Nova homenagem

Elevado Castelo Branco passará a se chamar Dona Helena Greco

Projeto de lei que troca o nome do elevado foi aprovado nesta terça-feira (25) pela Câmara Municipal

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 25 de março de 2014 | 18:38
 
 
Elevado Castelo Branco liga a avenida Pedro II à praça Raul Soares, na região Centro-Sul PEDRO SILVEIRA - 10.11.2008

Desde dezembro de 2012 o conhecido Elevado Castelo Branco, que liga a avenida Pedro II à praça Raul Soares, na região Centro-Sul, estava sem nome após o decreto que o nominava, de 1971, ter sido revogado. Após um longo debate, a Câmara Municipal de Belo Horizonte finalmente aprovou, nesta terça-feira (25), a alteração do nome para Elevado Dona Helena Greco, que foi uma das primeiras vereadoras eleitas na capital mineira e uma das mais importantes militante contra o regime militar.

A alteração se deu após o projeto de lei de autoria do vereador Tarcísio Caixeta (PT), em 2012. Ele entrou com o pedido de renomeação de dois viadutos que homenageavam presidentes da época do regime militar: o Costa e Silva (sobre a avenida Presidente Carlos Luz, próximo ao Cemitério da Paz) e o Elevado Castelo Branco.

Os vereadores aprovaram a alteração de viaduto Costa e Silva para o nome do ex-deputado José Maria Magalhães, pai do ex-vereador José Lincoln Magalhães (PSDB).  “Já na hora de trocar o nome do Elevado para o nome da Dona Helena Greco, uma das fundadoras do PT de BH, o projeto não passou pela aprovação. Como foi revogado o decreto nº 1.972, de 1971, que nomeava os dois viadutos, até hoje ele estava sem nome”, explicou Caixeta.

Agora, a nomeação do elevado depende apenas do prefeito Márcio Lacerda (PSB), que sancionará o projeto de lei. "Não acredito que haverá qualquer problema para ser sancionada. É uma homenagem mais do que justa à uma pessoa que foi muito importante para a reabertura política no país. Essa mudança é um resgate à história do país.

Quem foi

Helena Greco nasceu em Abaeté, na região Central do Estado. Formada em farmácia, nunca exerceu a profissão, encontrando na política sua verdadeira vocação. Iniciou a militância aos 61 anos, no momento em que a população brasileira lutava pelo fim da ditadura militar. Talvez pelo momento conturbado, a mineira tenha se interessado pela luta em defesa dos direitos humanos - marca de seus mandatos na Câmara. Ela também foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhores (PT).

Em um espaço eminentemente masculino - já que, em seu primeiro mandato no Legislativo, em 1983, apenas outra mulher também ocupava uma vaga -, ela conseguiu implementar a primeira Comissão Permanente de Direitos Humanos em todo o Brasil, com o objetivo de colocar fim à exploração dos trabalhadores e lutar contra as desigualdades.

Em seu primeiro mandato como vereadora, Helena foi responsável pela primeira troca de nome de rua por homenagear uma pessoa comprometida com a ditadura. Na época, a rua levava o nome de Dan Mitrione, agente norte-americano que veio à Belo Horizonte e outras capitais brasileiras para treinar os policiais na aplicação de torturas, especialmente, a técnica de torturas com choques sem deixar marcas.  

A rua, localizada no bairro das Indústrias, atualmente leva o nome de José Carlos da Mata Machado, que militou pela Ação Popular (AP) e foi presidente do Diretório Acadêmico da escola de Direito da UFMG, morto após ser preso no DOI-CODI de Recife.

Helena foi uma das principais responsáveis pelo movimento de anistia no país. Foi presidente e fundadora do Movimento Feminino pela Anistia em Minas Gerais, em 1977, e do Comitê Brasileiro de Anistia, em 1978.

Ela faleceu em 2011 aos 95 anos, vítima de uma insuficiência cardíaca.