Barão de Cocais

Com atraso de mais de um mês, Vale vai fazer muro para conter rejeitos

Empresa divulgou neste sábado (18) que estrutura, a 6 km da barragem que tem risco iminente de se romper em Barão de Cocais, vai reter grande parte da lama

Por Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2019 | 16:20
 
 
Mina Gongo Soco Foto: Fickr

A Vale informou, neste sábado (18), que iniciou na última quinta-feira (16) a terraplanagem para construção da contenção de concreto que vai reter os rejeitos da barragem Sul Superior, da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, que está na iminência de se romper.

Apesar de a obra estar sendo iniciada apenas agora, a construção desse muro foi apresentada pela mineradora há mais de um mês, em reunião no dia 11 de abril e já gerou protestos dos moradores, que consideraram que a intervenção não era eficiente e ainda isolaria a população da cidade.

A reportagem questionou à Vale e aguarda retorno para as seguintes perguntas:

  • Esse muro de contenção foi anunciado pela Vale, cfe noticiamos à época, no dia 11 de abril. Por que só agora ele começa a ser construído? 
  • Quanto tempo levará para ele ficar pronto? 
  • Qual é sua extensão? 
  • Ele será suficiente para proteger a cidade de Barão de Cocais em caso de rompimento da barragem? 

Na última semana, a Vale e órgãos como a Defesa Civil e a Agência Nacional de Mineração constataram movimentação do talude da barragem e, mais tarde, confirmaram que esse talude vai se romper. Desde o dia 22 de março, a barragem já estava em nível 3 – o mais alto grau de risco de rompimento – e o rompimento do talude pode gerar rompimento da barragem, conforme alertado pelo Ministério Público.

Neste sábado, a população de Barão de Cocais foi convocada a participar de um simulado de evacuação, para se proteger em caso de rompimento da barragem.

Apesar do informado pela Vela, o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil do Estado, disse que as obras para construção do muro pela Vale foram paralisadas pelo Ministério Público do Trabalho, enquanto houver risco de rompimento do talude e da barragem de Gongo Soco.

A reportagem questionou a mineradora sobre isso, e a Vale informou que elaborou e apresentou documentos contendo procedimentos de segurança para garantir a integridade física dos trabalhadores à Superintendência Regional do Trabalho.

Segundo a mineradora, o órgão emitiu um Termo de Suspensão Parcial da Interdição para atividades de sondagem em 16 de maio e autorizou a Vale a utilizar trabalhadores para os trabalhos descritos nesses documentos.

De acordo com a Vale, a distância do local da obra foi considerada segura para a execução, em tempo hábil, do plano de abandono a área pelos trabalhadores, em caso de rompimento da barragem.

Leia na íntegra o comunicado da Vale:

"Como parte de ações preventivas de engenharia, a Vale iniciou, na última quinta-feira (16/5), a terraplenagem para construção da contenção em concreto localizada a 6 km à jusante da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais.

Além dessa estrutura que, após concluída, fará a retenção de grande parte do volume de rejeitos da barragem Sul Superior em caso de rompimento, a Vale está realizando intervenções de terraplenagem, contenções com telas metálicas e posicionamento de blocos de granito. Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita. 

O objetivo é reduzir os possíveis impactos às pessoas e ao meio ambiente no cenário extremo de um rompimento da estrutura. Em função da intervenção, haverá um aumento na circulação de caminhões e equipamentos pela cidade com destino à mina de Gongo Soco, o que poderá causar eventuais transtornos ao trânsito. 
 
A Vale ressalta que continua monitorando a barragem e o talude norte da cava de Gongo Soco 24 horas por dia e mantendo contato permanente com a autoridades competentes no sentido de prevenir e informar a toda a população sobre o andamento dos trabalhos e da situação da barragem Sul Superior e da cava de Gongo Soco."

 

Texto atualizado às 17h38