Profissão

Forte concorrência no Cefet e Coltec exige muito dos alunos

Estudantes se empenham ao máximo para ingressar em cursos técnicos que vão 'facilitar' o futuro

Por Aline Diniz
Publicado em 26 de março de 2018 | 03:00
 
 
Futuro. Escolha pelo curso tem relação com a área de interesse do aluno e com o mercado de trabalho Foto: MARIELA GUIMARÃES

A possibilidade de cursar um ensino médio gratuito de qualidade e ainda sair da escola com uma profissão são os principais fatores que levam muitos alunos mineiros a se empenharem para ingressar, após o nono ano, no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) ou no Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (Coltec). Nessas instituições, além do ensino médio regular, os alunos ainda fazem os chamados “cursos técnicos”. A concorrência, porém, é grande. Há anos, o número de candidatos por vaga é alto, e os estudantes começam a se preparar desde o início do ano.

No Coltec, segundo sua assessoria de imprensa, o índice de candidatos por vaga varia entre 30 e 35, dependendo da especialização. No Cefet, o cenário não é diferente. Na última seleção para a unidade da capital mineira, o número de alunos disputando uma vaga variou entre 11 (edificações) e 24 (química).

A escolha pela especialização no Cefet e no Coltec tem relação com a área de interesse do aluno e com o mercado de trabalho. Na última seleção do Cefet, os estudantes procuraram mais o curso técnico de química. Conforme a nota do centro, ele é base de várias áreas de atuação, como medicina, odontologia, farmácia e veterinária. “Química tem se firmado nessa posição por vários anos por conta dessa abrangência e de possibilidades de atuação”, diz a nota.

Já no Coltec, os alunos se interessaram mais pelo curso de análises clínicas no último certame. “Em 2018, a busca pelo curso de análises clínicas foi um pouco maior. Em geral, o mercado dita a demanda. Um curso que tem muita procura é o desenvolvimento de sistemas”, informou a nota da instituição de ensino.

Além dos centros de ensino federal, os alunos podem optar também por estudar em instituições privadas que oferecem o ensino médio concomitante ao técnico. Mesmo com a proliferação desse tipo de oferta, porém, não houve queda na procura pelos institutos gratuitos, conforme as assessorias de imprensa. “Todos eles (cursos) têm muita procura, pois são áreas em que se consegue emprego”, explica o diretor do Coltec, professor Márcio Fantini.

Esforço. A estudante Gabriela Andrade Medeiros, 14, se preparou durante o último ano para iniciar em 2018 sua trajetória no Coltec. Ela escolheu justamente o curso mais concorrido: análises clínicas. A adolescente pretende graduar-se em farmácia ou biomedicina e considera que a especialização vai lhe dar base para a faculdade.

Gabriela foi aprovada também no Cefet, mas considerou que estudar dentro da UFMG seria mais interessante para seus objetivos de vida. “Os alunos do Coltec têm algumas das vantagens dos alunos da universidade, como cursos de línguas”, explica.

Além da escola, a adolescente frequentou um cursinho preparatório três vezes por semana. “Coloquei na minha cabeça que uma das vagas seria minha. Faltei no máximo duas vezes ao cursinho e cheguei a ficar noites estudando”, conta.

 

Metade quer ensino médio de qualidade

Pelo menos 50% dos alunos que procuram os centros de ensino concomitante (ensino médio junto com o profissionalizante) estão em busca de uma formação de qualidade e gratuita. A avaliação é do professor de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jorge Alexandre Neves. “Os cursos concomitantes continuam sendo muito procurados porque eles são ofertados em instituições de ensino de alta qualidade. Muitos alunos vão para esses centros por causa do ensino médio e com objetivo de entrar na universidade”, considera.

Os estudantes que costumam seguir a carreira da especialização são, geralmente, aqueles que entram nas vagas de cotistas. “Depois do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), há cursos à noite nas universidades, e os alunos podem trabalhar ao terminar a especialização”.

Estudante e instituição

Perfil. O Coltec informou que os alunos que querem ingressar na instituição precisam ter alto desempenho, buscar atuar na área de interesse e querer prosseguir nos estudos.

Áreas. Já o Cefet informou que não existe determinação específica sobre o perfil do candidato. É desejável, no entanto, que os estudantes queiram ingressar nas áreas de ciências exatas ou biológicas.

Seleção. Tanto no Coltec quanto no Cefet a seleção é no fim do ano. As datas de inscrição devem ser acompanhadas pelos sites.