Belo-horizontinos enchem os bares da capital no primeiro dia de reabertura

Na capital mundial dos bares, os belo-horizontinos puderam matar a saudade de sentar à mesa de um boteco com os amigos nesta sexta-feira (4), primeiro dia de permissão para os estabelecimentos comercializarem bebida alcoólica após mais de cinco meses. Mesmo cheios, a maior parte dos bares conseguiu garantir o cumprimento das medidas de prevenção do coronavírus. Em alguns pontos, no entanto, houve descumprimento das normas municipais, como clientes sendo atendidos de pé e mesas próximas umas das outras.

Na Savassi, na região Centro-Sul da capital, a maioria dos bares estava com todas as mesas disponíveis lotadas. Em alguns casos, havia mais de quatro pessoas por mesa, o que também está proibido. 

A cabeleireira Misael Rodrigues, 64, quis aproveitar o primeiro dia de reabertura e mandou fazer uma máscara especial para a ocasião: o item tem a parte da boca aberta. “Eu uso para fumar, tomar cerveja. Faz muita falta ir para um bar, relaxar, e aqui está tranquilo, o pessoal está respeitando bastante”, conta. 

No bairro Santa Tereza, tradicional reduto boêmio, o movimento era tranquilo na maioria dos bares. Mas, em alguns deles, havia pessoas de pé e em aglomeração. 

Há 20 anos no mesmo ponto na praça Duque de Caxias, Nivaldo Anivaldo criou um serviço de delivery durante a pandemia, que ajudou a manter cerca de 30% da renda, mas estava ansioso para reabrir as portas. “Começou bem, o pessoal estava doido para vir. Mas acho que vai demorar um pouco ainda para voltar ao que era”, diz. 

O enfermeiro Rafael Carvalho comemorou o aniversário de 33 anos com um grupo de amigos no bar nesta sexta, feliz por matar a saudade do boteco e, ao mesmo tempo, preocupado com a situação da pandemia. “É claro que não é o momento correto. Mas com máscara, tomando os cuidados, estamos tentando voltar ao nosso novo normal”, afirma. 

O encarregado de departamento pessoal Sérgio Lopes, 35, saiu para beber com os amigos, mas adotando os cuidados de distanciamento. “Eu, como bom belo-horizontino, estava ansioso para ir para o boteco tomar uma gelada. Eu acho que a reabertura era necessária para as empresas tentarem amenizar os efeitos da crise. Mas as pessoas precisam ter consciência. Quem sair deve ter a ideia de preservar a própria saúde e a de quem está em casa. Só depende da população”, diz. 

Os bares podem vender bebida alcoólica às sextas-feiras a partir das 17h, e aos sábados e domingos, a partir das 11h. Os estabelecimento devem fechar às 22h. Música ao vivo e exibição de eventos esportivos estão proibidas.

É preciso separar “joio do trigo”, diz presidente da Abrasel-MG

O presidente da Associacao Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/MG), Ricardo Rodrigues, defendeu que a fiscalização atue de forma pontual em relação aos estabelecimentos que estão descumprindo as normas da prefeitura, de forma que os demais não sejam prejudicados. 

“Nós passamos cinco meses fechados, 30% do segmento quebrou, temos percentual com perigo de quebrar agora na reabertura. Alguns  estabelecimentos, infelizmente, querem auferir lucro a qualquer custo e não se preocupam com a saúde, que é a preocupação da Abrasel. A gente acredita que o município vai ter maturidade na fiscalização de separar o joio do trigo”, afirmou Rodrigues. 

Ele diz que espera que a reabertura do setor possa ser ampliada nos próximos dias. “Essa abertura com horários e dias reduzidos traz um risco grande de quebrar outros estabelecimentos, porque os custos do negócio voltam 100%”.

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que está atuando em toda a cidade, com a Guarda Municipal e a Subsecretaria de Fiscalização. Segundo o município, uma operação envolvendo as duas equipes e a BHTrans percorrerá as principais áreas de concentração de bares, na noite desta sexta-feira e nos próximos dias.