Planejamento

‘Mapa das Declividades’ pode ajudar na mobilidade de BH

Projeto da UFMG criado a pedido da BHTrans mapeou morros da capital

Por Bárbara Ferreira
Publicado em 06 de julho de 2016 | 03:00
 
 
4 de julho de 2016 :: Irmão de Bruno, Rodrigo, diz que sabe onde está o corpo de Eliza Samudio. Polícia Civil diz que é inviável fazer buscas com as informações fornecidas por ele Foto: FELIPE O'NEILL/Agência O DIA/AE - 14.10.2009

Permitir que ciclistas, deficientes físicos e pedestres possam atravessar Belo Horizonte sem o empecilho dos morros é um dos objetivos do “Mapa das Declividades”, desenvolvido e apresentado nessa terça-feira (5) pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A nova ferramenta foi criada para auxiliar as políticas de mobilidade e acessibilidade da capital, bem como o planejamento da cidade no futuro. Disponível tanto para o público em geral quanto para a prefeitura, o material poderá ajudar, inclusive, no desenvolvimento do Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PlanMob), que passa por uma revisão.

O trabalho foi feito por meio de um projeto de extensão, a pedido da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). “Podemos usar isso para a instalação da malha de ciclovias, podemos remodelar os pontos de ônibus para facilitar o acesso de cadeirantes, considerar o declive ao instalar novos trajetos de transporte público, entre várias outras utilidades”, detalhou o diretor de planejamento da BHTrans, Odirley Santos.

Durante a apresentação do material, foi usado como exemplo o chamado tobogã da Contorno, na região Centro-Sul, que em seu ponto máximo tem uma declividade de 26%, um dos maiores índices de BH. Quando observa-se o mapa da cidade, são poucos os pontos que atingem esse número, o que indica ser possível planejar rotas acessíveis.

Inovação. O mapa foi desenvolvido pelo professor da UFMG, Rodrigo Nobrega, especialista em geoprocessamento. Segundo ele, poucas capitais têm um estudo tão detalhado como esse. O professor destaca que a capital tem muitos pontos de declive, mas com o mapa poderá ser traçada uma rota até mesmo para o pedestre e o ciclista, seguindo a premissa do menor esforço. Ou seja, ainda que ele tenha que caminhar um pouco mais para chegar a seu destino, o caminho poderá ser escolhido pela ausência de morros.

Os dados serão disponibilizados e abertos ao público no início do segundo semestre. Assim, iniciativas da sociedade civil também poderão usar o mapa. “Se as pessoas quiserem criar um aplicativo, por exemplo, que trace as melhores rotas para ciclistas, poderão usar o mapa”, concluiu o professor. 

Exemplo

Uso. Rodrigo Nobrega compara BH com Lisboa, com muitos declives. Em Portugal, dados semelhantes são usados para ligar modais. Onde a bicicleta não chega, ela é
conectada com bondes.

Os dados de BH

Declividades:
- Média: 12,5% de rampa
- Tobogã da avenida do Contorno (uma das rampas mais conhecidas): até 26%
- Belo Horizonte tem 52 mil quarteirões transitáveis e 4,7 mil km de vias

Regras:
- Declividade máxima para travessia de pessoas com deficiência, segundo a ABNT: 8,33%
- Até 5% de declividade não é considerado rampa

Exemplos. O mapa pode ser usado no planejamento de ciclovias por trechos mais favoráveis e na escolha dos locais de pontos de ônibus para facilitar o embarque de cadeirantes.

Benefício será maior para cadeirantes

Durante a apresentação do “Mapa das Declividades”, que demorou cerca de dois meses para ficar pronto, os dois pontos mais destacados foram as melhorias que ele pode trazer aos ciclistas e às pessoas com deficiência física. É possível usá-lo para traçar rotas mais planas e também para desenhar pontos de travessia, embarque no transporte público e de acessibilidade em áreas que não haja tantos declives.

Para a auxiliar administrativa Luciana Fortunato, que é cadeirante, o ideal seria que os pontos de ônibus fossem instalados sempre em locais planos.

“Onde eu desembarco, na avenida Augusto de Lima, em frente ao Maletta, é um morro, e é difícil subir sozinha. Às vezes, acabamos recorrendo a outras opções de ônibus por causa do ponto”, relatou. “Eu consigo acessar locais com maior declive, mas sei que muitos cadeirantes não conseguem. Se todos os pontos fossem em locais planos, seria ótimo”, completou. (BF/Juliana Baeta)