Violência

Encontrado corpo de mulher sequestrada em shopping de Contagem

Vítima, que teria sido enforcada com cadarço de tênis, foi localizada na lagoa Várzea das Flores, em Betim

Por Gustavo Lameira
Publicado em 09 de abril de 2017 | 08:03
 
 
A vendedora Adriana Maria da Cruz Foto: FACEBOOK/ REPRODUÇÃO

"Enforcou ela com um cadarço de tênis”, dizia a postagem em letras grandes, feita no Facebook às 4h neste domingo (9), de Marcelo Lacerda, 43 anos, marido de Adriana Maria da Cruz, 39 anos, encontrada morta na noite desse sábado (8). Ela foi rendida e levada dentro do carro no estacionamento do centro de compras onde fica a Leroy Merlin, empresa onde trabalhava, em Contagem, na região metropolitana, na última sexta-feira.

O corpo foi achado na lagoa Várzea das Flores, em Betim, cidade vizinha, na noite de anteontem. Ela estava desaparecida desde quando largou o trabalho como vendedora na Leroy. O marido, instrutor de auto-escola, a aguardava em um churrasco.

Dois rapazes a rendeu alheios às câmeras que registraram parte do crime e em meio a diversos carros. Eles saíram pela cancela do estacionamento com ela dirigindo. Segundo a Polícia Civil (PC), o crime foi confessado por um dos envolvidos, que afirmou ter enforcado Adriana com o cadarço para roubar o carro, escolhido aleatoriamente, sem mais “justificativas”, o que indignou internautas e familiares.

“A violência venceu desta vez! A família e os amigos mais próximos estão todos chocados com tamanha brutalidade e falta de segurança”, disse um dos enteados de Adriana, Daniel Lacerda, de 23 anos. Ela tem um filho de 12 e mais três enteados.

Com amigos, na porta da delegacia, Lacerda desabafava: “Matou minha mulher por causa de um carro velho”. O Ford Focus sedan, de 2003, era do instrutor, e ficou com a mulher para que ela não voltasse tarde de ônibus. Naquela sexta-feira, Adriana fez hora extra, pois costuma sair às 18h, para pegar a cesta básica oferecida pela empresa. Ia fazer uma semana que ela começou a trabalhar na loja em Contagem, onde morava com o instrutor – ela atuava na filial do Belvedere, na capital.

Lacerda passou o sábado em busca da vendedora, com quem estava há seis anos. Ele pegou uma moto com amigos e rodou em vários lugares. Publicou nas redes sociais o sumiço de Adriana, compartilhado milhares de vezes.

Nesse domingo, sua aparência abatida e os olhos inchados demonstravam a decepção de não ter encontrado a mulher viva. “O que ia me aliviar era saber que Adriana está viva”, disse Lacerda.

O crime

Após investigar o desaparecimento e o roubo do carro, a PC concluirá o inquérito como latrocínio – roubo seguido de morte – em até dez dias. Três jovens, de 25, 18 e 19 anos e um menor, de 15 anos, participaram do crime e serão indiciados, mesmo que apenas um tenha confessado, conforme a PC.

Após o crime, um deles levou o carro a uma oficina para instalar um som, e então os policiais localizaram os outros três, incluindo o menor, anteontem. O de 19 anos estava foragido até o fechamento desta edição.

Família questiona segurança

O assassinato da vendedora deixou preocupados clientes da loja Leroy Merlin e do Itaú Power Shopping, ao lado, que usa o mesmo estacionamento. O marido da vítima, Marcelo Lacerda, pretende processar os responsáveis. “Eles tinham que cuidar da segurança dos funcionários. A pessoa sai do shopping e é sequestrada? Tinha que ter um filho de Deus olhando lá. Para que tem cancela e cobra estacionamento, se não serve para nada?”, questionou.

Frequentador do shopping, o vendedor de carros Felipe Martins, de 26 anos, disse que costuma ver seguranças rodando pelo local, mas acredita não ser o suficiente. “Depois disso, poderia aumentar o número de pessoas que cuidam da segurança”, sugeriu.

O Itaú lamentou o sequestro e esclareceu que a gestão do estacionamento externo, onde a vítima foi abordada, não é de responsabilidade deles. “Cabe ao shopping gerenciar a segurança no espaço interno do mall e também no estacionamento coberto”, informou o centro de compras, em nota.

A reportagem tentou contato com a Estaciotec, responsável pelo estacionamento, mas foi informada por um funcionário que ninguém comentaria o caso e todas as informações haviam sido passadas para a polícia. A Leroy Merlin não foi encontrada por e-mail nem celular da assessoria de imprensa.  (Com Carolina Caetano)

O circuito de câmeras do estacionamento do shopping registrou a ação.

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Atualizada às 18h36