Aeroporto da Pampulha

Caixa preta de avião teria sido achada por testemunhas após acidente na Pampulha

Maycon Joseph Gonçalves, 31, acompanhou de perto o acidente aéreo, e ele e colegas, como conta, teriam encontrado a caixa preta da aeronave e entregue para bombeiros

Por Bruno Menezes e Lara Alves
Publicado em 20 de abril de 2021 | 20:46
 
 
 
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Criadores de animais em um rancho às margens do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, acreditam ter encontrado a caixa preta pertencente à aeronave que saiu da pista e partiu-se ao meio deixando um morto e uma pessoa gravemente ferida na tarde desta terça-feira (20). A peça foi repassada para o Corpo de Bombeiros, e se realmente tratar-se da caixa preta, será ferramenta fundamental na apuração das causas da tragédia capitaneada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O barman Maycon Joseph Gonçalves, 31, foi um dos criadores que viu a peça do avião entregue às autoridades. Segundo ele, o objeto foi encontrado logo após o acidente, quando reuniu-se com colegas para tentar prestar os primeiros socorros às vítimas.

“Nós vimos uma peça, muito quente, não sabíamos direito o que era, mas parece que é, sim, a caixa preta. A gente pegou e entregou para o pessoal do Corpo de Bombeiros”. Maycon e outros criadores foram os primeiros a alcançar o local onde a aeronave se acidentou, nos limites entre o final da pista do Aeroporto da Pampulha e o rancho. Entre os três tripulantes do avião, um deles, um homem de 31 anos, conseguiu sair sozinho do jato modelo Learjet LR35 depois da colisão. Ele trocou algumas palavras com Maycon e pediu que os outros se afastassem pelo risco de explosão, como detalha o criador de animais.

"A gente estava aqui no rancho onde criamos os animais e um dos rapazes gritou: ‘olha lá para você ver o negócio’. A gente olhou para o lado e o avião estava caindo. Corremos para a mata para ver se tinha alguma vítima, alguma coisa. Quando a gente chegou perto, o rapaz encontrou com a gente e nós perguntamos se tinha mais alguém. Ele disse que tinha dois sobreviventes lá dentro (do avião), só que falou para ninguém chegar perto porque o cheiro de querosene estava muito forte, podia pegar fogo e explodir".

Permaneceram presos à cabine do jato o piloto de 28 anos, que, segundo o Corpo de Bombeiros, era um aluno em treinamento, e o copiloto, um homem de 76 anos. Este não resistiu e morreu na hora. O piloto à hora do acidente foi resgatado em estado grave e transportado pelo helicóptero Arcanjo para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.

O que se sabe até o momento

Horas depois do acidente aéreo no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, foi atestado que o avião realizou uma série de pousos e decolagens nos minutos que antecederam a tragédia. Entretanto, não se confirmou se os procedimentos de toque e arremetida – como é nomeada a manobra de pouso, aceleração e decolagem – eram parte de um treinamento de piloto ou de testes de manutenção. A aeronave, um Learjet LR-35, escorregou para fora da pista e partiu-se ao meio na tarde de terça-feira. Três tripulantes ocupavam seu interior, sendo que dois deles estavam na cabine.

De acordo com o major Fábio Alves Dias, do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros, por enquanto não há confirmação se o jato realizava manobras como parte de uma operação de manutenção ou se a série de pousos e decolagens feita por ele no instante da queda eram parte de um treinamento. De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), tratava-se de voo para teste.

Documentação em dia

A aeronave Learjet LR-35 não possuía irregularidades, segundo repassou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na noite de terça-feira. O Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA), documento que permite a circulação do avião, estava em dia. Segundo o registro, o jato foi registrado na categoria de “serviço aéreo privado”. A reportagem entrou em contato com os números de telefone disponíveis nas páginas das empresas que seriam responsáveis pela aeronave, mas não conseguiu retorno. Em função da categoria de registro, o avião não possuía permissão para táxi aéreo.

Investigação

De acordo com o Corpo de Bombeiros, não foram apontadas possíveis causas para o acidente. “Só poderão ser esclarecidas após as investigações”, afirmou o major Fábio Alves Dias. Procurada, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) pontuou que a ocorrência será submetida à apuração do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Por meio de nota, quanto à atividade exercida pela aeronave, a instituição informou apenas que tratava-se de um voos de teste.

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