O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciou, na tarde desta terça-feira, 17, durante transmissão ao vivo por uma rede social, uma série de medidas para impedir a disseminação do coronavírus pela cidade, inclusive a publicação do decreto 12.297, que declara situação de emergência em saúde pública. “A pandemia é guerra. Ela chegou e encostou na gente”, alertou o chefe do Executivo.
“Se não tomar medidas duras e sérias, nós vamos demorar dois, três, quatro, cinco meses, não é férias gente. Eu não faço isso porque tenho que comandar a cidade, senão faria isso de casa”, disse.
De acordo com o decreto, no caso dos serviços considerados não essenciais, ficam "interrompidas as atividades do Executivo" a partir de quinta-feira, 19, "por tempo indeterminado".
Entre as ações para o combate ao coronavírus estão o fechamento imediato dos parques públicos, do Zoológico de Belo Horizonte, e a interrupção, a partir desta quinta-feira, 19, das aulas nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI’s) e em outras instituições de ensino da Prefeitura.
“As creches têm autonomia para continuar (funcionando) ou não. Lá a circulação de pessoas é menor. A parte da alimentação nós vamos continuar dando (para todas as instituições)”, garantiu o prefeito.
Eventos fechados e ao ar livre
Kalil também suspendeu por tempo indeterminado a concessão de alvarás para eventos privados e públicos. Os clubes de lazer serão fechados, assim como as feiras da cidade, incluindo a tradicional Feira Hippie, na avenida Afonso Pena. “Cinema, teatro, shows e feiras estão suspensos. Todos os fechamentos de rua, como o Savassi é da Gente, estão suspensos”, determinou.
Apesar de o prefeito ter dito que "cinema e teatro" estão suspensos, o decreto publicado no Diário Oficial de Belo Horizonte não faz menção específica a cinemas e teatros privados.
Comitê Municipal
O prefeito anunciou a criação do Comitê Municipal de Enfrentamento à Epidemia do Covid-19, que vai orientar à população sobre todas as medidas a serem tomadas com relação a doença e como evitar a propagação na capital. Integram o Comitê o secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva, o infectologista e membro da Sociedade Mineira e Brasileira de Infectologia, Carlos Starling, e o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e Doutor em doenças infecciosas e parasitárias, Unaí Tupinambás.
Ações na saúde e na segurança pública
Ainda visando o combate o coronavírus, os profissionais de saúde e da segurança pública da rede municipal terão as férias cortadas e quem já estiver em gozo, terá que interromper.
Kalil ainda disse que a disseminação do coronavírus não é "bobaginha", e projetou quantos leitos a cidade deve precisar em um futuro próximo. "Se Belo Horizonte seguir o fluxo normal do que tá acontecendo no mundo, vamos precisar, na pior das hipóteses, de 8 mil leitos, e na melhor 4 mil".
Atendimento à população e funcionalismo
Ele também informou que o atendimento nas regionais da Prefeitura, no BH Resolve, e nos demais prédios do Executivo se dará por escala mínima, com parte do funcionalismo trabalhando em home office (de casa).
“Passamos toda a manhã discutindo ações para enfrentar essa guerra apavorante. Eu determinei o esvaziamento de todos os prédios da Prefeitura de Belo Horizonte, com cada um fazendo a escala mínima. Estarão todos trabalhando de casa. Não é ponto facultativo, é esvaziamento de contato. Temos prédios onde trabalham 600, 700 pessoas. Prédios de 10, 15, 20 anos. Com mil pessoas amontoadas. É necessários tirar essas pessoas destes locais”, afirmou o prefeito.
O servidor público que retornar de viagem internacional será impedido de se apresentar ao local de trabalho ainda que prestador de serviço essencial (saúde e segurança pública) durante 14 dias contados do retorno ao país se apresentar sintomas da doença, ou sete dias se não apresentar os sintomas.
Restaurantes populares e cemitérios
Kalil disse também que os restaurantes populares vão continuar funcionando normalmente, mas os usuários deverão sair do local o mais rápido possível. “É pegar a ficha, retirar a comida e se retirar do lugar”, orientou.
A unidade do refeitório localizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte será fechada por tempo indeterminado.
Os cemitérios terão que fazer enterros de maneira mais rápida. A secretaria Municipal de Saúde, de acordo com Kalil, ainda irá definir como o processo se dará.
Apêlo e projeção
O prefeito ainda fez um apelo a população e ao funcionalismo durante o combate do coronavírus. “Não estamos de férias. Não matem seus pais, seu avós, seus tios. Se eu pegar não é problema meu. É problema da minha mãe, do meu pai. Se meu filho pegar é problema meu. Porque eu sou o risco”.
Economia
Sobre a economia da cidade, Kalil disse que irá estudar o que será feito para amenizar o impacto para a população. E que é "obrigação do poder público ir atrás de financiamentos".
Voos internacionais
Kalil disse que foi informado pela BH Airport, empresa que administra o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, que, a partir de abril, todos os voos internacionais serão suspensos. A afirmação ainda não foi confirmada pela empresa.
Obras do período chuvoso
O gestor ressaltou que as obras em curso na cidade para reparação dos danos causados pelas chuvas vão continuar, mas em escala reduzida. "A Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) continua com efetivo mínimo administrativo e máximo nas ruas, por se tratar de uma obra dispersa".
Kalil pediu também a união dos prefeitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte e ponderou que todas essas medidas anunciadas não são definitivas. "Toda e qualquer decisão diferente da que eu tomei pode ser abrandada ou não. Estarei aqui no meu gabinete para resolver", garantiu.
Assista na íntegra a coletiva de Alexandre Kalil: