora da pista. Não deu pra ver o trem de pouso abaixado, até porque na pista estava saindo faísca enquanto ele deslizava, por isso pode ser que ele não estava com o trem de pouso acionado. Ele foi deslizando em alta velocidade e parou em um pequeno barranco ao final da pista”, explicou o estudante.

Bombeiros militares da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) também atuaram no local.

Conheça o que se sabe até agora

Horas depois do acidente aéreo no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, foi atestado que o avião realizou uma série de pousos e decolagens nos minutos que antecederam a tragédia. Entretanto, não se confirmou se os procedimentos de toque e arremetida – como é nomeada a manobra de pouso, aceleração e decolagem – eram parte de um treinamento de piloto ou de testes de manutenção.

De acordo com o major Fábio Alves Dias, do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros, por enquanto não há confirmação se o jato realizava manobras como parte de uma operação de manutenção ou se a série de pousos e decolagens feita por ele no instante da queda eram parte de um treinamento. E, segundo informações fornecidas pela própria corporação, o piloto que conduzia o avião no momento do acidente era um aluno em treinamento. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que tratava-se de voo para teste.

Documentação em dia

A aeronave Learjet LR-35 não possuía irregularidades, segundo repassou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na noite de terça-feira. O Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA), documento que permite a circulação do avião, estava em dia. Segundo relatório, o jato foi registrado na categoria de “serviço aéreo privado”. A reportagem entrou em contato com os números de telefone disponíveis nas páginas das empresas que seriam responsáveis pela aeronave, mas não conseguiu retorno. 

Investigação

De acordo com o Corpo de Bombeiros, não foram apontadas possíveis causas para o acidente. “Só poderão ser esclarecidas após as investigações”, afirmou o major Fábio Alves Dias. Procurada, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pontuou que a ocorrência será submetida à apuração do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Por meio de nota, quanto à atividade exercida pela aeronave, a instituição informou apenas que tratava-se de um voos de teste.

Caixa preta

Criadores de animais em um rancho às margens do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, acreditam ter encontrado a caixa preta pertencente à aeronave. A peça foi repassada para o Corpo de Bombeiros, e se realmente tratar-se da caixa preta, será ferramenta fundamental na apuração das causas da tragédia. O barman Maycon Joseph Gonçalves, 31, foi um dos criadores que viu a peça do avião entregue às autoridades. Segundo ele, o objeto foi encontrado logo após o acidente, quando reuniu-se com colegas para tentar prestar os primeiros socorros às vítimas.

“Nós vimos uma peça, muito quente, não sabíamos direito o que era, mas parece que é, sim, a caixa preta. A gente pegou e entregou para o pessoal do Corpo de Bombeiros”. Maycon e outros criadores foram os primeiros a alcançar o local onde a aeronave se acidentou, nos limites entre o final da pista do Aeroporto da Pampulha e o rancho. Entre os três tripulantes do avião, um deles, um homem de 31 anos, conseguiu sair sozinho do jato modelo Learjet LR35 depois da colisão. Ele trocou algumas palavras com Maycon e pediu que os outros se afastassem pelo risco de explosão, como detalha o criador de animais.

"A gente estava aqui no rancho onde criamos os animais e um dos rapazes gritou: ‘olha lá para você ver o negócio’. A gente olhou para o lado e o avião estava caindo. Corremos para a mata para ver se tinha alguma vítima, alguma coisa. Quando a gente chegou perto, o rapaz encontrou com a gente e nós perguntamos se tinha mais alguém. Ele disse que tinha dois sobreviventes lá dentro (do avião), só que falou para ninguém chegar perto porque o cheiro de querosene estava muito forte, podia pegar fogo e explodir". 

Permaneceram presos à cabine do jato o piloto de 28 anos, que, segundo o Corpo de Bombeiros, era um aluno em treinamento, e o copiloto, um homem de 76 anos. Este não resistiu e morreu na hora. O piloto à hora do acidente foi resgatado em estado grave e transportado pelo helicóptero Arcanjo para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

Atualizada às 20h56. 

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