Novela chata

Duplicação da BR-381 vai custar R$ 2 bi a mais

Valor da obra passou de R$ 2,5 bi para R$ 4,5 bi; obras da Rodovia da Morte também vão demorar mais do que o previsto

Seg, 02/03/15 - 17h39

A tão prometida duplicação da BR–381 vai custar quase o dobro e demorar ao menos dois anos a mais que o previsto. A informação foi dada nesta segunda pelo engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Ricardo Medeiros. Segundo ele, os R$ 2,5 bilhões previstos inicialmente podem chegar a R$ 5 bilhões, e o fim da obra, antes marcado para fevereiro de 2017, agora tem previsão para dezembro de 2019.


O engenheiro que coordena o comitê gestor da obra explica que, por enquanto, o Dnit trabalha com gasto total de R$ 4,5 bilhões, por causa da construção da Variante Santa Bárbara, que custará, segundo estimativa do próprio departamento, cerca de R$ 1,2 bilhão. A nova via terá 40 km e será construída entre Nova Era e São Gonçalo do Rio Abaixo, ambas na região Central.

Além disso, os lotes 8A e 8B, os mais próximos de Belo Horizonte, ainda serão licitados. São essas três intervenções as que devem elevar o custo da obra até R$ 4,5 bilhões. No entanto, como elas ainda são estimativas, um reajuste ainda maior não está descartado. “Não está previsto, neste valor (R$ 4,5 bilhões), os gastos com o pagamento de indenizações com desapropriações de moradores e comerciantes ao longo da via”, ressalta Medeiros, reforçando que o custo pode atingir a casa de R$ 5 bilhões.

Licitações. O consórcio Novos Horizontes, com as empresas Astec e Planservi, venceu a licitação para a construção da variante, mas ainda precisa apresentar um projeto para a obra. No caso dos lotes 8A e 8B, de Caeté, na região metropolitana, até a capital, duas concorrências já foram realizadas, sem sucesso. As empresas reclamam de que o teto de gastos imposto pelo Dnit inviabiliza a obra.

“Os lotes 8A e 8B são os mais impactantes na questão da desapropriação, de impactos no trânsito, e de presença de máquinas na via. Portanto, o Dnit está revendo o orçamento e as principais exigências que foram listadas no edital. Por ora, muitas famílias que moram no percurso já estão sendo cadastradas para remoção”, comentou.

Para agilizar a remoção, o Dnit fez uma parceria com a Justiça Federal, o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública para garantir que as 1.500 desapropriações aconteçam sem grandes problemas. As famílias que serão desapropriadas ao longo dos 303 km de rodovia têm três opções de indenização: receber o valor do imóvel, avaliado pelo Dnit sem considerar o lote, escolher uma casa no valor de R$ 40 mil em qualquer parte do país ou ainda ir para alguma unidade do programa Minha Casa, Minha Vida escolhida pelo Dnit.

Rodovia da Morte. Dentre todos os trechos da BR–381, os 303 km que ligam Belo Horizonte a Governador Valadares, na região do Rio Doce, são considerados os mais perigosos de toda rodovia. A via tem as piores condições de tráfego. O traçado sinuoso, aliado ao intenso volume de carros, contribui para os altos índices de acidentes e mortes. Dai o apelido de Rodovia da Morte.
Em toda a estrada, de janeiro a junho do ano passado, foram registrados 1.145 acidentes, uma média de seis por dia. Nesse mesmo período, foram registradas 46 mortes e 519 acidentes com feridos.

Deputados se reúnem com Dnit

Deputados estaduais se reuniram nesta segunda com representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Os membros da Comissão de Assuntos Regionais e Municipalização da Casa questionaram a situação das obras, especialmente em relação ao reassentamento de famílias desapropriadas.

Outro ponto levantado foi o impacto da obra na política de desenvolvimento dos municípios ao longo da rodovia. Os deputados resolveram marcar uma nova assembleia, ainda sem data, para discutir a obra.

Obras a passos lentos

Verba.
Ricardo Medeiros reconheceu que as obras estão a passos lentos e que no ano passado houve atrasos no repasse de verbas federais às empresas. “As contas do governo estavam desequilibradas, mas tudo já está sendo normalizado”. Segundo ele, as empresas que não voltarem a trabalhar normalmente serão notificadas.

Impacto. Em fevereiro, O TEMPO mostrou que o atraso nos repasses de verbas resultou em paralisação e lentidão das intervenções em vários trechos. Dos R$ 2,5 bilhões prometidos, R$ 318 milhões (12,7%) haviam sido empenhados. O problema poderia impactar em atrasos na entrega das intervenções. Além da falta de verba, a obra enfrenta outros entraves, como a dificuldade para realocar postes.

Atualizada às 22h30

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.