REGIÃO CENTRO-SUL

Em menos de 40 minutos, dois carros do Uber são apedrejados em BH

Segundo motoristas que prestam serviço para o aplicativo, danos foram provocados por taxistas; ninguém ficou ferido

Por CAROLINA CAETANO
Publicado em 25 de abril de 2016 | 08:44
 
 
Vidro do banco de trás de um carro da Uber foi quebrado depois que um tijolo foi arremessado na madrugada de sábado (23) na av Raja Gablaglia Reprodução/WhatsApp O Tempo

Mais uma vez, dois motoristas que prestam serviço para o aplicativo Uber ficaram no prejuízo depois que os carros deles foram apedrejados, na madrugada desta segunda-feira (25), em bairros da região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os casos foram registrados com um intervalo de menos de 40 minutos. Segundo os condutores, os danos foram provocados por taxistas.

A primeira ocorrência aconteceu por volta das 02h44 no bairro Cruzeiro. Segundo o motorista de 43 anos, ele subia a avenida do Contorno quando passou por um taxista que teria jogado uma pedra e danificado o vidro traseiro do carro. O homem anotou a placa do veículo e militares conseguiram localizar o taxista de 25 anos, que negou o crime. O motorista do Uber foi orientado a procurar posteriormente uma delegacia e representar uma queixa contra o taxista, que não foi detido.

Já por volta das 03h22, um outro motorista do Uber de 45 anos contou que, após ser solicitado, foi pegar uma passageira na rua Piauí, no bairro Cruzeiro. Próximo ao endereço do chamado estavam três taxistas. Assim que a mulher entrou no carro, um dos homens atirou uma pedra e danificou um dos para-brisas. O homem que provocou o dano não foi identificado.

Nos dois casos, ninguém ficou ferido. Por meio de nota, o Uber informou que considera inaceitável o uso de violência. A assessoria destaca que todo cidadão tem o direito de escolher como quer se mover pela cidade, assim como o direito de trabalhar honestamente. Atualmente, a empresa tem mais de 10 mil motoristas cadastrados em todo o país.

A reportagem de O TEMPO fez contato com o Sindicato de Condutores Autônomos e Taxistas de Belo Horizonte (Sincavir), a reportagem foi informada que os diretores e presidentes estão em reunião. 

Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, para que as investigações comecem, as vítimas devem procurar as delegacias para uma representação contra os agressores. Após o primeiro passo, a pessoa denunciada é chamada para prestar esclarecimentos.

Passageira ferida no Estoril

Na madrugada desse sábado (23), uma mulher que solicitou os serviços do Uber ficou ferida depois que o carro que presta serviço para o aplicativo foi danificado em frente a uma casa noturna, na av. Raja Gablaglia, no bairro Estoril, na região Oeste da capital.

O motorista, de 23 anos, contou que pouco depois de sair com o veículo do local solicitado pelas passageiras, escutou o barulho de um pedaço de tijolo quebrando o vidro do banco de trás. "Eu tinha parado em uma esquina, antes do ponto de táxi, para não chamar a atenção dos taxistas. Então, as duas meninas entraram e logo depois que arranquei com o carro e passei em frente ao ponto, um deles arremessou o tijolo", relembra o homem que pediu para não ser identificado.

Ele completa que prestou os primeiros socorros à um das passageiras que foi atingida e aguardou a chegada dos policiais. "Ela teve um corte no queixo, mas não quis esperar o Samu.  Então, solicitei outro carro da Uber para as duas e depois que foram embora, fiquei aguardando a chegada da Polícia Militar para registrar o boletim de ocorrência".

Para os policiais, o motorista mencionou que após arremessarem o pedaço do tijolo, um dos taxistas passou em frente ao seu carro, buzinando e depois comemorou junto com os outros motoristas no ponto. A Polícia Militar fez um rastreamento na região, mas nenhum suspeito foi identificado ou localizado.  

"Com certeza fico com medo de dirigir, principalmente, na parte da madrugada. Tive um prejuízo de R$ 300,00 para trocar o vidro quebrado. Minha mulher, inclusive, pediu para eu não trabalhar no domingo. A gente sempre tenta evitar parar próximo dos taxistas para evitar esse tipo de agressão", afirma o motorista que trabalha há dois meses com a Uber. Nesse período, essa foi a primeira vez que o jovem sofreu danos por conta das agressões dos taxistas.

Taxistas podem ter permissão cassada

Pelo Regulamento do Serviço Público de Transporte por Táxi, taxistas que forem denunciados por agressões durante a prestação de serviço contra qualquer pessoa, e caso fique comprovado a culpa, podem ter a permissão para operar táxi cassada.

De acordo com a BHTrans, quando a denúncia chega à empresa, um processo administrativo é aberto e o profissional chamado para prestar esclarecimentos.

Para denunciar, a vítima deve registrar um boletim de ocorrência e uma reclamação pelo telefone 156, pelo site da empresa ou pessoalmente na sede da BHTrans, localizada na avenida Engenheiro Carlos Goulart, no bairro Buritis.

Ainda conforme a empresa, atualmente, não há processos administrativos em andamento em relação à agressão a motoristas que prestam serviço para o Uber. Isso porque o órgão não recebeu nenhuma reclamação dessa natureza. Nesse caso, a assessoria da BHTrans explica que para que haja qualquer investigação por parte administrativa, a pessoa que se sentiu agredida deve procurar o órgão e fazer a queixa de modo formal. Belo Horizonte conta com uma frota total de 6.891 táxis, sendo 96 deles veículos especiais.

Cadastramento

Com a regulamentação da Lei 10.900, que obriga motoristas do transporte de passageiros a se credenciarem na BHTrans no dia 2 de abril, a fiscalização em cima dos motoristas do Uber começa no dia 17 de maio. Este foi o prazo previsto para os motoristas regularizarem sua situação. A lei foi motivada por protestos e pressão dos taxistas, que viam no serviço oferecido pelo aplicativo Uber uma "concorrência desleal".

Quem for pego oferecendo o serviço fora do que é exigido pela nova lei pode ser multado em R$ 30 mil, sendo que a reincidência faz dobrar o valor. 

 

Atualizada às 18h00