Paralisação

Manifestantes já começam a tomar conta da praça da Estação

Com baterias, balões, cartazes e faixas, centenas já protestam contra a reforma da Previdência

Por José Vítor Camilo
Publicado em 15 de março de 2017 | 10:14
 
 

Pouco antes do horário do início da manifestação desta quarta-feira (15), marcada para começar às 10h, a praça da Estação, no Centro de Belo Horizonte, começa a ser tomada por manifestantes. Com baterias, balões, cartazes e faixas, centenas já protestam contra a reforma da Previdência. Ainda não há uma previsão de quando o grupo sairá pelas ruas da capital. 

Pelo chão da praça, foram espalhadas cruzes e lápides que simbolizam o descompasso no tempo da aposentaria caso a medida seja aprovada. Entre os presentes estão professores estaduais, municipais, federais e até de escolas particulares, metroviários, agentes dos Correios, entre outras categorias. 

A professora da rede estadual Ângela Costa, 46 anos, disse que a reforma pretende escravizar o trabalhador, o povo, novamente. "É mais um golpe sobre direitos duramente conquistados, com o objetivo de enriquecer os banqueiros, que são os donos da previdência privada. Não existe rombo da previdência. Imagine forçar um gari a correr atrás do caminhão de lixo até os 65 anos! Ou um carteiro!", defendeu. 

Márcia Resende, de 37 anos, também é professora estadual e marcou presença no ato. "Nós,  professores, não estamos aqui para defender privilégios, como aposentadoria especial. Estamos aqui para defender todos os trabalhadores, lutando para que os direitos de todos sejam resguardados".

O assistente social Jonathan Jaumont, 31 anos, levou a filhinha América, de 2 anos, para a manifestação. "A creche dela fechou para que todos pudéssemos vir para cá. Vieram os professores, as crianças e os pais. Para além das leis danosas para o povo trabalhador que eles estão tentando emplacar, isto aqui é uma demonstração de que este governo ilegítimo não tem apoio das ruas", argumentou.

Os servidores da educação municipal de Belo Horizonte fizeram uma assembleia no início da manhã na praça Afonso Arinos, no Centro de Belo Horizonte. Eles debateram as propostas da reforma e, agora, seguem para a praça Sete, onde se juntam aos demais manifestantes que sobem da praça da Estação. 

Confira o vídeo feito pelo repórter Lucas Ragazzi no local: 

Diversas escolas e centros de saúde da capital amanheceram fechados neste Dia Nacional de Paralisação e Mobilização. A Escola Municipal Mário Werneck (Umei Santa Maria) está fechada, no bairro Camargos, na região Oeste de Belo Horizonte. No portão, um recado da escola informa: "Amanhã (hoje, quarta-feira, 15) não poderemos estar na escola. Sentiremos falta das brincadeiras e do riso de nossas crianças. Mas temos que ir a luta por nossos direitos, pelos seus e o de nossas crianças".

Diante da notícia de que a Justiça havia determinado que uma escala mínima do metrô nos horários de pico fosse cumprida nesta quarta, um grande número de usuários não acreditou que a categoria paralisaria e acabou se deparando com os portões fechados nas estações. No Eldorado, em Contagem, região metropolitana de BH, a reportagem de O TEMPO conversou com vários passageiros pegos de surpresa pela greve. 

"Achei que poderia estar funcionando (metrô) em menor escala. Trabalho em Venda Nova e nunca fui de ônibus. Estou com medo de ir e os coletivos pararem também. Medo de não ter como voltar.  Mas sou contra a reforma, já estou procurando mesmo parar de trabalhar", falou o encarregado de obra Jaime Gomes da Silva, 61.    

O dia já começou com congestionamentos pelas vias de Belo Horizonte e região metropolitana. Dados divulgados pela Maplink, empresa especializada em geolocalização, mostram que às 7h50 a capital já registrava cerca de 81 km de congestionamentos. Somente após 9h a fila de veículos começou a diminuir, caindo para cerca de 67 km às 9h30.

Atualizada às 11h47