CRUELDADE

Cães e gatos abandonados lotam ruas e abrigos de Varginha

Para veterinário, muitas pessoas adquirem os animais por impulsividade, depois abandonam os cães e gatos nas ruas

Por ALINE DINIZ
Publicado em 05 de novembro de 2013 | 12:22
 
 

Cães e gatos estão tomando conta das ruas de Varginha, no Sul de Minas. Vários deles são abandonados pelos donos, revelando negligência. O problema se agrava porque o canil municipal está superlotado. São cerca de 250 vagas, mas, atualmente, há mais de 300 animais no local. Conscientização da população, castração e a possibilidade de colocar chips de monitoramento nos animais são alternativas para solucionar o problema. 

Um comerciante de 46 anos, que trabalha no centro da cidade e preferiu não ter a identidade revelada, conta que a situação é de dar dó. “Os donos não conseguem sustentar e abandonam os animais. Outro dia um cachorro foi atropelado e morreu na hora”, conta.

O veterinário do Centro de Zoonoses do município, Guilherme Pimenta de Pádua Zolini, ressalta que são duas as principais causas para o abandono. Primeiro, alguns cães são largados porque estão velhos e apresentam problemas de saúde. Outros são deixados pelas ruas por negligência. “As pessoas adquirem o animal por impulsividade, mas é preciso lembrar que ele é um ser vivo, não um brinquedo”, afirma. Uma funcionária de uma padaria localizada no bairro Bom Pastor relata que as ruas ficam sujas, mas que os cães não a incomodam. “Eu tenho um vira-lata há dez anos. Acho uma crueldade e um pecado abandonar animais na rua”, analisa.

Segundo Zolini, a prefeitura da cidade oferece, há quase dois anos, um programa de castração. “Realizamos o procedimento de graça. Em menos de dois anos, mil animais já foram castrados”, conta.

De acordo com o veterinário, apesar de a cidade não contar com censo de animais, o número parece ter reduzido. “Na campanha de vacinação do ano passado, atendemos 19 mil animais. Em 2013, esse número passou para 16.500”, disse. Ele estima que 6.000 animais deixaram de nascer por causa do programa. 

Abrigo

A capacidade do canil municipal de Varginha é de, aproximadamente, 250 animais, porém, cerca de 300 cães ocupam esse espaço. Guilherme Zolini explica que a política é evitar a eutanásia (indução da morte). “Só praticamos a eutanásia quando o animal está sofrendo muito. Não fazemos isso por banalidades”, garante.

O veterinário esclarece, ainda, que  a capacidade do abrigo varia bastante. “Se chega um animal bravo, precisamos deixá-lo em um local separado, o que reduz a capacidade do local”.

Solidariedade

Além do canil municipal, a cidade conta com a Associação Protetora dos Animais de Varginha (Apav). A instituição - que funciona no terreno de Maria José Semioto, de 76 anos - cuida de aproximadamente 130 cães adultos, 11 gatos, além dos filhotes. Mas o local já está no máximo de sua capacidade. “Só temos um funcionário, precisamos de recursos”, revela a voluntária.

Para Maria, muitas pessoas que mudam para apartamentos abandonam seus animais. “Comprei o sítio para abrigá-los. Aqui eles vivem soltos e são bem-tratados”.

Chips para identificação

A Prefeitura de Varginha quer colocar chips nos animais para facilitar a identificação dos proprietários, mas ainda não há previsão para implantação dessa política. É preciso realizar um estudo de gastos primeiro. “Com a chipagem, nós iríamos identificar quem é o dono do animal”, revela o veterinário Guilherme Zolini.