VIGÍLIA

Mais de 300 pessoas se reúnem em homenagem às vítimas de Orlando em BH

Integrantes do ato também promoveram reflexão sobre a violência contra a comunidade LGBT no Brasil e discussão sobre a identidade de gênero no Plano Estadual de Educação (PEE) de Minas Gerais

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 14 de junho de 2016 | 20:53
 
 
Vigília na praça da Assembleia reuniu estudantes, ativistas e empresários LEO FONTES / O TEMPO

Carregando velas, cartazes e bandeiras nas cores LGBT, mais de 300 pessoas se reuniram na noite desta terça-feira (14) na praça da Assembleia, no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte, para uma vigília em memória das vítimas do ataque a boate Pulse, em Orlando, na Flórida, que matou 50 e feriu 53 no último domingo (12).

“Nosso objetivo é mostrar que por trás desse massacre existe uma manifestação de ódio contra a comunidade LGBT. Queremos chamar a atenção para isso como foi feito em outras partes do mundo”, destacou Francis Vaz, de 33 anos, um dos organizadores da vigília.

“Se a gente não fizer um ato como esse, acontecimentos como o de Orlando passam batido. Acho muito importante esse ativismo”, disse a estudante transexual Jocosa Aguiar, 17.

Identificado como Omar Mateen, 29, o homem responsável pelos tiros na boate Pulse é filho de afegãos e, segundo a polícia americana, tinha simpatia pelo Estado Islâmico. O atirador, munido com pelo menos um fuzil e uma pistola, morreu após troca de tiros com a equipe da Swat.

Foi um dos maiores ataques nos Estados Unidos só perdendo para o 11 de setembro de 2001, quando aviões se chocaram contra as Torres Gêmeas de Nova York. De acordo com o FBI, o atirador estava organizado e bem preparado para cometer o crime.

Violência no país

Para o professor Roberto Reis, 41, o ato também tem o objetivo de promover uma reflexão sobre a violência contra a comunidade LGBT no Brasil. “Infelizmente, nosso país é considerado o que mais mata travestis e transexuais no mundo. Devemos pensar em como lidar com a violência no dia a dia e devemos propor mudanças. O amor deve vencer o ódio”, observou.

Discussão sobre gênero

A escolha do local para a vigília é considerada simbólica para os participantes. A partir desta quarta-feira (15), os deputados estaduais e representantes de entidades públicas e movimentos sociais participarão de um fórum na Assembleia de Minas Gerais (ALMG) com o intuito de discutir e elaborar um documento com o que a sociedade espera para a área de educação pública nos próximos dez anos. Para Francis Vaz, a discussão sobre a identidade de gênero nas escolas deve ser uma das diretrizes desse novo plano.

“Os planos de educação em todo o Brasil são alvos de um movimento reacionário com relação às políticas de gênero. Em Minas Gerais esse esforço também tem sido feito por parte da sociedade para impedir e censurar essa discussão nas escolas”, ponderou. “Só a partir do debate desse tema é que vamos evitar o discurso de ódio e intolerância. É por uma cultura do respeito e pela igualdade de direitos”, completou Vaz.

Já Roberto Reis acredita que fomentar a discussão sobre gênero no ensino público é a medida que mais contribuirá para acabar com a violência. “A gente entende que essa discussão na escola é a maneira mais eficaz de combater o preconceito e a violência. Discutir gênero é uma medida de cidadania”.

O fórum na ALMG acontecerá até a próxima sexta (16). O novo Plano Estadual de Educação (PEE) vai substituir o último aprovado em 2011, com vigência até 2020. Sua elaboração foi necessária por força da Lei Federal 13.005, de 2014, que contém o  Plano Nacional de Educação (PNE). Essa lei prevê, em seu artigo 8º, que Estados, Distrito Federal e municípios são obrigados a elaborar planos correspondentes ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas nacionalmente.