Medidas preventivas

Mirante das Mangabeiras também será fechado por risco de febre amarela

Além disso, o parque da Serra do Curral, que é uma continuação do parque das Mangabeiras, é outra unidade que ficará fechada a partir de agora

Por José Vítor Camilo
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 | 13:07
 
 
Além do parque das Mangabeiras, o mirante, um dos principais pontos turísticos da região, também será fechado DIVULGAÇÃO/SITE PBH

Após o anúncio do fechamento do parque das Mangabeiras, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, após o encontro de um macaco morto, a Fundação de Parques Municipais (FPM) anunciou nesta quinta-feira (23) que, como prevenção da febre amarela, o Mirante das Mangabeiras também precisará ser interditado, já que integra a área do parque. Além disso, o parque da Serra do Curral, que é uma continuação do parque das Mangabeiras, também ficará fechado a partir de agora.

O funcionamento da Tirolesa BH, instalada no mirante e que desce até o parque, já estava suspenso desde o dia 16 de janeiro, por outro motivo. A empresa responsável precisou fazer obras para a implantação de sinalizações de acordo com as exigências da Norma de Sistema do Comando da Aeronáutica.

O anúncio de que o parque das Mangabeiras precisaria ser fechado foi feito na noite desta quarta-feira (22) pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A medida atende uma recomendação da Gerência de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Em nota divulgada nesta quinta, a FPM informou que a pasta emitiu a sugestão de interdição após a constatação da segunda morte atípica de primata na área. 

"Quando da localização do primeiro animal, em final de janeiro, foram preventivamente suspensas as atividades do projeto “Férias no Parque” (que foi direcionado a outro local) e a exposição “Sentidos do Nascer” (encerrada antecipadamente), a fim de evitar grande fluxo de pessoas no Parque das Mangabeiras", garantiu a fundação. 

A morte do animal pela doença é um dos indicadores utilizados pela secretaria para constatar a circulação da enfermidade em uma determinada região e iniciar, assim, medidas de prevenção como a interdição do parque.

“Diante do achado de macaco morto no parque das Mangabeiras, em conjunto com as demais ocorrências de epizootia (conceito utilizado na veterinária para indicar uma enfermidade contagiosa que ataca um número inusitado de animais ao mesmo tempo e na mesma região) na cidade, a prefeitura não considera recomendável o afluxo de milhares de pessoas ao referido parque”, diz o relatório enviado pela SMSA.

Sem previsão de reabertura

Até o momento não há qualquer previsão de quando os parques poderão ser reabertos. De acordo com a nota técnica divulgada pela secretaria estadual, enquanto persistirem mortes atípicas de primatas não humanos em Belo Horizonte e a febre amarela ainda estiver em circulação em Minas Gerais, é recomendável que o local continue interditado.

Além do parque das Mangabeiras, a prefeitura fechou para visitação no dia 13 deste mês o parque Jacques Cousteau, no bairro Betânia, na região Oeste de Belo Horizonte, depois que um macaco foi encontrado morto no local. Naquela ocasião, o secretário de saúde Jackson Machado Pinto afirmou que o óbito do primata não significa que há um surto no local. Contudo, ele disse que a situação serviu de alerta para a administração municipal.

Na última sexta-feira, a SMSA informou que oito macacos encontrados mortos na capital tiveram exames recolhidos e enviados para análise laboratorial. Somente um caso, de um animal encontrado em uma residência no bairro Copacabana, em Venda Nova, recebeu confirmação para a doença até o momento. O primata não transmite a febre amarela, é hospedeiro como o ser humano. O Aedes aegypti é o vetor da febre amarela urbana, que não é registrada no Brasil desde 1942.

Vacinação no Barreiro

A região do Barreiro ganhou um posto extra de vacinação contra febre amarela. A unidade funciona no Centro de Referência em Saúde do Trabalho, de segunda a sexta-feira.

Outra unidade extra será criada em Venda Nova, ainda sem data definida. Já o posto extra montado no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) encerra as atividades nesta sexta.


Prudência

Especialista afirma que interdição é ação necessária

Esta é a primeira vez que o Parque das Mangabeiras, a maior área verde de Belo Horizonte, inaugurado em 1982, é interditado, segundo a Fundação de Parques Municipais. O mirante das Mangabeiras, entregue à administração da fundação em 2012, e o Parque da Serra do Curral, aberto em setembro de 2012, também nunca foram fechados. No entanto, de acordo com o infectologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, a medida é necessária.

“É necessário fazer os exames nesses macacos para saber se eles morreram, de fato, por febre amarela, porque muitas pessoas visitam o local desavisadas e, muitas vezes, não vacinadas. O fechamento dos parques é necessário e prudente”, avaliou.

Segundo ele, apesar de o macaco não transmitir a febre amarela, a morte de animais pela doença indica que o vírus está circulando no local. “Se um macaco morre por febre amarela, significa que existe um mosquito ali transmitindo a doença para os animais e, consequentemente, pode transmitir para os seres humanos também. O mais importante é que as pessoas procurem a vacinação”, esclareceu Starling.

Até o último dia 21, cerca de 390 mil pessoas haviam recebido a vacina contra a febre amarela na capital. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), mais de 70% da população adulta já se vacinou contra a doença e aproximadamente 98% da população com menos de 4 anos está imunizada. (Rafaela Mansur)