CIDADES

Intercâmbio ajuda no amadurecimento

Segundo psicóloga, estudo no exterior permite aos estudantes que se conheçam melhor e se tornem responsáveis.

Por CAROLINA COUTINHO
Publicado em 23 de março de 2007 | 00:02
 
 

Aprender um idioma estrangeiro no país de origem dessa língua é, geralmente, o principal motivo que leva um jovem estudante brasileiro a ingressar em um programa de intercâmbio cultural.

Mas, depois de vivenciarem tal experiência, intercambistas relatam vários outros fatores que fazem valer a pena uma longa viagem a um lugar desconhecido. A psicóloga Ana Maria Etrusco trabalha diariamente na orientação prévia de estudantes brasileiros que ingressam em um programa de intercâmbio cultural.

Segundo a psicóloga, estudar em um país estrangeiro acrescenta muito na vida do ser humano, além de ser uma ótima oportunidade para a pessoa conhecer a si mesmo. "Lá fora você está longe dos pais e dos amigos, é mais fácil você se descobrir", afirmou Ana Maria.

Responsabilidade
Outros fatores positivos, na visão da psicóloga, é o amadurecimento do jovem intercambista. De acordo com Ana Maria, o fato de o estudante estar sozinho em um país estranho exige mais maturidade, mais esforço e mais responsabilidade dele mesmo.

"Com todos esses ganhos, o jovem entra mais seguro na fase adulta da vida. Eles passam a entender melhor as diferenças culturais do mundo e com isso também passam a respeitar mais o próximo", disse Ana Maria.

Alemanha
Depois de um ano na Alemanha, a estudante universitária Glaucimara Josélia Silva, 23, sente-se mais preparada para encarar a vida no Brasil. Ela viajou de intercâmbio em julho de 2005 e contou que voltou com outra visão de mundo.

"Quebrei com o preconceito de que os europeus são frios. Morei na casa de uma família alemã que me ensinou muitas coisas legais", disse. O maior ganho, na visão de Glaucimara, foram os valores aprendidos com os europeus. Segundo ela, eles são mais organizados e mais engajados ecologicamente que os brasileiros.

"Tento aplicar tudo o que aprendi na Alemanha na minha vida no Brasil", afirmou a universitária. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, de 2003 a 2006, 1.130 alunos do ensino médio pediram equivalência de estudos, o que significa que, em algum momento, estudaram fora do país.

Cursos de seis meses custam de R$ 12 mil a R$ 15 mil

O custo médio de um programa de intercâmbio para os Estados Unidos com duração de cerca de seis meses varia de R$ 12 mil a R$ 15 mil, de acordo com a diretora da agência de intercâmbio World Study Minas Gerais, Gabriela Salles. O alto custo, no entanto, não foi empecilho para o estudante Rodrigo Altair Morato, 19.

Filho de pedreiro e de dona de casa, ele se classificou em primeiro lugar no concurso da World Study e ganhou uma bolsa de estudos na cidade de Gladstone, em Oregon, nos Estados Unidos, onde ficou um ano.

"Até hoje, esse intercâmbio foi a coisa mais importante que fiz na vida", disse Rodrigo, hoje estudante universitário de relações internacionais. Para ele, que não sabia nada de inglês antes de viajar, o começo do programa foi muito difícil.

"Eles (norte-americanos) foram muito receptivos, diferente da imagem que eu tinha deles", contou. Muito além do aprendizado do idioma, Rodrigo disse que conhecer outros estilos de vida e cultura foi o mais válido de todo o intercâmbio.

"A melhor parte do programa foi conviver com pessoas de mentalidade diferente. Pude trocar experiências e valores", afirmou.

Sonho
A estudante do segundo ano do ensino médio Juliana Tostes Guimarães, 16, luta por uma oportunidade de sair do Brasil. Ela participará amanhã do processo seletivo da 12ª edição do Concurso de Bolsas de Estudos da World Study, que exige provas de conhecimentos gerais, redação e inglês.

"Estou tranquila pois acho que vou conseguir uma das bolsas " quatro estão sendo oferecidas, uma integral e três parciais (uma com 40% de desconto e duas com 30%). Fazer intercâmbio é o que eu mais quero na vida", afirmou.