Prevalência

Em BH, Covid atinge principalmente profissionais de UPAs, transporte e padarias

Prefeitura realizou inquérito sorológico para analisar transmissão da doença nos serviços considerados essenciais na pandemia

Por Lucas Morais
Publicado em 15 de setembro de 2020 | 22:08
 
 
Entre uma viagem e outra, funcionários da estação Diamante fazem a higienização do local Foto: Alex de Jesus - 1.6.2020

Quando a população precisou se isolar por conta da pandemia do coronavírus e a economia praticamente parou em Belo Horizonte, os profissionais que atuam nos serviços essenciais seguiram trabalhando bravamente para não deixar a cidade desabastecida. E como as unidades de saúde, farmácias, padarias, transporte público e supermercado não deixaram de funcionar, a prefeitura municipal realizou um inquérito sorológico para verificar a transmissão da doença neste grupo.

Os resultados das três primeiras etapas foram divulgados nesta terça-feira (15) e apontaram que os trabalhadores das UPAs, transporte público e padarias foram os mais atingidos pela Covid-19. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, entre os 467 voluntários testados nas unidades de pronto-atendimento, 6% tiveram anticorpos contra a doença, o que significa que foram contaminados.

Já entre os 722 motoristas, cobradores e atendentes do transporte público, o estudo identificou que 5,26% dessas pessoas estavam infectadas. Em seguida, aparecem os profissionais das padarias (4,38%), centros de saúde (3,82%) e drogarias (3,35%). O intervalo de confiança dos resultados é de 95%. Para a realização dos exames, foram utilizados os testes rápidos enviados pelo Ministério da Saúde. 

Conforme o balanço, foram selecionados 100 estabelecimentos de cada setor e testados até oito trabalhadores. Para o infectologista e membro do comitê de enfrentamento da Covid-19 na prefeitura, Estevão Urbano, nos números mostraram que a maior parte da população não teve contato com o vírus.

"Já era esperado que os profissionais de saúde tivessem um resultado soropositivo maior, já que eles estão mais expostos ao vírus. Agora, o número é muito baixo e há poucas pessoas protegidas entre a população. Esse estudo serve de atenção, porque a Covid-19 ainda tem muita tenha para queima", comparou.

O especialista lembra ainda que a cidade convive com uma circulação viral contínua, apesar de não ter presenciado uma explosão de casos que levasse à saturação do sistema de saúde. E por isso, ele enfatiza que a flexibilização das atividades econômicas pode criar uma falsa sensação de segurança. "Essa é a ideia que estamos tentando vender. O fato do sistema de saúde estar mais vazio e os números mais confortáveis não significam que as pessoas não serão contaminadas. É o contrário", acrescenta.

Inquérito vai continuar

De acordo com o infectologista, os inquéritos sorológicos vão continuar sendo realizados e a expectativa é expandir os testes para os setores já flexibilizados na capital. "Mas não vamos deixar de examinar aqueles que já entraram no estudo, porque é importante pegar o mesmo grupo para fazer uma boa base de comparação e acompanhar a evolução dos números", finalizou.