A casa na avenida Antônio Carlos onde mora hoje ainda não é própria. A ocupação no bairro Liberdade (Pampulha) é irregular, mas esconde a longa trajetória de rua que a costureira Anita Gomes dos Santos, 48, viveu desde os 17 anos, quando rompeu com a família. Fome, alcoolismo, violência e uma queda no córrego do Arrudas foram alguns dos episódios vividos com os quatro filhos. Hoje, com eles criados, Anita afirma: a vida de uma mulher na rua com filhos é dura e triste.
Quando teve a primeira filha, aos 20 anos, ela morava numa marquise no bairro Floresta e trabalhava como flanelinha. Fui mãe e pai dela. Nem pré-natal eu fiz. Não me alimentava direito e fumei na gravidez. Minha filha nasceu com 1,3 kg. Duas semanas antes do parto, o destino voltou a unir Anita à família.
A morte da mãe fez com que ela passasse três meses com os parentes. Mas depois Anita retornou para as ruas e sofreu para cuidar do bebê. Os banhos eram dados em uma lata de óleo cortada, que servia de banheira. Atualmente, Anita é costureira da Fábrica Social da Associação de Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare). (VL)