Uma Nota Técnica assinada pelo Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte publicada nesta segunda-feira (22) recomenda à prefeitura que não patrocine eventos públicos com aglomerações, como Réveillon e Carnaval de 2022.
“O Comitê de Enfrentamento à Covid recomenda que a Prefeitura de Belo Horizonte não patrocine e desaconselhe a população a participar de eventos que possam implicar em grandes aglomerações públicas de pessoas, como, por exemplo, comemorações da passagem do ano e carnaval 2022, por entender que, no momento, tais ações possam vir a ter consequências negativas importantes para a saúde do povo de Belo Horizonte”, diz a nota técnica.
Formado por três infectologistas, o Comitê afirma ainda que compreende “a importância dos eventos para a cidade, a relevância para cultura de Belo Horizonte e para a sua economia, mas entendem que não é o momento de trazermos às ruas milhões de pessoas em curto espaço de tempo como veio acontecendo nos anos que precederam a pandemia”.
Para justificar a recomendação, o Comitê cita que é impraticável exigir a vacinação e/ou teste para Covid de todos os participantes em eventos públicos. A nota diz ainda que a imunidade induzida pela vacinação contra o SARS-CoV2 tende a perder potência a partir de 6 meses da segunda dose da vacina, além de existir uma parcela significativa da população sem a dose de reforço.
O texto também considera a quarta onda da Covid na Europa, reforçando que países como Reino Unido, Holanda e Alemanha estão com índices de vacinação melhor do que o Brasil. Na Alemanha, 65% da população está completamente imunizada e o país está com as UTIs lotadas. No Brasil, o percentual é de 60%.
Por meio de nota, a Belotur afirmou que a decisão para a realização do Carnaval é da Secretaria Municipal de Saúde e do Comitê de Enfrentamento à Covid. Na última sexta-feira (19), o prefeito Alexandre Kalil reforçou que a prefeitura não vai patrocinar o Carnaval, mas também não irá impedir as manifestações espontâneas.
A questão é que muitos agentes ligados à cadeia produtiva do Carnaval – empresários, produtores, músicos, ambulantes, entre outros – pedem um diálogo com a prefeitura sobre a realização do evento em 2022. Uma das questões é a inevitável existência de aglomerações nas ruas de Belo Horizonte, mesmo sem um calendário oficial. Dessa forma, ainda seria necessário um planejamento sobre trânsito, segurança pública, limpeza e banheiros químicos.
A Câmara Municipal de Belo Horizonte está atenta a esse debate. Um grupo de trabalho foi criado pela vereadora Marcela Trópia (Novo). O grupo deverá analisar uma série de questões relativas ao Carnaval, como: o percentual de imunização necessário para a realização da festividade; os impedimentos para a concentração de pessoas em um só local; o apoio do poder público ao evento; os prazos para a realização de ensaios e a possibilidade de eventos fechados; bem como as condições de segurança, estrutura, organização, limpeza urbana e fechamento de vias.