Investigação concluída

Homem que matou e esquartejou a mãe em Santa Luzia é indiciado por homicídio

Ele colocou partes do corpo da vítima em sacolas e malas, e abandonou em avenida da cidade; ele também foi indiciado por ocultação de cadáver

Por Raquel Penaforte
Publicado em 11 de setembro de 2020 | 12:41
 
 
Homem foi indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver Foto: Uarlen Valério/O TEMPO

Desavenças familiares e o desejo de vingança podem ter sido os motivos que levaram um homem de 30 anos a cometer o assassinato da própria mãe, de 52 anos, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, em julho deste ano. As investigações sobre o esquartejamento e ocultação do corpo da mulher foram concluídas pela Polícia Civil nesta sexta-feira (11). Além de matar, o acusado também descartou partes do corpo da mulher, armazenados em malas e sacolas, em uma avenida da cidade.

"Concluímos que, pelas lesões, ele agrediu a mãe antes de cometer o assassinato. Ao que tudo indica, ela estava dormindo e que não teve chances de defesa", explicou a delegada Adriana das Neves Rosa, da Delegacia de Homicídios da cidade. 

O homem foi indiciado por homicídio duplamente qualificado - feminicidio, por motivo torpe e por não permitir a defesa da vítima - e ocultação de cadáver.

"Através de diligências, conseguimos chegar ao suspeito, e constamos que o homicídio ocorreu dentro da casa da mulher. O marido dele estava viajando a trabalho na época do fato. Havia manchas de sangue no colchão e outros vestígios que identificavam o crime. Constatamos também que não houve participação de terceiros", complementou. 

Ainda de acordo com a delegada, a polícia solicitou exame de sanidade mental. O laudo apontou que o homem é inimputável por ter agido sem consciência dos fatos. Apesar disso, ele pode ser responsabilizado pelo crime. "O que muda é a aplicação da pena. Como ele não tem capacidade de conviver em sociedade, se houver condenação, ao invés de uma pena de privação de liberdade, será aplicada uma medida de segurança, e isso pode ser perpétuo", informou.

Motivação para o crime bárbaro

Apesar de ter tido discussões no dia do fato, a polícia informou que a relação com a mãe era muito conturbada. 

"Ele culpava a mãe por ter sido agredido há cinco anos, em uma briga na ocupação Rosa Leão. Além disso, recentemente, ele foi banido pelo pastor da igreja que frequentava de ocupar um cargo, pois foi descoberto que ele tinha envolvimento com drogas", explicou a delegada. "Pelas brigas, a mãe e o padrasto alugaram uma outra casa, mas ele frequentava a residência diariamente", acrescentou.

Crime cuidadoso

Chamou a atenção da equipe policial o cuidado e frieza com que o homem agiu. "Ele teve o cuidado de lavar as partes do corpo e embalar para não ter vazamento de sangue e cheiro que pudessem levantar suspeitas", detalhou a delegada.

"Na casa dele, localizamos vários livros religiosos e um caderno com estudos bíblicos. Um trecho que chamou a atenção foi um que se referia a um sacrifício de animais para a expiação dos pecados. Ele agiu de forma semelhante: esquartejamento pelas juntas, retirada de vísceras e gordura de partes específicas e lavagem em água corrente", detalhou.

Relembre o caso

As investigações começaram no momento em que duas testemunhas visualizaram um carro depositando malas e sacolas em via pública, no dia 24 de julho. O suspeito foi preso no dia seguinte.

"Uma delas identificou pedaços de carne dentro delas, e ao chamar um amigo para analisar o material, contataram ser material humano", afirmou.

No local do despejo, a polícia averiguou câmeras de segurança que ajudaram a localizar o acusado. Nas malas também haviam indícios que ajudaram a identificar a vítima e o filho.

"Na sequência do crime, pela manhã, o homem seguiu a rotina normal. Teve até uma consulta com psicóloga", acrescentou.

A cabeça e algumas vísceras foram as primeiras as serem descartadas, segundo as investigações. Ele contratou um carreto para fazer o descarte do restante do corpo. A polícia concluiu que o homem agiu sozinho e por isso, a pessoa que fez o carreto não foi indiciada.