No dia 15 de maio de 2020, pouco menos de 2 meses desde a chegada do Covid-19 na capital mineira, teve início o monitoramento da Taxa de Transmissão da doença pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Após quase 2 anos de índices praticamente diários, BH atingiu, nesta terça-feira (22), o seu menor número desde o início do levantamento. A informação foi confirmada à O TEMPO pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O Número Médio de Transmissão por Infectado (RT) chegou nesta terça a 0,78, o que indica que, a cada 100 pessoas confirmadas para o novo coronavírus, outras 78 também acabam contaminadas. Na primeira medição, em maio de 2020, o valor encontrado foi de 1,09. O maior valor registrado na capital mineira foi de 1,28, no dia 15 de março de 2021.
Segundo o infectologista e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, esse é um excelente sinal após o pico da Ômicron, em que o RT subiu muito.
"Estamos vendo uma queda acelerada e isso é muito esperado para essa cepa, que se dissemina muito rapidamente e cai mais rápido que as outras. Mas isso não significa que estejamos sem pandemia, o vírus continua circulando e os cuidados devem ser mantidos", explica.
O infectologista Unai Tupinambás, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro dos comitês de enfrentamento Covid-19 da PBH e da UFMG, conta que a queda na transmissão já era esperada e destaca o papel da vacina na menor mortalidade registrada em 2022.
"A curva de BH está seguindo muito como foi na África do Sul, onde ela subiu em quatro semanas e desceu em três. Isso se deve sim, é claro, à vacinação. Vemos com bons olhos a redução da mortalidade, mas temos que manter a vacinação. As pessoas que não tomaram a terceira dose devem fazê-lo, já que ela protege de casos graves. A mesma coisa para as crianças e adultos aptos a receberem pelo menos as duas doses", orienta Tupinambás.
Ainda conforme o membro do comitê da PBH, também é esperado que a cidade tenha algumas semanas ou meses de calmaria, mas isso dependerá de como será o comportamento de alguma nova variante que venha surgir.
"A gente espera que a tragédia, que vimos em abril de 2021, não deve se repetir. Mas estamos quase entrando no outono e temos a ameaça da dengue, zika e chikungunya. Por isso, temos que proteger não só as nossas vidas, mas o Sistema Único de Saúde (SUS), que está há 2 anos sendo bombardeado com essa pandemia", complementa o especialista.
Queda no RT, aumento na ocupação
Apesar da tendência de redução na transmissão da doença, observada desde o início de fevereiro, a ocupação dos leitos de UTI e enfermaria, após dias de queda, voltaram a subir conforme o Boletim Epidemiológico desta terça.
A ocupação das UTIs voltadas para a Covid, que estava em 60,9% na segunda-feira (21), passou para 66,2% nesta terça. O indicador continuou no nível amarelo, de atenção.
Ao mesmo tempo, o índice de leitos de enfermaria passou de 45,9% para 48,4% em 24h. Apesar do aumento, o número segue no nível de controle, o verde.
A cidade registrou ainda 15 mortes em um dia, chegando a 7,366 óbitos desde o início da pandemia, em março de 2020. BH totaliza ainda 336.070 casos confirmados da doença, sendo que 3.680 seguem em acompanhamento.