Corte de R$ 50,7 milhões

Com água e luz atrasadas, UFMG precisa de R$ 22,8 mi para fechar conta

Dinheiro é para custeio; reitor conta com ajuda da União, que já cortou R$ 10,3 bi da educação em 2015

Por Isabela Meireles / Rafaela Mansur
Publicado em 28 de agosto de 2015 | 12:19
 
 
CGU determina que UFMG forneça lista de espera completa do Sisu a estudante LEO FONTES / O TEMPO

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) precisa de R$ 22,8 milhões até o fim do ano para cobrir as despesas básicas de custeio, conforme informou nesta sexta o reitor da instituição, Jaime Ramírez. Para não “fechar as portas”, a direção espera ajuda do governo federal, que por causa do ajuste fiscal já reduziu neste ano em R$ 10,3 bilhões os recursos destinados à educação em todo o país. “Não acredito que uma das maiores e melhores universidades do país não vai ter os recursos para saldar suas contas. Já fizemos cortes, informamos o governo e trabalhamos com o cenário de que ele vai repassar esses R$ 22,8 milhões”, confia o reitor.

Ramírez se reuniu com representantes do governo federal na última quarta-feira, mas ainda não teve resposta sobre o pedido de verba extra. O montante representa 10,7% do que sobrou para a UFMG após os cortes de verba da educação – as perdas da UFMG podem ser ainda maiores porque não foi feita até então uma contabilização de qual perda caberá à instituição no último ajuste anunciado.

Prejuízos. O reitor explicou que o principal desafio hoje é quitar as contas de água e luz atrasadas, além de pagar os demais fornecedores. “Temos priorizado por ordem cronológica todos os serviços que a universidade tem que honrar”, afirmou. O tempo e o valor de atraso nos pagamentos, mas Ramírez disse que a cifra é significativa.

O corte no custeio também já prejudica as pesquisas. “Esse efeito demora mais a ser sentido, certamente terá um impacto de médio prazo”. Outro problema foi a paralisação de 12 obras, como a construção da nova Moradia Universitária e a reforma de diversas faculdades. “Para retomar essas obras, o custo vai ser muito maior, vai demorar para a universidade perceber o impacto que isso terá, chegando a afetar a produção acadêmica”, relatou. Serviços de limpeza, manutenção e portaria (que inclui segurança) também foram prejudicados – o número de funcionários caiu de 1.319, em novembro de 2014, para os atuais 791.

Prioridade. O reitor garantiu nesta sexta que os cortes de bolsas oferecidas a alunos de baixa renda, mostrado por O TEMPO, foram casos isolados e já foram normalizados. O estudante de engenharia mecânica Gabriel Moreno Brito, 24, confirmou que seu benefício está sendo regularizado. “Eles devem efetuar normalmente o repasse a partir de agora”, contou.

FOTO: Editoria de arte
 

Saiba mais
MEC.
  Em nota, o Ministério da Educação informou que tem feito regularmente repasses às universidades federais e que “qualquer demanda extra pode ser conversada”. Afirmou, ainda, que o secretário de Educação Superior, Jesualdo Farias, se reuniu com os reitores de todas as universidades federais para debater o ajuste orçamentário.

Empresas. Questionada sobre o tempo de atraso e o valor devido pela universidade, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou que os dados dos clientes são confidências. Já a Copasa afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto.

Odontologia é curso mais prejudicado

Além da falta de recursos, as atividades na UFMG são prejudicadas pela greve dos funcionários técnico-administrativos há três meses. Segundo o reitor Jaime Ramírez, o curso de odontologia é o mais afetado. Devido à paralisação das aulas práticas, a faculdade ainda não tem calendário definido – o semestre letivo dos demais vai terminar em 22 de dezembro. “Temos que aguardar a retomada das aulas práticas para ver como vai ficar o calendário”, afirmou o reitor Jaime Ramírez.

Para o estudante Eduardo Cripp, 22, os principais prejudicados da greve são os formandos. “É complicado, pois as aulas serão repostas em um calendário novo, quando seriam nossas férias, o que acaba atrapalhando nosso planejamento pessoal”, disse.

Bibliotecas, colegiados e laboratórios da universidade também são afetados pela greve.