MORRO DO CACHIMBO

Incêndio na Serra do Rola-Moça é criminoso e já passa de 24 horas

A causa do incêndio é criminosa; só este ano, já foram constatados 75 focos de fogo no parque, todos de origem criminosa

Por JULIANA BAETA
Publicado em 05 de agosto de 2014 | 11:55
 
 
Tempo seco favorece o surgimento de queimadas LINCON ZARBIETTI / O TEMPO

Já passa de 24 horas o incêndio de grandes proporções que tomou conta de parte do Parque da Serra do Rola-Moça, no bairro Pongelupe, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. O fogo começou por volta de 11h dessa segunda-feira (4) e continua nesta terça-feira (5). Os esforços dos bombeiros se concentram no Morro do Cachimbo, perto da chamada estrada Serra Bela.

A área total do parque é de 4.006 hectares e só será possível estimar a área queimada e o prejuízo causado após o incêndio ser totalmente debelado. Segundo o gerente técnico do parque Marcos Vinícius de Freitas, após as chamas serem controladas, equipes irão sobrevoar a área com GPS para precisar quantos hectares foram destruídos. 

Ainda segundo Freitas, o incêndio foi criminoso, assim como os 75 focos ocorridos no local desde o início do ano. “Como a unidade de preservação fica muito próxima a área urbana, é comum algumas pessoas entrarem aqui, queimarem lixo ou outras coisas. Mesmo com a área toda cercada, mesmo com a legislação que proíbe essa prática, mesmo com nossas campanhas educativas de conscientização, mesmo comas orientações, esses focos de incêndio continuam acontecendo”, disse. 

Nesta terça os trabalhos começaram às 4h, e demandam 78 homens, entre bombeiros e brigadistas, além do empenho de dois helicópteros e sete viaturas da corporação. Já nessa segunda, a equipe encerrou o trabalho por volta de 19h, quando o incêndio já havia sido controlado nas áreas do bairro Olhos D´Água e Mutuca.

De acordo com o Instituto Tempo Clima PUC Minas, o tempo seco favorece a ocorrência de queimadas e a propagação mais rápida do fogo. Apenas nestes cinco primeiros dias de agosto já foram registrados 108 focos de incêndio em Minas Gerais.

E a umidade relativa do ar deve continuar em baixa esta semana, ainda segundo o instituto. Os dias serão de sol e céu claro, com umidade abaixo dos 30%, como ocorre nesta terça-feira. O índice ideal de umidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde é acima de 60%. Abaixo dos 30%, o estado é de atenção. Já entre 19% e 12% a situação é de alerta e, abaixo disso, o estado é de emergência.

Reincidência

Em junho deste ano outros dois incêndios de grandes proporções atingiram o parque, sendo que na época foram destruídos cerca de 73 mil m², mais de 6 hectares da vegetação. No primeiro deles, ocorrido no dia 16, as chamas tiveram início também no Morro do Cachimbo, sendo que o problema foi detectado pelas câmeras de monitoramento do local.

Neste incêndio participaram dos trabalhos 18 militares do Corpo de Bombeiros e brigadistas do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Além disso duas aeronaves e um helicóptero auxiliaram os trabalhos. Não houve vítimas, mas 63 mil m² foram perdidos.

Já no dia 21 de junho as chamas voltaram a destruir parte do parque. Um incêndio consumiu cerca de 10 mil m² da vegetação. Desta vez, os primeiros focos do incêndio tiveram na vegetação próxima à rua Geraldo Dias, no bairro Solar, também região do Barreiro, em Belo Horizonte. Dois caminhões com água e um helicóptero foram utilizados para apagar as chamas após cerca de quatro horas de trabalho.

O parque do Rola-Moça recebeu investimentos de R$ 300 mil em setembro de 2012 para a instalação de quatro câmeras a 15 metros de altura, em pontos estratégicos do parque, além de uma central de monitoramento. As câmeras têm rotação de 360 graus e zoom ótico capaz de aumentar a imagem em até 36 vezes. As imagens serão transmitidas por uma rede de rádio de alta capacidade.

Atualizada às 13h16.