Olhos D'Água

Dois seguranças de boate são presos por morte de fisiculturista

Delmir de Araújo Dutra e Carlos Felipe Soares foram presos com um mandado de prisão temporária na manhã desta terça-feira (24)

Por José Vítor Camilo e Mariana Nogueira
Publicado em 24 de outubro de 2017 | 10:20
 
 
O advogado dos suspeitos, Ércio Quaresma, já disse que entrará com o pedido de habeas corpus Foto: UARLEN VALÉRIO / O TEMPO

Dois seguranças da empresa contratada para um evento na boate Hangar 677, no bairro Olhos D'Água, foram presos na manhã desta terça-feira (24) pela Polícia Civil (PC) pelo homicídio de Allan Guimarães Pontelo, 25, morto no dia 2 de setembro deste ano no local. Foram detidos com mandado de prisão os seguranças Delmir de Araújo Dutra e Carlos Felipe Soares, ambos da empresa Cy Security e Vigilância. 

Os dois homens eram investigados e foram presos em uma operação deflagrada por volta das 8h. Segundo as informações iniciais, um terceiro suspeito deve ser apresentado em breve pela corporação. Em frente ao Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), o advogado Ércio Quaresma, que representa a empresa de segurança, conversou com a imprensa e confirmou as prisões. 

"Eu fico perplexo, porque hoje no Brasil se prende para depois apurar. O Delmir é o cidadão que é coordenador de segurança, não teve contato físico nenhum com o Allan e suporta agora uma prisão temporária. Primado de bons antecedentes e atividade laboral contínua. Prisão temporária é quando for imprescindível, o que tem de imprescindível em prendê-los?", alegou o advogado. 

Agora, o defensor pretende entrar com pedido de reexame do pedido de prisão para tentar um habeas corpus dos suspeitos. "A causa da morte está estampada no laudo, e vamos contestar o que levou ao episódio da morte. Esse moço, quando foi preso, tinha 68 comprimidos de ecstasy, mais cocaína e até quetamina, que é um anestésico super forte usado como droga", argumentou Quaresma. 

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o mandado foi expedido no dia 11 de outubro pelo 1º Tribunal de Júri de Belo Horizonte. Além dos dois homens já presos, o mandado de prisão engloba ainda contra Paulo Henrique Pardin de Oliveira e Willian da Cruz Leal. 

Ércio Quaresma chegou a dizer que orientou os clientes a "sumirem" pois sabia que eles teriam a prisão decretada "injustamente". "Dos três que eu represento, só um deles aceitou se ocultar para depois se apresentar", afirmou o advogado.

Por nota, a assessoria de imprensa da PC confirmou que foi deflagrada uma operação referente ao Inquérito Policial que investiga a morte do fisiculturista. "As investigações seguem em sigilo e outras informações serão repassadas somente na conclusão do inquérito", conclui o texto. 

Relembre

A morte de Allan ocorreu na madrugada do último dia 2 de setembro e as circunstâncias para a morte ainda permanecem obscuras. Há duas versões para o caso. Os organizadores do evento alegam que Allan Guimarães Pontelo foi encontrado com drogas e que, ao ser abordado pelos seguranças, ficou exaltado, e teve um ataque cardíaco. Já um dos amigos da vítima alegou que os funcionários da boate forçaram a saída dele do local. A vítima, que era fisiculturista, estava com vários hematomas pelo corpo.

Por volta das 2h50 da madrugada, os organizadores da festa ligaram para a polícia informando a morte do rapaz. Segundo o tenente Jerry Adriano Martins de Abreu, ao chegar na boate, na data do crime, eles contaram que Pontelo foi abordado pelos seguranças com ecstasy e papelotes de substância semelhante à cocaína. Ele teria tido um mal súbito e morreu.
Ainda conforme o militar, um amigo da vítima afirmou que logo após Pontelo ter sido abordado no banheiro, os seguranças o levaram para um local isolado. O amigo disse que não conseguiu ver o que aconteceu com Pontelo depois. Ao procurar o amigo, ele o encontrou recebendo massagem cardíaca e ao se aproximar, ele já estava morto.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a perícia foram até a boate. Pontelo apresentava vários arranhões pelo corpo e lesões nos dedos dos pés. A corrente que ele estava no pescoço apresentava marcas de sangue e a blusa dele estava rasgada.