Contagem

Confronto entre morador de ocupação e Guarda termina em quebra-quebra

Moradores exigem que prefeitura encaminhe pedido de inclusão de famílias no Minha Casa, minha Vida à Câmara Municipal; eles afirmam ter sido agredidos com choques

Por Rafaela Mansur e Natália Oliveira
Publicado em 31 de julho de 2015 | 15:41
 
 
Portas e vidro foram quebrados JAQUES DIOGO / O TEMPO

Um protesto feito por moradores da Ocupação William Rosa na sede da Secretaria de Desenvolvimento Social de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, terminou em confusão nesta sexta-feira (31).

O espaço foi danificado e um funcionário da pasta foi agredido, mas ninguém foi preso. Os moradores da Willian Rosa afirmam que queriam diálogo, mas que teriam sido agredidos com 'teasers', equipamento de choques elétricos da Guarda Municipal. Moradores de Contagem, no entanto, asseguram que os manifestantes teriam chegado no local dispostos a atos de vandalismo.

Segundo uma funcionária do local, que pediu para não ser identificada, cerca de 70 moradores da ocupação invadiram o saguão do prédio por volta de 12h. “Eles não queriam conversar, já chegaram gritando e quebrando tudo”, disse.

Ela afirmou, ainda, que os moradores arrancaram o extintor de incêndio e o utilizaram para danificar a estrutura da sede e agredir o diretor de proteção social básica da pasta, Lincoln Ferreira, que precisou levar três pontos na boca. “Tentei conversar, mas um deles estava muito alterado e jogou uma peça em mim”, contou Ferreira.

Os moradores da ocupação relatam que estiveram no local para reivindicar o cumprimento de acordo feito em relação à questão da moradia. “Nossa intenção era ficar no saguão e conversar, mas a Guarda Municipal chegou com arma de eletrochoque (teaser) e gerou reação, causando um tumulto que não esperávamos”, disse a apoiadora do movimento, Vanessa Portugal.

O acordo prevê que parte das famílias deixem o terreno durante a construção de 400 habitações do programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo os moradores, a prefeitura se comprometeu a enviar um Projeto de Lei à Câmara para oficializar o tratado, o que não foi feito.

Questionada sobre o assunto, a prefeitura informou que disponibilizou um terreno de 10 mil m² para a construção das moradias. Disse, ainda, que um acordo “para a desocupação pacifica do terreno” está sendo feito, e que a CeasaMinas, dona do terreno, está à frente das negociações. A CeasaMinas informou que “vem se empenhando em dar celeridade às negociações”.
 
Outro combinado era que o acordo fosse protocolado na Justiça, o que também não foi feito pelo Ceasa Minas, que é o dono do terreno. "Nossa intenção era ficar no saguão, mas a Guarda Municipal apontou o taser contra alguns moradores, o que gerou uma reação. Houve um tumulto não previsto pela ocupação", disse Portugal.

A prefeitura de Contagem se manifestou por nota, veja a nota na íntegra:

Repudiamos o ato de violência ocorrido nessa sexta-feira (31/7), em que integrantes da Ocupação William Rosa invadiram a sede da Secretaria de Desenvolvimento Humano. Um servidor da secretaria foi agredido pelos manifestantes, sendo necessário levar três pontos no rosto;

Sobre as negociações com a ocupação, informamos que está sendo pactuado um acordo entre os representantes do movimento William Rosa, a CeasaMinas, o governo estadual, o governo federal e a Prefeitura de Contagem para a desocupação pacífica do terreno. A CeasaMinas, responsável pelo terreno, está à frente das negociações. Reiteramos que o terreno não pertence ao executivo municipal. Essa foi a informação reiteradamente divulgada pela prefeitura;

O executivo municipal, visando auxiliar os governos estadual e federal no processo de negociação com a ocupação, disponibilizou um espaço de 10 mil m² para a construção de moradias às famílias