Em BH

Médico de Carmo do Cajuru armou emboscada contra primo no Nova Suíssa

Vítima de 57 anos foi atingida por diversas facadas no pescoço enquanto conversava com o primo de 3º grau e o seu caseiro; suspeito alega que foi atacado pelo homem, que acabou caindo e se ferindo sozinho

Por Carolina Caetano
Publicado em 29 de maio de 2017 | 13:55
 
 
Dupla foi presa no último dia 22, mas foi apresentada à imprensa nesta segunda-feira (29) JOÃO GODINHO / O TEMPO

Um médico de Carmo do Cajuru, na região Centro-Oeste do Estado, e o caseiro do sítio em que ele morava foram presos acusados da tentativa de assassinato contra um primo do profissional da saúde por conta de uma dívida, em maio deste ano, no bairro Nova Suíssa, na região Oeste de Belo Horizonte. A dupla foi apresentada nesta segunda-feira (29) pela Polícia Civil (PC). 

A vítima, um consultor de gastronomia de 57 anos, vivia há mais de 15 anos no imóvel de seu primo de terceiro grau, pagando R$ 420 por mês de aluguel. Porém, segundo informações concedidas pela delegada Cinara Rocha, ele estaria devendo oito meses de aluguel. "No dia 16 de maio o médico de 57 anos e o caseiro, de 28, foram até a casa e, segundo o relato da vítima, eles estavam conversando normalmente, sem sequer falar da dívida e, quando ele se virou para pegar uma caderneta, foi atingido por uma facada no pescoço", conta a policial. 

O primeiro golpe fez um corte de 17 centímetros e derrubou o homem no chão, que logo em seguida foi atingido por pelo menos outras cinco facadas na região do pescoço. "Ele chegou a contar que o caseiro montou sobre ele e o médico ia dando as orientações sobre onde atingir para impedir a respiração, para matá-lo", lembrou Cinara. 

No lote onde o crime foi cometido vivem outras pessoas, que ouviram os gemidos do consultor de gastronomia e acabaram flagrando os suspeitos no local. O médico, que também é advogado, disse que não tinha relação com o ocorrido, pediu para chamarem o socorro e foi embora logo em seguida. Porém, mesmo bastante ferido, o homem conseguiu contar para os vizinhos que o primo e o caseiro teriam cometido o crime. 

A vítima foi levada para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e acabou transferido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, onde permaneceu internado por cinco dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ele ficou com parte do rosto paralisado e tem dificuldade para virar o pescoço após as facadas.

No dia 22 de maio a Justiça acatou os pedidos de prisão preventiva feitos pela PC e a corporação prendeu a dupla no sítio em Carmo do Cajuru. Médico e caseiro responderão por homicídio tentado qualificado, por motivo torpe e emboscada, que tem pena de 12 a 24 anos de prisão. Os dois não tinham antecedentes criminais.

 Médico alega que vítima caiu sobre a faca

Durante a apresentação, o médico conversou normalmente com a imprensa, negando qualquer relação com o ataque ao primo. "Vim buscar um colchão na casa da minha filha e passei no meu primo, que estava muito nervoso e pegou uma faca para me atacar, quando meu caseiro me defendeu. Mas ele mesmo caiu com a faca e provocou o corte", alegou aos jornalistas. 

A investigação concluiu que a faca usada no crime não era da casa da vítima, portanto, foi levada pelos suspeitos. Questionado sobre o porquê dele não ter ajudado o primo, mesmo sendo médico, o homem alegou que também é bacharel em direito e, por isso, sabia que não funcionaria ele ficar no local, já que poderia ser preso em flagrante. "Fui procurar um advogado em Divinópolis", disse. Já o caseiro informou que, na verdade, o médico tentou prestar socorro naquele momento. 

"Além disso, os levantamentos apontaram que esse médico, que atua em uma unidade básica de Carmo do Cajuru e também é ginecologista, já tinha tentado contratar um matador de aluguel em BH para matar a secretária de saúde do município e um empresário, que é irmão de uma vítima de erro médico dele. Ele ofereceu R$ 30 mil pela morte dos dois, mas a pessoa não aceitou", lembrou a delegada Cinara Rocha.