Solidariedade

Bistrô serve comida requintada, na véspera de Natal, para moradores de rua de BH

Ação ocorre pelo menos uma vez por mês e cria reações distintas em quem muitas vezes não sabe quando terá de novo o que comer

Sex, 25/12/20 - 19h40

Um cardápio requintado para quem mais precisa e muitas vezes não sabe quando irá ter um prato de comida novamente à disposição. A noite de natal de ao menos 125 moradores de rua de Belo Horizonte foi diferente em 2020, quando eles tiveram o primeiro contato com a culinária da alta gastronomia.

Nessa quinta-feira (24), véspera de natal, o A2 Bistrô, ocalizado no bairro Palmares, na região Nordeste de Belo Horizonte, promoveu uma ação que entregou 125 marmitas para pessoas em situação de rua, em pontos distintos da capital.

No cardápio, um prato de dar inveja: fettucine artesanal, ragu de carne envolvido em um molho de tomate, finalizado com molho pesto, parmesão extra premium e farofa panko. Para acompanhar, os moradores de rua também ganharam uma lata de coca cola e, de sobremesa, verrine de prestígio. O bistrô foi aberto em janeiro deste ano e de acordo com o chef do estabelecimento, Alexandre Santiago Azevedo, a ação ocorre pelo menos uma vez por mês há oito meses, como uma forma de gratidão.

“A ideia, desde que abri o restaurante, já era pegar uma vez por mês e fazer essa ação. Quando a gente se estabilizou, juntou com a pandemia e eu decidi tirar isso do papel e fazer de fato”, explica. A montagem das marmitas envolveu seis pessoas e tudo foi feito da mesma forma que é feita a montagem dos pratos para os clientes do restaurante. No bistrô, o prato servido aos moradores de rua custa R$ 47.

Prontas, as marmitas foram levadas em pontos distintos da capital, como a praça Raul Soares, a praça da Estação e as imedições da rodoviária, locais onde, segundo o chef, os moradores de rua costumam se concentrar. A reação de cada um ao ver os pratos, foi uma surpresa para a equipe do bistrô.

“Eles agradeciam, normalmente. Eles estão acostumados a receber comida assim. Mas quando eles abriam a marmita e viam o que era e experimentavam a reação era sempre de emoção. Várias vezes a gente ouviu: ‘nossa, tem dois anos que eu não bebo uma coca cola’. Quando eles experimentavam a sobremesa comentavam: ‘que coisa mais absurda, nunca comi algo igual a isso’. Foi emocionante para toda a nossa equipe”, afirma o chef.  

Dificuldades

A ação feita para os moradores de rua ocorre na mesma época em que o chef Alexandre Santiago viu o faturamento do bistrô cair 95%, devido a pandemia de coronavírus. Com dificuldade de se adaptar ao delivery, ele diz que as coisas voltaram a caminhar melhor porque os clientes também passaram a frequentar o bistrô durante a semana.

“A gente se reinventou no delivery, mas não era algo que me agradava como chef. Porque o empratamento é visto por mim como uma forma de arte. Colocar a minha comida na marmita era uma tristeza. Mas fizemos o delivery e nos mantivemos vivos. O que aconteceu depois foi a realocação das pessoas. O cliente que vinha sábado, agora vem na terça ou na quarta. Ao invés da gente ter aquelas filas grandes no sábado, a gente teve uma realocação das pessoas naturalmente. Hoje o meu restaurante fica de terça a sábado movimentado”, disse Alexandre.  

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.