Dois dias antes do suposto assassinato de Eliza Samudio, o goleiro Bruno Fernandes promoveu uma festa de orgia em seu sítio, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte. O primo do goleiro, Sérgio Rosa Sales, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, o caseiro do sítio, Elenílson Vitor da Silva, e o menor, de 17 anos, também primo de Bruno, participaram da festa. Sérgio, que prestou depoimento ontem por cerca de oito horas, foi quem contou a história. Segundo ele, no dia 8 de junho, "quatro meninas mais ou menos prostitutas" foram ao local e Eliza teria assistido a tudo.
Nesse dia, segundo a versão do primo do goleiro, Bruno organizou uma espécie de campeonato de futebol com vários amigos. No fim da partida, que contou com muito caldo de mandioca e cerveja, as mulheres chegaram para começar uma outra festa. "Era uma festa de putaria", contou Sérgio em seu depoimento.
Questionado pela juíza Marixa Rodrigues, o acusado de participar do sumiço e assassinato de Eliza disse que as meninas não seriam prostitutas, mas, sim, "safadas". Ele afirmou que chegou a pedir a Eliza para não circular na área externa da casa. "Nós falamos com ela que ia ser uma festa de putaria, de orgia, mas ela quis ficar", disse.
Eliza Samudio, de acordo com Sérgio, permaneceu a maior parte do tempo dentro da casa, mas também circulou do lado de fora durante a festa. "Lá no sítio sempre iam umas mulheres muito safadas. Essas meninas desse dia eram mais ou menos safadas, mas não eram tanto prostitutas", disse à juíza.
O primo do goleiro não comentou se Eliza teria participado da orgia e disse que as moças só deixaram a casa na manhã seguinte, no dia 9. Sérgio dormiu com uma das meninas no quarto que fica do lado de fora da casa.
"O Coxinha ficou com uma gordinha", disse. Ele não comentou com quem Bruno e os outros rapazes dormiram.
Audiência. A audiência de instrução que apura o caso continua hoje. A previsão é que o braço-direito do goleiro, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, prestem depoimento.
Sérgio nega ter uma rixa com Macarrão
O primo de Bruno, Sérgio Rosa Sales, negou que seja inimigo de Luiz Henrique Romão, o Macarrão. A inimizade é uma tese explorada pela defesa para tentar provar que ele disse que a intenção de Macarrão era matar Eliza e Bruninho por vingança. "Não sou inimigo do Macarrão. Só achei estranho o modo como ele entrou na vida do Bruno", disse.
Segundo Sales, Macarrão e outros dois homens inventaram que ele estava roubando Bruno. Depois disso, em 2008, Sales deixou de trabalhar para Bruno. O posto de segurança foi assumido por Macarrão. (TT)
Vídeo e suborno
- Apuração. A juíza Marixa Rodrigues recebeu e anexou ao processo ontem uma cópia do inquérito inconcluso da Corregedoria da Polícia Civil que investiga o vazamento para a imprensa das imagens de dentro do avião que trouxe Bruno do Rio de Janeiro para Minas.
- R$ 2 milhões. O advogado de Bola, Zanone Júnior, disse que o delegado Edson Moreira, que presidiu o inquérito sobre a morte de Eliza, pediu R$ 2 milhões para liberar Bruno e Bola das acusações de envolvimento no crime. O pedido de suborno teria sido feito a parentes de Bola e constaria no processo. Moreira não comentou as acusações.